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segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Nos Bastidores da Obsessão - Estudo

Estudo do livro Nos Bastidores da Obsessão, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco.


Examinando a Obsessão (Continuação)


Obsessores, obsidiados!

A obsessão, sob qualquer modalidade que se apresente, é enfermidade de longo curso, exigindo terapia especializada de segura aplicação e de resultados que não se fazem sentir apressadamente.

Os tratamentos da obsessão, por conseguinte, são complexos, impondo alta dose de renúncia e abnegação àqueles que se oferecem e se dedicam a tal mister.

Uma força existe capaz de produzir resultados junto aos perseguidores encarnados ou desencarnados, conscientes ou inconscientes: a que se deriva da conduta moral. A princípio, o obsessor dela não se apercebe; no entanto, com o decorrer do tempo, os testemunhos de elevação moral que enseja, confirmando a nobreza da fé, que professa como servidor do Cristo, colimam por convencer o algoz da elevação de princípios de que se revestem os atos do seu doutrinador, terminando por deixar livre, muitas vezes, aquele a quem afligia. Além da exemplificação cristã, a oração consegue lenir as úlceras morais dos assistidos, conduzindo benesses de harmonia que apaziguam o desequilibrado, reacendendo nele a sede e a necessidade da paz.

 

Comentário de Leonardo Paixão:

 

A desobsessão é tarefa árdua que exige muita perseverança de quem a exerce nos agrupamentos espíritas e é exercício de amor incondicional, porque lida-se com Espíritos perversos, sejam estes desencarnados sejam estes encarnados.

Muitas pessoas, por desconhecimento dos processos desobsessivos, ao pedirem socorro para casos de obsessão sejam em si mesmas ou para terceiros, acha, que em uma sessão de desobsessão o seu caso será resolvido ou que bastará as orações dos membros da equipe mediúnica para resolver os seus problemas espirituais, voltando assim tudo rapidamente ao normal. Por isso, se faz de grande importância esclarecer aos assistidos sobre a natureza do obsessor – ser humano tal como ela é e que, em passada existência (quando de obsessão por vingança) muito foi atingida em seus afetos, em sua dignidade pela vítima de hoje que, como ocorre entre os encarnados quando ofendidos, não raro guardam mágoa e esta se transforma em raiva, rancor, até atingir o ápice: o ódio. Compreendida a natureza humana do espírito obsessor, também ele um ser humano, só que sem o corpo físico, fica-se mais fácil de se entender que o tratamento da obsessão é demorado e complexo e exige mudança de comportamento do obsedado. A desobsessão quando bem realizada, trabalha a doutrinação tanto do desencarnado quanto do encarnado.

No capítulo A Interpenetração Fluídica no Processo Obsessivo, do livro A Obsessão e seus Mistérios, de Carlos Bernardo Loureiro são as seguintes observações do autor, colocando sua experiência de 30 anos no tratamento das obsessões:

“O trabalho da doutrinação é penoso e demorado. Exige paciência de ambos os lados, especialmente da parte dos que conduzem o obsidiado à casa espírita. Surge, ao longo do tratamento desobsessional, uma série de impedimentos que devem ser vencidos com paciência e obstinação.

Outro fator importante a ser observado pelos dirigentes das reuniões de desobsessão é que, nos primeiros contatos, o assistido pode apresentar uma sensível piora. E o obsessor (ou grupo de obsessores) que reage, isto é, assume franca e refratária oposição ao tratamento. A sua indisposição, traduzida pela raiva e pelo inconformismo, repercute, psíquica e organicamente, naquele que é, pelo menos aparentemente, a sua vítima, cabe, então, aos responsáveis pela sessão, agir com muita cautela, esclarecendo o porquê do recrudescimento dos distúrbios que acometem o assistido. Tais esclarecimentos são absolutamente necessários, evitando-se a fuga do assistido e de seus prepostos das sessões (Nota de Leonardo Paixão: lembrando que os obsedados são tratados à distância, não é permitida a presença destes nas sessões por motivos óbvios de sintonia e disciplina), que, assim procedendo, fazem, infelizmente o jogo dos Espíritos obsessores,

