Estudo do livro Nos Bastidores da Obsessão, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco.
Examinando a Obsessão (Continuação)
“Outros, ainda,
afervorados a esta ou aquela iniquidade, fixam-se mentalmente, a desencarnados
que efetivamente se identificam e fazem-se obsessores destes, amargurando-os e
retendo-se às lembranças da vida física, em lamentável comunhão espiritual
degradante...
Além dessas formas
diversificadas de obsessão, outras há, inconscientes ou não, entre as quais,
aquelas produzidas em nome do amor tiranizante aos que se demoram nos
invólucros carnais, atormentados por aqueles que partiram em estado doloroso
de perturbação e egocentrismo... ou entre encarnados que mantém conúbio mental
infeliz e demorado”,
Comentário de Leonardo Paixão:
Vamos aqui exemplificar com um
caso que o Espírito André Luiz nos relata no livro Nos domínios da Mediunidade,
cap, 14 sobre um caso de obsessão de encarnado para desencarnado. Para isso
transcreveremos algumas partes:
“O irmão Justino, diretor da
instituição, recebeu o grupo, pedindo escusas por não lhe ser possível
acompanhar os amigos no serviço. A razão era simples: a casa jazia repleta de
psicopatas desencarnados e não poderia, dessa forma, deter-se naquele momento.
A desarmonia era efetivamente tão grande no hospital, que André ficou
espantado. Como promover reajuste num meio atormentado como aquele? Aulus
explicou: "Importa reconhecer que este pouso é um refúgio para
desesperados. Segundo a reação que apresentam, são conduzidos, de pronto, a
estabelecimentos de recuperação positiva ou regressam às linhas de aflição de
que procedem. Aqui apenas atravessam pequeno estágio de recuperação". Num
leito simples, Libório, de olhar esgazeado, mostrou-se indiferente à presença
do grupo. Exibia o semblante dos loucos, quando transfigurados por ocultas
flagelações. Examinando-o, Aulus informou: "O
pensamento da irmã encarnada que o nosso amigo vampiriza está presente nele,
atormentando-o. Acham-se ambos sintonizados na mesma onda. É um caso de
perseguição recíproca. Os benefícios recolhidos no grupo estão agora eclipsados
pelas sugestões arremessadas de longe". André observou que há muitos
médiuns assim na Terra. Aliviados dos vexames que recebem por parte de
entidades inferiores, depressa reclamam-lhes a presença, religando-se a elas
automaticamente, embora o propósito dos amigos espirituais de libertá-los.
Enquanto não se modificam suas disposições espirituais, favorecendo a criação
de novos pensamentos, jazem no regime da escravidão mútua, em que obsessores e
obsidiados se nutrem das emanações uns dos outros. Libório estava mais
angustiado e mais pálido; parecia que uma tempestade interior, pavorosa e
incoercível, o empolgava. De fato. Em instantes, sua esposa, desligada do
corpo denso em momento do sono, apareceu no recinto, reclamando, feroz:
"Libório! Libório! por que te ausentaste? Não me abandones! Regressemos
para nossa casa! Atende, atende!..."
Hilário, deveras surpreso,
reconheceu naquela mulher a mesma pessoa que, momentos antes, rogara socorro
à instituição que frequentava... "Isso é o que ela julga querer –
explicou Aulus –, entretanto, no íntimo, alimenta-se com os fluidos enfermiços
do companheiro desencarnado e apega-se a ele, instintivamente." "Milhares de pessoas são assim. Registram doenças de
variados matizes e com elas se adaptam para mais segura acomodação com o menor
esforço. Dizem-se prejudicadas e inquietas, todavia, quando se lhes subtrai a
moléstia de que se fazem portadoras, sentem-se vazias e padecentes, provocando
sintomas e impressões com que evocam as enfermidades a se exprimirem, de novo,
em diferentes manifestações, auxiliando-as a cultivar a posição de vítimas,
na qual se comprazem." O Assistente disse que tal fato acontece na
maioria dos casos de obsessão, e é por esse motivo que, em muitas ocasiões, as
dores maiores são chamadas a funcionar sobre as dores menores, com o objetivo
de acordar as almas viciadas nesse gênero de trocas inferiores. Nesse ponto, a
esposa conseguira abeirar-se mais intimamente de Libório, que passou a
demonstrar visível satisfação, sorrindo à maneira de uma criança contente.
