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sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Nos Bastidores da Obsessão - Estudo

Estudo do livro Nos Bastidores da Obsessão, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco.


Examinando a Obsessão (Continuação)


Outros, ainda, afervorados a esta ou aquela iniquidade, fixam-se mentalmente, a desencarnados que efetivamente se identificam e fazem-se obsessores destes, amargurando-os e retendo-se às lembranças da vida física, em lamentável comunhão espiritual degradante...

Além dessas formas diversificadas de obsessão, outras há, inconscientes ou não, entre as quais, aquelas produzidas em nome do amor tiranizante aos que se demoram nos invólucros carnais, atormentados por aqueles que partiram em estado doloroso de perturbação e egocentrismo... ou entre encarnados que mantém conúbio mental infeliz e demorado”,

 

Comentário de Leonardo Paixão:

 

Vamos aqui exemplificar com um caso que o Espírito André Luiz nos relata no livro Nos domínios da Mediunidade, cap, 14 sobre um caso de obsessão de encarnado para desencarnado. Para isso transcreveremos algumas partes:

 

“O irmão Justino, diretor da instituição, re­cebeu o grupo, pedindo escusas por não lhe ser possível acompanhar os amigos no serviço. A razão era simples: a casa jazia repleta de psico­patas desencarnados e não poderia, dessa forma, deter-se naquele mo­mento. A desarmonia era efetivamente tão grande no hospital, que André ficou espantado. Como promover reajuste num meio atormentado como aquele? Aulus explicou: "Importa reconhecer que este pouso é um refú­gio para desesperados. Segundo a reação que apresentam, são conduzi­dos, de pronto, a estabelecimentos de recuperação positiva ou regres­sam às linhas de aflição de que procedem. Aqui apenas atravessam pe­queno estágio de recuperação". Num leito simples, Libório, de olhar esgazeado, mostrou-se indiferente à presença do grupo. Exibia o sem­blante dos loucos, quando transfigurados por ocultas flagelações. Exa­minando-o, Aulus informou: "O pensamento da irmã encarnada que o nosso amigo vampiriza está presente nele, atormentando-o. Acham-se ambos sintonizados na mesma onda. É um caso de perseguição recíproca. Os benefícios recolhidos no grupo estão agora eclipsados pelas sugestões arremessadas de longe". André observou que há muitos médiuns assim na Terra. Aliviados dos vexames que recebem por parte de entidades infe­riores, depressa reclamam-lhes a presença, religando-se a elas automa­ticamente, embora o propósito dos amigos espirituais de libertá-los. Enquanto não se modificam suas disposições espirituais, favorecendo a criação de novos pensamentos, jazem no regime da escravidão mútua, em que obsessores e obsidiados se nutrem das emanações uns dos outros. Libório estava mais angustiado e mais pálido; parecia que uma tempes­tade interior, pavorosa e incoercível, o empolgava. De fato. Em ins­tantes, sua esposa, desligada do corpo denso em momento do sono, apa­receu no recinto, reclamando, feroz: "Libório! Libório! por que te au­sentaste? Não me abandones! Regressemos para nossa casa! Atende, atende!..."