Esse mecanismo vem sendo observado pelo autor desta obra, há vários anos, na cidade de Salvador, nas sessões de desobsessão que faz parte ou que dirige. Não raras vezes, os Espíritos logram êxito nos seus nefastos objetivos, ficando o obsidiado inteiramente á mercê dos seus desafetos, muitas vezes sedados e escravizados por poderosos e inibidores medicamentos. Essas criaturas apáticas, deprimidas, vagam pelas dependências dos sanatórios psiquiátricos, pelos cômodos de seus apartamentos, pelos corredores de suas casas ou pelas ruas, como verdadeiros zumbis. Ainda que a situação que vivenciam, obsessores e obsidiados, seja desesperadora, sempre há uma saída pela Lei Natural, acionando recursos que possibilitam a reconciliação entre desafetos. Em casos extremos, os mecanismos da reencarnação são acionados, dando-se início ao sacrificial reajuste, que demanda tempo, muito tempo...”.

 

E, com relação ao nível espiritual da equipe de trabalhadores do Grupo Espírita, neste caso, especialmente os das reuniões de desobsessão, é essencial que seja em harmonia com os postulados espíritas, pois que os tarefeiros desse campo são constantemente observados por aqueles Espíritos atendidos nas reuniões para tratamento de obsessões. Vejamos este relato do Espírito Adolfo Bezerra de Menezes sobre um trabalho de desobsessão:

 

“E assim foi que, com efeito, durante seis meses habitando aquele Centro de fraternidade, o doutor Timóteo do século 16 e seus três filhos assistiram a curas de paralíticos e de obsidiados, realizadas em nome e pelo amor de Jesus-Cristo, o Nazareno, através daquele grupo de médiuns a quem nós, os do invisível, tínhamos o dever de acionar. Contemplaram e admiraram a dedicação abnegada, diária, de um serviço de assistência a enfermos do corpo e da alma, sem esmorecimentos, sem queixas nem reclamações, antes sob a irradiação da sã ternura do coração e da sublime alegria daquele que já vislumbra em si mesmo as alvoradas do reino de Deus! Assistiram às doces tarefas da fraternidade se distenderem até ao invisível, no socorro a obsessores, a suicidas, a corações endurecidos no mal, como a desesperados e tristes que vagueiam pelos planos invisíveis sem forças para a emenda. Viram o órfão socorrido, o mendigo acalentado na sua miséria, o presidiário assistido no seu tugúrio, esclarecido na sua ignorância e esperançado no futuro redentor dentro das próprias lágrimas do opróbrio, o faminto saciado, o abandonado encaminhado ao trabalho honroso, a decaída retornando ao dever, o ignorante orientado ao caminho do aprendizado compensador. E tudo isso realizado sob o critério da Doutrina do grande Mestre do Cristianismo! Visitando, porém, a intimidade do lar de cada um daqueles médiuns que contribuíam para a melhoria da sua própria situação, constataram que suas vidas eram consagradas ao honesto cumprimento dos deveres sociais e profissionais, dedicadas ao bem e ao respeito do próximo, em qualquer setor! E ainda que, se sofriam, oravam e se resignavam, certos de melhor futuro; e, se eram ofendidos por inimigos gratuitos, poderiam sofrer e chorar em silêncio, mas sem blasfêmias nem revides vingadores, porque o perdão era tão fácil e espontâneo naqueles corações como o sorriso nas faces da criança... Nem uma palavra insultuosa ao próximo jamais ouviram, nem uma delação ou intriga, nem uma apropriação indébita, nem um perjúrio, nem a maledicência, nem o abuso e o vitupério! E tudo isso eles também analisaram e compreenderam que era a verdadeira educação fornecida por aquela Doutrina Cristã, que eles haviam conhecido falseada no século XVI, mas que agora se surpreendiam de vê-la praticada em Espírito e Verdade, em nome do grande “Rabboni”, seu fundador, cujo nome — descobriram através dos ensinamentos desses seus discípulos — era Jesus Nazareno!

