Por Leonardo Paixão (*)
“Todos os dias a experiência nos traz a confirmação de que as dificuldades e os desenganos, com que muitos topam na prática do Espiritismo, se originam da ignorância dos princípios desta ciência e feliz nos sentimos de haver podido comprovar que o nosso trabalho, feito com o objetivo de precaver os adeptos contra os escolhos de um noviciado, produziu frutos e que à leitura desta obra devem muitos o terem logrado evita-los.
Natural é, que entre os que se ocupam como Espiritismo, o desejo de poderem pôr-se em comunicação com os Espíritos. Esta obra se destina a lhes achanar o caminho, levando-os a tirar proveito dos nossos longos e laboriosos estudos, porquanto muito falsa ideia formaria aquele que pensasse bastar, para se considerar perito nesta matéria, saber colocar os dedos sobre uma mesa, a fim de fazê-la mover-se, ou segurar um lápis, a fim de escrever”
Allan Kardec, O Livro dos Médiuns - Introdução
A mediunidade é fenômeno que encontramos através dos registros históricos em todas as épocas e culturas da Humanidade.
A faculdade mediúnica está presente em todo ser humano e, por este fato, é que os fenômenos mediúnicos estão presentes em todas as idades do Mundo.
No entanto, a mediunidade tão perseguida por alguns e tão incompreendida por muitos, ganhou status de maioridade quando da publicação no ano de 1861, no mês de janeiro, de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.
No item 35 da Primeira Parte, capítulo III – Do Método, diz Allan Kardec ao aconselhar o método de estudo para a compreensão do Espiritismo: - O Livro dos Médiuns. Destina-se a guiar os que queiram entregar-se à prática das manifestações, dando-lhes conhecimento dos meios próprios para se comunicarem com os Espíritos. É um guia, tanto para os médiuns, como para os evocadores, e o complemento de O Livro dos Espíritos. Vemos assim que O Livro dos Médiuns é a continuação de O Livro dos Espíritos. O confrade Pedro Camilo, da Bahia, observa que da Obra da Codificação Kardequiana, só duas obras tiveram por título “O Livro” e são elas O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns.
Colocado isto é necessário refletir em algo óbvio: o subtítulo de O Livro dos Médiuns – Guia dos Médiuns e dos Evocadores. Muitos espíritas, e, infelizmente, temos visto dirigentes a agirem assim, consideram que O Livro dos Médiuns é para ser estudado apenas por médiuns e em reuniões de prática mediúnica, nada mais equivocado do que esse pensamento. Na Introdução, da qual citamos acima seus dois primeiros parágrafos, Kardec deixa claro que se dirige aos que se ocupam do Espiritismo e estes são todos os que simpatizam com a Doutrina Espírita, que estão frequentando as Casas Espíritas e os que já têm anos de caminhada na Doutrina. Em resumo, a obra é para todos os que desejam conhecer de modo seguro a forma de tratar diretamente com médiuns, mediunidade e Espíritos.
Muitas correntes espiritualistas há que trabalham com a mediunidade, porém, afirmamos com segurança, que nenhuma Filosofia, nenhuma Religião, nenhuma outra Doutrina, traz para a Humanidade os conceitos dignificantes e racionais com que nos deparamos nos postulados espíritas.
Aos espíritas, em geral, e aos trabalhadores da mediunidade como um todo, em especial nas fileiras do Espiritismo, é válido deixarmos aqui a lembrança das últimas palavras do lúcido Instrutor Espiritual Emmanuel, ao prefaciar o livro Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz, psicografia de Chico Xavier:
“Todavia o que destacamos por mais alto em suas páginas é a necessidade do Cristo no coração e na consciência, para que ão estejamos desorientados ao toque dos fenômenos.
Sem noção de responsabilidade, sem devoção à prática do bem, sem amor ao estudo e sem esforço perseverante em nosso próprio burilamento moral, é impraticável a peregrinação libertadora para os Cimos da Vida.
(...)
Cada médium com a sua mente.
Cada mente com os seus raios, personalizando observações e interpretações.