Hilário, deveras surpreso, reco­nheceu na­quela mulher a mesma pessoa que, momentos antes, rogara socor­ro à ins­tituição que frequentava... "Isso é o que ela julga que­rer – explicou Aulus –, entretanto, no íntimo, alimenta-se com os fluidos enfermiços do companheiro desencarnado e apega-se a ele, ins­tintivamente." "Milhares de pessoas são assim. Registram doenças de variados matizes e com elas se adaptam para mais segura acomodação com o menor esforço. Dizem-se prejudicadas e inquietas, todavia, quando se lhes subtrai a moléstia de que se fazem portadoras, sentem-se vazias e padecentes, provocando sintomas e impressões com que evocam as enfer­midades a se exprimirem, de novo, em diferentes manifestações, auxi­liando-as a cul­tivar a posição de vítimas, na qual se comprazem." O Assistente disse que tal fato acontece na maioria dos casos de obses­são, e é por esse motivo que, em muitas ocasiões, as dores maiores são chamadas a fun­cionar sobre as dores menores, com o objetivo de acordar as almas vi­ciadas nesse gênero de trocas inferiores. Nesse ponto, a esposa conse­guira abeirar-se mais intimamente de Libório, que passou a demonstrar visível satisfação, sorrindo à maneira de uma criança con­tente. Vendo, porém, Celina, a infeliz bradou, colérica: "Quem é esta mulher? dize! dize!..." Celina avançou para ela com simplicidade e im­plorou: "Minha irmã, acalme-se! Libório está fatigado, enfermo! Aju­demo-lo a repou­sar!..." A interlocutora não suportou o olhar doce e benigno da notá­vel médium e, longe de reconhecer Celina, tomada por forte ciúme, gri­tou para o enfermo palavras amargas, abandonando o re­cinto, em desaba­lada carreira. Libório ficou contrariado com o fato, mas Aulus apli­cou-lhe passes, restituindo-lhe a calma. Em seguida, o Assistente enal­teceu a grandeza da Bondade Divina, que aproveita até os nossos senti­mentos menos dignos em nossa própria defesa. O ciúme e o despeito da esposa encarnada, ao ver Celina junto do esposo, dar-lhe-iam tréguas valiosas, de vez que o grupo teria algum tempo para auxiliá-lo nas re­flexões necessárias. Hilário se disse surpreso com ver o serviço in­cessante por toda a parte, seja na vigília e no sono, na vida e na morte... Aulus respondeu-lhe, sorrindo: "Sim, a inércia é simplesmente ilusão e a preguiça é fuga que a Lei pune com as aflições da reta­guarda".

 

Estes pequenos trechos do cap. 14 da obra Nos Domínios da Mediunidade nos traz muitas reflexões sobre os casos de vampirismo e obsessão recíproca, isto é, do desencarnado para o encarnado e do encarnado para o desencarnado, ambos se obsedando. Lembremos a definição de obsessão que nos dá o Espírito Adolfo Bezerra de Menezes: “(...) a obsessão, de qualquer natureza, nada mais é que duas forças simpáticas que se chocam e se conjugam numa permuta de afinidades” (PEREIRA, Yvonne A. Dramas da Obsessão. Pelo Espírito Adolfo Bezerra de Menezes. 4, ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010, p. 29).

 

O Benfeitor Aulus esclarece sobre um pedido de ajuda ao Grupo Espírita, mas que, em não havendo esforço da irmã que a solicitou, os resultados alcançados na reunião mediúnica desaparecem. Observemos atentamente a fala do Benfeitor a respeito: "O pensamento da irmã encarnada que o nosso amigo vampiriza está presente nele, atormentando-o. Acham-se ambos sintonizados na mesma onda. É um caso de perseguição recíproca. Os benefícios recolhidos no grupo estão agora eclipsados pelas sugestões arremessadas de longe" (grifos nossos).

 

Quantos são os casos de pessoas que pedem socorro aos Grupos Espíritas e, por não realizarem o exercício de reforma moral, necessário a todos nós, modificando assim conceitos e por consequência os sentimentos com relação aos seus sofrimentos bem como confortando-se igualmente através da oração fervorosa ao Senhor, permanecendo então do mesmo jeito, acusam, em uma postura vitimista, de que ao pedirem ajuda a esta ou aquela instituição espírita, de nada adiantou e os seus sofrimentos até aumentaram por se lhes ter dado esperanças. É um caso clássico de vitimização que projeta no outro a causa de seus insucessos. E respondendo Aulus ao espanto de Hilário sobre como a irmã no texto aqui colocado como subsídio aos nossos estudos, pediu ajuda e em parcial liberdade através do sono do corpo físico, age completamente diferente do estado de vigília, alerta: "Milhares de pessoas são assim. Registram doenças de variados matizes e com elas se adaptam para mais segura acomodação com o menor esforço. Dizem-se prejudicadas e inquietas, todavia, quando se lhes subtrai a moléstia de que se fazem portadoras, sentem-se vazias e padecentes, provocando sintomas e impressões com que evocam as enfer­midades a se exprimirem, de novo, em diferentes manifestações, auxi­liando-as a cul­tivar a posição de vítimas, na qual se comprazem." (grifos nossos).