Sim! “Jesus-ben-Joseph” de Nazaré, mas nascido na Judeia, na cidade de David, exatamente o Messias anunciado pelos profetas de Israel... e como ele, Timóteo, e seus filhos, perseguido pelas hienas clericais até ao desespero do suplício e da morte forjada pelos interesses pecaminosos dos homens!

Durante o espaço de tempo que ali passaram, assistiram, graves e quedos, acomodados entre a assembleia de ouvintes, como quaisquer encarnados, ao estudo e à oratória espírita e evangélica. E nós, então, acionando a técnica do

“Laboratório do Mundo Invisível”, criávamos para os seus entendimentos —valendo-nos do poder da nossa vontade — os panoramas expostos pelos oradores e explicadores, panoramas que eles passavam a ver como em cenas teatrais ou cinematográficas, pois que as vibrações dessa casa de comunhão com o Alto, por se conservarem imaculadas, facilitavam a delicadeza e a eficiência do melindroso, sublime trabalho. Um curso eficiente, pois, de legítimo Cristianismo e de Filosofia Espírita levaram a efeito os antigos hebreus através de tais processos, visitando ainda outras agremiações merecedoras da nossa confiança e observando outros tantos adeptos fiéis às recomendações do Consolador. Pela mesma época, outrossim, foram-lhes demonstrados em aprendizado, através de dolorosa, mas grandiosa exposição da retrospecção da memória (exame consciencial dos arquivos mentais), os antecedentes do drama terrível de Lisboa: — Aboab e filhos haviam existido em Jerusalém ao tempo dos primeiros cristãos como autoridades judaicas e romanas, exercendo então, sobre os inofensivos adeptos do Cristianismo nascente, atrocidades análogas às que tantos anos mais tarde vieram a experimentar, por sua vez, sob as garras da Inquisição de Portugal! Então, compreendendo claramente a lógica dos fatos, ou a lei de causa e efeito, humilharam-se, reconhecendo o erro em que incorriam havia séculos, e, desfeitos em lágrimas de sincero arrependimento, renderam-se à evidência da irresistível doutrina do Amor, do Perdão e da Fraternidade, que desde os dias longínquos do Calvário irradia redenção para a sucessão dos séculos. E constataram, assim, que aquela fé clerical que, sob os auspícios do “Santo Ofício” de sacrílega memória, se pretendeu impor pela crueldade da violência, longe estava de se assemelhar às blandiciosas lições daquele doce “Rabboni” que recomendava aos seus discípulos:

— “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.

 

E, conclui o Venerável “Médico dos Pobres”:

 

“Assim é, meus caros amigos, que o conhecimento legítimo da Doutrina Espírita, como a boa e lúcida prática da mediunidade, resolvem problemas seculares, pois não esquecereis de que foi através da mediunidade bem orientada, à luz do Evangelho do Cristo e sob o rigor da Ciência Transcendental, que os Aboabs se encaminharam para a regeneração individual... e que a família de Leonel, igualmente convertida sob orientações espiritistas, obteve forças e ensejos para o único alvo que lhe caberia atingir a fim de lograr serenidade para progredir moral e espiritualmente, isto é – o amor e o respeito às soberanas leis de Deus...” (PEREIRA, Yvonne do Amaral. Dramas da Obsessão. Pelo Espírito Bezerra de Menezes, [psicografado por] Yvonne A. Pereira. 4.ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010). pp.165, 166 e 167). 



sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Nos Bastidores da Obsessão - Estudo

Estudo do livro Nos Bastidores da Obsessão, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco.


Examinando a Obsessão (Continuação)


Outros, ainda, afervorados a esta ou aquela iniquidade, fixam-se mentalmente, a desencarnados que efetivamente se identificam e fazem-se obsessores destes, amargurando-os e retendo-se às lembranças da vida física, em lamentável comunhão espiritual degradante...