E, conforme os raios que arremessamos, erguer-se-nos-á o domicílio espiritual na onda de pensamentos a que nossas almas se afeiçoam.
Isso, em boa síntese, equivale ainda a repetir com Jesus:
- A cada qual segundo suas obras.
Emmanuel”
Para encerrar vamos colocar aqui orientações de uma médium experimentadíssima nas lides mediúnicas, Yvonne do Amaral Pereira:
“A prática da mediunidade é um compromisso sério assumido com a lei de Deus e a própria consciência, e por isso jamais alguém deverá desenvolver a sua faculdade mediúnica sem antes conhecer as regras necessárias ao bom êxito da iniciativa”.
(...)
“Daí a prudência e a vigilância aconselharem o candidato a fazer uma iniciação doutrinária prévia: conhecer as leis que regem o exercício da faculdade mediúnica e a sua finalidade; avaliar a delicadeza do compromisso que assume, as responsabilidades que as atividades que virá a exercer acarretarão e até mesmo os perigos que correrá, exposto às investidas dos Espíritos desencarnados menos bons ou sofredores”.
“(...) para que a mediunidade apresente bons frutos, servindo aos fins traçados pelas leis divinas, será necessário que o candidato a esse delicado posto adote a moral exposta nos Evangelhos”.
“A tarefa de médium, que poderá ser elevada ao grau de missão se ele souber conduzir-se como homem e como medianeiro, é o auxílio ao próximo, encarnado ou desencarnado, é fazer de sua faculdade fácil instrumento para os Espíritos se revelarem, instruindo os homens (os próprios obsessores e os suicidas instruem e muito lhes devemos, pois com eles aprendemos algo sobre obsessões e as consequências do suicídio), estabelecendo o intercâmbio educativo do alto para a Terra e assim colaborando para conduzir a humanidade à compreensão e ao cultivo da Verdade”.
“Não será, porém, apenas escrevendo belas páginas que o médium poderá aprimorar-se. A cura da obsessão, que recupera duas almas antagônicas, ou mais de duas, devolvendo-as ao caminho do Bem e da Justiça, é tão venerável, ou ainda mais, quanto o livro que reeduca o coração, fornecendo-lhe equilíbrio para a conquista do progresso, visto que através dos Evangelhos e da Codificação realizada por Allan Kardec o mesmo equilíbrio também poderá ser adquirido. Desde a prece humilde, elevada a Deus com amor, até ao mais retumbante fenômeno realizado pelos Espíritos, por seu intermédio, poderá o médium atingir a sublimação da própria faculdade, se bem compreender a responsabilidade assumida”.
“Que, pois, medite um pouco aquele que desejar desenvolver a própria faculdade, antes de se sentar à mesa dos trabalhos mediúnicos e de franquear as comportas do seu dom às forças ocultas da Natureza”.
(PEREIRA, Yvonne do Amaral. À Luz do Consolador. Rido de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1997. Pp 136 a 141 (Necessidade de Sublimação).
Também o espírito Camilo Castelo Branco pela médium Yvonne Pereira adverte:
“Homem! Irmão, que, como eu, descendes do mesmo Foco Glorioso de Luz! Alma imortal fadada a destinos excelsos no seio magnânimo da Eternidade! Apressa a marcha da tua evolução para o Alto nos caminhos do Conhecimento, reeducando o teu caráter aos fulgores do Evangelho do Cristo de Deus! Cultiva as tuas faculdades anímicas no silêncio augusto das meditações nobres e sinceras; esquece as vaidades depressoras; relega os prazeres mundanos que para nada aproveitam senão para excitar-te o sentidos em prejuízo das felizes expansões de ser divino que em ti palpita; alija para bem distante do teu coração o egoísmo fatal que te inferioriza no concerto das sociedades espirituais... pois tudo isso mais não é que escolhos terríveis a dificultarem tua ascensão para a Luz!... Rasga teu seio para a aquisição de virtudes ativas e deixa que teu coração se dilate para a comunhão com o Céu... Então as arestas do calvário terreno que palmilhas serão aliviadas e tudo parecerá mais suave e mais justo ao teu entendimento aclarado pela compreensão sublime da Verdade, pois terás dado abrigo em teu seio às forças do Bem que promanam do Supremo Amor de Deus!... E depois, quando te sentires afeito às renúncias; quando fores capaz das rígidas reservas necessárias ao verdadeiro iniciado das Ciências Redentoras; quando tiveres apartado o teu coração das ilusões efêmeras do mundo em que experimentas a sabedoria da Vida, e empolgada se sentir a tua alma imortal pelo santo ideal do Amor Divino – que teus dons mediúnicos se entreabram qual preciosa e cândida flor celeste, para a convivência ostensiva com o Mundo Invisível, despetalando aljôfares de caridade fraterna à passagem dos infelizes que não souberam a tempo se precatar, como tu, com as forças indestrutíveis que à alma fornece a Ciência Imarcescível do Evangelho do Cristo!”