Vendo, porém, Celina, a infeliz bradou, colérica: "Quem é esta mulher?
dize! dize!..." Celina avançou para ela com simplicidade e implorou:
"Minha irmã, acalme-se! Libório está fatigado, enfermo! Ajudemo-lo a
repousar!..." A interlocutora não suportou o olhar doce e benigno da notável
médium e, longe de reconhecer Celina, tomada por forte ciúme, gritou para o
enfermo palavras amargas, abandonando o recinto, em desabalada carreira.
Libório ficou contrariado com o fato, mas Aulus aplicou-lhe passes,
restituindo-lhe a calma. Em seguida, o Assistente enalteceu a grandeza da
Bondade Divina, que aproveita até os nossos sentimentos menos dignos em nossa
própria defesa. O ciúme e o despeito da esposa encarnada, ao ver Celina junto
do esposo, dar-lhe-iam tréguas valiosas, de vez que o grupo teria algum tempo
para auxiliá-lo nas reflexões necessárias. Hilário se disse surpreso com ver o
serviço incessante por toda a parte, seja na vigília e no sono, na vida e na
morte... Aulus respondeu-lhe, sorrindo: "Sim, a inércia é simplesmente
ilusão e a preguiça é fuga que a Lei pune com as aflições da retaguarda".
Estes pequenos trechos do cap.
14 da obra Nos Domínios da Mediunidade nos traz muitas reflexões sobre
os casos de vampirismo e obsessão recíproca, isto é, do desencarnado para o encarnado
e do encarnado para o desencarnado, ambos se obsedando. Lembremos a definição
de obsessão que nos dá o Espírito Adolfo Bezerra de Menezes: “(...) a obsessão,
de qualquer natureza, nada mais é que duas forças simpáticas que se chocam e se
conjugam numa permuta de afinidades” (PEREIRA, Yvonne A. Dramas da Obsessão.
Pelo Espírito Adolfo Bezerra de Menezes. 4, ed. Rio de Janeiro: Federação
Espírita Brasileira, 2010, p. 29).
O Benfeitor Aulus esclarece
sobre um pedido de ajuda ao Grupo Espírita, mas que, em não havendo esforço da
irmã que a solicitou, os resultados alcançados na reunião mediúnica desaparecem.
Observemos atentamente a fala do Benfeitor a respeito: "O pensamento da
irmã encarnada que o nosso amigo vampiriza está presente nele, atormentando-o.
Acham-se ambos sintonizados na mesma onda. É um caso de perseguição recíproca. Os
benefícios recolhidos no grupo estão agora eclipsados pelas sugestões
arremessadas de longe" (grifos nossos).
Quantos são os casos de
pessoas que pedem socorro aos Grupos Espíritas e, por não realizarem o exercício
de reforma moral, necessário a todos nós, modificando assim conceitos e por
consequência os sentimentos com relação aos seus sofrimentos bem como
confortando-se igualmente através da oração fervorosa ao Senhor, permanecendo
então do mesmo jeito, acusam, em uma postura vitimista, de que ao pedirem ajuda
a esta ou aquela instituição espírita, de nada adiantou e os seus sofrimentos até
aumentaram por se lhes ter dado esperanças. É um caso clássico de vitimização que
projeta no outro a causa de seus insucessos. E respondendo Aulus ao espanto de
Hilário sobre como a irmã no texto aqui colocado como subsídio aos nossos
estudos, pediu ajuda e em parcial liberdade através do sono do corpo físico,
age completamente diferente do estado de vigília, alerta: "Milhares de
pessoas são assim. Registram doenças de variados matizes e com elas se adaptam
para mais segura acomodação com o menor esforço. Dizem-se prejudicadas e
inquietas, todavia, quando se lhes subtrai a moléstia de que se fazem
portadoras, sentem-se vazias e padecentes, provocando sintomas e impressões com
que evocam as enfermidades a se exprimirem, de novo, em diferentes
manifestações, auxiliando-as a cultivar a posição de vítimas, na qual se
comprazem." (grifos nossos).
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