Além dessas formas diversificadas de obsessão, outras há, inconscientes ou não, entre as quais, aquelas produzidas em nome do amor tiranizante aos que se demoram nos invólucros carnais, atormentados por aqueles que partiram em estado doloroso de perturbação e egocentrismo... ou entre encarnados que mantém conúbio mental infeliz e demorado”,

 

Comentário de Leonardo Paixão:

 

Vamos aqui exemplificar com um caso que o Espírito André Luiz nos relata no livro Nos domínios da Mediunidade, cap, 14 sobre um caso de obsessão de encarnado para desencarnado. Para isso transcreveremos algumas partes:

 

“O irmão Justino, diretor da instituição, re­cebeu o grupo, pedindo escusas por não lhe ser possível acompanhar os amigos no serviço. A razão era simples: a casa jazia repleta de psico­patas desencarnados e não poderia, dessa forma, deter-se naquele mo­mento. A desarmonia era efetivamente tão grande no hospital, que André ficou espantado. Como promover reajuste num meio atormentado como aquele? Aulus explicou: "Importa reconhecer que este pouso é um refú­gio para desesperados. Segundo a reação que apresentam, são conduzi­dos, de pronto, a estabelecimentos de recuperação positiva ou regres­sam às linhas de aflição de que procedem. Aqui apenas atravessam pe­queno estágio de recuperação". Num leito simples, Libório, de olhar esgazeado, mostrou-se indiferente à presença do grupo. Exibia o sem­blante dos loucos, quando transfigurados por ocultas flagelações. Exa­minando-o, Aulus informou: "O pensamento da irmã encarnada que o nosso amigo vampiriza está presente nele, atormentando-o. Acham-se ambos sintonizados na mesma onda. É um caso de perseguição recíproca. Os benefícios recolhidos no grupo estão agora eclipsados pelas sugestões arremessadas de longe". André observou que há muitos médiuns assim na Terra. Aliviados dos vexames que recebem por parte de entidades infe­riores, depressa reclamam-lhes a presença, religando-se a elas automa­ticamente, embora o propósito dos amigos espirituais de libertá-los. Enquanto não se modificam suas disposições espirituais, favorecendo a criação de novos pensamentos, jazem no regime da escravidão mútua, em que obsessores e obsidiados se nutrem das emanações uns dos outros. Libório estava mais angustiado e mais pálido; parecia que uma tempes­tade interior, pavorosa e incoercível, o empolgava. De fato. Em ins­tantes, sua esposa, desligada do corpo denso em momento do sono, apa­receu no recinto, reclamando, feroz: "Libório! Libório! por que te au­sentaste? Não me abandones! Regressemos para nossa casa! Atende, atende!..."

Hilário, deveras surpreso, reco­nheceu na­quela mulher a mesma pessoa que, momentos antes, rogara socor­ro à ins­tituição que frequentava... "Isso é o que ela julga que­rer – explicou Aulus –, entretanto, no íntimo, alimenta-se com os fluidos enfermiços do companheiro desencarnado e apega-se a ele, ins­tintivamente." "Milhares de pessoas são assim. Registram doenças de variados matizes e com elas se adaptam para mais segura acomodação com o menor esforço. Dizem-se prejudicadas e inquietas, todavia, quando se lhes subtrai a moléstia de que se fazem portadoras, sentem-se vazias e padecentes, provocando sintomas e impressões com que evocam as enfer­midades a se exprimirem, de novo, em diferentes manifestações, auxi­liando-as a cul­tivar a posição de vítimas, na qual se comprazem." O Assistente disse que tal fato acontece na maioria dos casos de obses­são, e é por esse motivo que, em muitas ocasiões, as dores maiores são chamadas a fun­cionar sobre as dores menores, com o objetivo de acordar as almas vi­ciadas nesse gênero de trocas inferiores. Nesse ponto, a esposa conse­guira abeirar-se mais intimamente de Libório, que passou a demonstrar visível satisfação, sorrindo à maneira de uma criança con­tente. Vendo, porém, Celina, a infeliz bradou, colérica: "Quem é esta mulher? dize! dize!..." Celina avançou para ela com simplicidade e im­plorou: "Minha irmã, acalme-se! Libório está fatigado, enfermo! Aju­demo-lo a repou­sar!..." A interlocutora não suportou o olhar doce e benigno da notá­vel médium e, longe de reconhecer Celina, tomada por forte ciúme, gri­tou para o enfermo palavras amargas, abandonando o re­cinto, em desaba­lada carreira. Libório ficou contrariado com o fato, mas Aulus apli­cou-lhe passes, restituindo-lhe a calma. Em seguida, o Assistente enal­teceu a grandeza da Bondade Divina, que aproveita até os nossos senti­mentos menos dignos em nossa própria defesa. O ciúme e o despeito da esposa encarnada, ao ver Celina junto do esposo, dar-lhe-iam tréguas valiosas, de vez que o grupo teria algum tempo para auxiliá-lo nas re­flexões necessárias. Hilário se disse surpreso com ver o serviço in­cessante por toda a parte, seja na vigília e no sono, na vida e na morte... Aulus respondeu-lhe, sorrindo: "Sim, a inércia é simplesmente ilusão e a preguiça é fuga que a Lei pune com as aflições da reta­guarda".