Uma singela homenagem a O Livro dos Médiuns:
PÁGINAS DE LUZ
Há 150 anos, após exaustivas pesquisas, Allan Kardec dava a lume O Livro dos Médiuns (1), um trabalho de fôlego a reunir os mais diferentes tipos de fenômenos e as mais diversificadas formas de mediunidade.
Inteligência incomum, o Nobre Lionês observa que a mediunidade está dividida em duas grandes classificações: efeitos físicos e efeitos inteligentes. A sua observação irá ratificada por outros sábios que investigarão os fenômenos da psique humana. Na Metapsíquica, Ciência fundada pelo prêmio Nobel de Fisiologia, o Dr. Charles Richet, este classifica os fenômenos metapsíquicos em objetivos e subjetivos; os doutores Thouless e Wiesmer, designaram os fenômenos de Psi-Kapa (físicos) e Psi-Gama (mentais); Ernesto Bozzano, o sábio metapsiquista italiano, que escreveu proficuamente sobre os fenômenos paranormais, usou do método utilizado por Kardec e de maior segurança: o Controle Universal do Ensino dos Espíritos.
O Livro dos Médiuns ou Guia dos Evocadores, não é livro para enfeitar prateleiras ou ser aberto apenas em estudos especializados. Não, ele é fonte segura de orientação a todos os que desejam experimentar o contato com o Invisível. Nele as diretrizes para as reuniões saudáveis e para o aprendizado dos mistérios de além-túmulo.
Nenhum tratado de Metapsíquica ou de Parapsicologia que se lhe tenha superado, mesmo a propagada Transcomunicação Instrumental (TCI) encontra respostas em suas páginas de luz.
Animismo, Obsessão, casas mal-Assombradas, Poltergeist, Refutação aos Sistemas e modos outros de encarar o Espiritismo, está tudo lá com uma argumentação sólida baseada na razão e nos fatos.
Ler, reler, estudar e meditar este tratado de Fenomenologia Parapsíquica, é dever de todo espírita consciente da necessidade do estudo e de sua colaboração com a Vida Maior para o bom andamento do Consolador no seio do mundo.
A Allan Kardec o nosso respeito e a nossa veneração.
Kardec ontem, Kardec, hoje.
Alberto, guia do médium
(Página recebida no dia 28/07/2011 pelo médium Leonardo Paixão).
(*) - Leonardo Paixão é Orador espírita (que tem viajado por alguns Estados brasileiros, quando possível, na divulgação da Doutrina Espírita), articulista, poeta, tem críticas literárias publicadas no site orientacaoespirita.org e um artigo publicado em Reformador em Agosto de 2010, A Revelação - uma perspectiva histórica e tem escrito alguns artigos no jornal eletrônico O Rebate. Participa com um grupo de amigos de ideal do GE Semeadores da Paz em Campos dos Goytacazes, RJ, onde exerce direção de estudos e trabalhos na área mediúnica, atuando como médium psicofônico na desobsessão e como psicógrafo de mensagens esclarecedoras, poesias e cartas consoladoras.