 

Estes pequenos trechos do cap. 14 da obra Nos Domínios da Mediunidade nos traz muitas reflexões sobre os casos de vampirismo e obsessão recíproca, isto é, do desencarnado para o encarnado e do encarnado para o desencarnado, ambos se obsedando. Lembremos a definição de obsessão que nos dá o Espírito Adolfo Bezerra de Menezes: “(...) a obsessão, de qualquer natureza, nada mais é que duas forças simpáticas que se chocam e se conjugam numa permuta de afinidades” (PEREIRA, Yvonne A. Dramas da Obsessão. Pelo Espírito Adolfo Bezerra de Menezes. 4, ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010, p. 29).

 

O Benfeitor Aulus esclarece sobre um pedido de ajuda ao Grupo Espírita, mas que, em não havendo esforço da irmã que a solicitou, os resultados alcançados na reunião mediúnica desaparecem. Observemos atentamente a fala do Benfeitor a respeito: "O pensamento da irmã encarnada que o nosso amigo vampiriza está presente nele, atormentando-o. Acham-se ambos sintonizados na mesma onda. É um caso de perseguição recíproca. Os benefícios recolhidos no grupo estão agora eclipsados pelas sugestões arremessadas de longe" (grifos nossos).

 

Quantos são os casos de pessoas que pedem socorro aos Grupos Espíritas e, por não realizarem o exercício de reforma moral, necessário a todos nós, modificando assim conceitos e por consequência os sentimentos com relação aos seus sofrimentos bem como confortando-se igualmente através da oração fervorosa ao Senhor, permanecendo então do mesmo jeito, acusam, em uma postura vitimista, de que ao pedirem ajuda a esta ou aquela instituição espírita, de nada adiantou e os seus sofrimentos até aumentaram por se lhes ter dado esperanças. É um caso clássico de vitimização que projeta no outro a causa de seus insucessos. E respondendo Aulus ao espanto de Hilário sobre como a irmã no texto aqui colocado como subsídio aos nossos estudos, pediu ajuda e em parcial liberdade através do sono do corpo físico, age completamente diferente do estado de vigília, alerta: "Milhares de pessoas são assim. Registram doenças de variados matizes e com elas se adaptam para mais segura acomodação com o menor esforço. Dizem-se prejudicadas e inquietas, todavia, quando se lhes subtrai a moléstia de que se fazem portadoras, sentem-se vazias e padecentes, provocando sintomas e impressões com que evocam as enfer­midades a se exprimirem, de novo, em diferentes manifestações, auxi­liando-as a cul­tivar a posição de vítimas, na qual se comprazem." (grifos nossos).


terça-feira, 1 de agosto de 2023

Nos Bastidores da Obsessão - Estudo

Estudo do livro Nos Bastidores da Obsessão, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco.

Examinando a Obsessão (Continuação)

"Na Terra, igualmente, é muito grande o número de encarnados que se converten, por irresponsabilidade e invigilância, em obsessores de outros encarnados, estabelecendo um consórcio de difícil erradicação e prolongada duração, quase sempre em forma de vampirismo inconsciente e pertinaz. São criaturas atormentadas, feridas nos seus anseios, invariavelmente inferiores que, fixando aqueles que elegem gratuitamente como desafetos, os perseguem em corpo astral, através dos processos de desdobramento inconsciente, prendendo, muitas vezes, nas malhas bem urdidas da sua rede de idiossincrasias, esses desassisados morais, que, então, se transformam em vítimas portadoras de enfermidades complicadas e de origem clínica ignorada..."

Comentário de Leonardo Paixão: 

Para uma boa fixação desse tipo de obsessão, a de encarnado para encarnado, vamos nos valer das observações simples e diretas da irmã Suely Caldas Schubert em seu livro Obsessão/Desobsessão:

"Pessoas obsidiando pessoas existem em grande número. Estão entre nós. Caracteriza-se pela capacidade que têm de domínar mentalmente aqueles que elegem como vítimas.
Este domínio mascara-se com os nomes de ciúme, inveja, paixão, desejo de poder, orgulho, ódio, e é exercido, às vezes, de maneira tão sutil que o dominado se julga extremamente amado. Até mesmo perseguido.
Essas obsessões correm por conta de um amor que se torna tiranizante, possessivo, tolhendo e sufocando a liberdade do outro.
É, por exemplo, o marido que limita a liberdade da esposa, mantendo-a sob o jugo de sua vontade; é a mulher que tiraniza o companheiro, escravizando-o aos seus caprichos; são os pais que se julgam no direito de governar os filhos, cerceando-lhes toda e qualquer iniciativa; são aqueles que, em nome da amizade, influenciam o outro, mudando-lhe o modo de pensar, exercendo sempre a vontade mais forte, o domínio sobre a que se apresentar mais passiva.
São ainda as paixões escravizantes que, desequilibrando emocionalmente os seres, podem ocasionar dramas dolorosos, configurados em pactos de suicídio, assassínios, etc.
A dominação mental acontece não só no plano terreno, isto é, nas ocorrências do dia a dia, mas prossegue principalmente durante o sono físico, quando os seres assim comprometidos se defrontam em corpo astral, parcialmente libertos do corpo carnal dando curso em maior profundidade ao conúbio infeliz em que se permitiram enredar.
O mesmo sucede sob o império do ódio ou quaisquer outros sentimentos de ordem inferior.
Até mesmo dentro dos lares, na mesma família, onde se reencontram antigos desafetos, velhos companheiros do mal, comparsas de crimes nefandos, convocados pela Justiça Divina ao reajustamento. Entretanto, escravizados ao passado, deixam-se levar por antipatia e aversão recíprocas, que bem poucos conseguem superar de imediato.
Surgem daí muitas das rixas familiares, já que esses Espíritos, agora unidos pelos laços da consanguinidade, prosseguem imantados às paixões do pretérito, emitindo vibrações inferiores e obsidiando-se mutuamente.
São pais que recebem, como filhos, antigos obsessores. É o obsessor de ontem que acolhe nos braços, como rebento de sua carne, a vítima de antanho.
E esses seres se entrelaçam nos liames consanguíneos para que tenham a precisa ensancha de modificar os próprios sentimentos, vencendo aversões, rancores ou mágoas.
Reduzido, porém, ainda é o número dos que conseguem triunfar, conquistando o vero sentimento de fraternidade, tolerância e amor".

"Outros, ainda, afervorados a esta ou àquela iniquidade, fixam-se mentalmente, a desencarnados que efetivamente se identificam e fazem-se obsessores destes, amargurando-os e retendo-os às lembranças da vida física, em lamentável comunhão espiritual degradante..."

Comentário de Leonardo Paixão:

Neste trecho, o Espírito Manoel Philomeno de Miranda está a falar sobre a obsessão de desencarnado para desencarnado, especialmente no que toca ainda fundo ao desencarnado: as sensações da vida no corpo físico.

Allan Kardec na Introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo, item IV - Tópico: Resumo da Doutrina de Sócrates e de Platão, n. IV transcreve: 

"A alma impura, nesse estado, se encontra oprimida e se vê de novo arrastada para o mundo visível, pelo horror do que é invisível e imaterial. Erra, então, diz-se, em torno dos monumentos e dos túmulos, junto aos quais já se têm visto tenebrosos fantasmas, quais devem ser as imagens das almas que deixaram o corpo sem estarem ainda inteiramente puras, que ainda conservam alguma coisa da forma material, o que faz que a vista humana possa percebê-las. Não são as almas dos bons; são, porém, as dos maus, que se veem forçadas a vagar por esses lugares, onde arrastam consigo a pena da primeira vida que tiveram e onde continuam a vagar até que os apetites inerentes à forma material de que se revestiram as reconduzam a um corpo. Então, sem dúvida, retomam os mesmos costumes que durante a primeira vida constituíam objeto de suas predileções".

Esaa transcrição que Allan Kardec fez e que aqui reproduzimos, vem mostrar que, desde tempos antigos, se conhecia sobre o estado dos Espíritos após a morte do corpo físico, bem como que o Espírito impuro haveria de reencarnar e o que alcançou a pureza não tem mais necessidade de reencarnação. É o que nos dizem os Espíritos Superiores, conforme podemos atestar na leitura das obras de Allan Kardec.

Falamos até aqui do Espírito desencarnado ainda cheio de lembranças e desejos de sensações físicas, mas, como ocorre o processo obsessivo de desencarnado para desencarnado? Sabemos que a mente é o fator que promove tal sintonia, mas de que forma específica? Iremos nos valer novamente do livro Obsessão/Desobsessão, de Suely Caldas Schubert:

"Desencarnado para Desencarnado

Espíritos que obsidiam Espíritos. Desencarmados que dominam outros desencarnados, sâo expressões de um mesmo drama que se desenrola tanto na Terra quanto no Plano Espiritual inferior.
As humanidades se entrelaçam: a dos seres incorpóreos e a dos que retomaram a carne.
Situações que ocorrem na Crosta são, em grande parte, reflexos da odisseia que desenvolve no Espaço. E vice-versa.
Os homens são os mesmos: carregam os seus vícios e paixões, as suas conquistas e experiências onde quer que estejam.
Por isso há no Além-Tímulo obsessões entre Espíritos. Por idênticos motivos das que ocorrem na face da Terra.
Em quase todos os processos obsessivos desencadeados pelo que já desencarnou, junto ao que ainda está preso ao veículo físico, o obsessor cioso da cobrança costuma, em geral, aliciar outros Espíritos para secundá-lo em sua vingança. Tais "ajudantes" são invariavelmente inferiores e de inteligência menos desenvolvida que a de seus chefes. A sujeição mental a que se submetem tem suas origens no temor até em compromissos ou dívidas existentes entre eles, havendo casos em que o "chefe" os mantém sob hipnose - processo análogo, aliás, ao utilizado com as vítimas encarnadas.
O jugo dos obsessores só é possível em razão da desarmonia vibratória de suas presas, que só alcançarão a liberdade quando modificarem a própria direção mental. Certamente recebem, tanto quanto os obsessores,vibrações amorosas e equilibradas dos Benfeitores Espirituais, que lhes aguardam a renovação. Espíritos endividados e conpromissados entre si mesmos, através de associações tenebrosas, de idêntico padrão vibratório, se aglomeram em certas regiões do Espaço, obedecendo à sintonia e à lei de atração, formando  hordas que erram sem destino ou se fixam temporariamente, em cidades, colônias, núcleos, enfim, de sombras e trevas.
Tais núcleos têm dirigentes, que se proclamam juízes, julgadores, chamando a si a tarefa de distribuir "justiça" aos Espíritos igualmente culpados e também devotados ao mal, ou endurecidos pela revolta e pela descrença. Na obra Libertação, de André Luiz, encontramos a descrição de uma dessas cidades e no livro Nos Bastidores da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, temos notícias de um desses núcleos trevosos.
Aí, nesses redutos das sombras, comete-se toda sorte de atrocidades e os Espíritos aferrados ao mal são julgados e condenados por outros ainda em piores condições. Torturas inimagináveis, crueldades, atos nefandos são praticados por esses seres que se afastaram deliberadamente do bem. Esses agentes do mal, todavia, não estão abandonados pela misericórdia do Senhor, e sempre que ofereçam condições propícias são balsamizados pelas luzes divinas a ensejar-lhes a transformação. Um dia retornarão ao aprisco, porque nenhuma das ovelhas se perderá..."


Como já vai longo esse estudo, continuaremos em próxima postagem.

Deus a todos abençoe!!



domingo, 9 de julho de 2023

Nos Bastidores da Obsessão - Estudo

Estudo do livro Nos Bastidores da Obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco. 

Examinando a Obsessão

"(...) Entre os que são tidos por loucos, muitos há que apenas são subjugados; eles precisariam de um tratamento moral, enquanto que com os tratamentos corporais os tornam verdadeiros loucos" (KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 81. ed. 1. imp. (ed. histórica). Cap. XXIII, item 254).

Comentário de Leonardo Paixão:

Hoje, século XXI, a Reforma Psiquiátrica é uma realidade e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e as Residências Terapêuticas (RTs), no Brasil, tem levado ao fechamento de Hospitais Psiquiátricos, humanizando o tratamento.


"(...) asseverou o Codificador que [...] o conhecimento do Espiritismo, longe de facilitar o predomínio dos maus Espíritos, há de ter como resultado, em tempo mais ou menos próximo e quando se achar propagado, destruir esse predomínio, dando a cada um os meios de se pôr em guarda contra as sugestões deles".

Comentário de Leonardo Paixão:

O Dr. Carl Wickland em seu livro Trinta Anos entre os Mortos, afirma que não basta a boa conduta para se defender da obsessão, o conhecimento do processo é essencial também para estarmos na defensiva. Conhecendo os meios de atuação dos obsessores, teremos maiores recursos de defesa e vigilância.

"Obsessores há milenarmente vinculados ao crime..."

Comentário de Leonardo Paixão:

No livro Libertação, o Espírito André Luiz  revela sobre os Espíritos que se denominam "dragões" e estão há mais de 10.000 anos sem reencarnar, vivendo no mal. São seres humanos que alcançarão igualmente a redenção. Leiamos a nota do Espírito André Luiz no capítulo 8 - Inesperada intercessão do livro aqui referido em que ele explica sobre os Dragões: 

"Espíritos caídos no mal, desde eras primevas da Criação Planetária, e que operam em zonas inferiores da vida, personificando lideres de rebelião, ódio, vaidade e egoísmo; não são, todavia, demônios eternos, porque individualmente se transformam para o bem, no curso dos séculos, qual acontece aos próprios homens".


terça-feira, 27 de junho de 2023

Considerando a Obsessão

Do livro Sementes de Vida Eterna, Espíritos Diversos, psicografia de Divaldo Pereira Franco. Cap. Conaiderando a Obsessão.

Considerando a obsessão
Autor: Manoel Philomeno de Miranda (Espírito).

"Com etiologia muito complexa, a alienação por obsessão continua sendo um dos mais terríveis flagícios para a Humanidade.

Não significando a morte o fim da vida, antes o inicio de nova expressão de comportamento, em que o ser eterno retorna ao Mundo Espiritual donde veio, a desencarnação liberta a consciência que jazia agrilhoada aos liames carnais, ora desarticulando, ora ampliando as percepções que melhor se fixaram nos painéis da mente, fazendo que o ser, agora livre do corpo físico, se revincule ou não aos sítios, pessoas ou aspirações que sustentou durante a vilegiatura carnal".


Comentário de Leonardo Paixão: 

É interessante ler o livro A Crise da Morte, de Ernesto Bozzano, em que há relatos de diversos Espíritos sobre seu estado após a morte. É uma obra que complementa a 2* Parte do livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec. A importância de ler estas obras é a de nos iniciarmos desde a Terra de como é a vida no pós-morte e de desmistificarmos as tradicionais compreensões de céu e de inferno.

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"O amor, por constituir alta aspiração do Espírito, mantêm-no em comunhão com os objetivos superiores que lhe representam sustento e estímulo, na marcha do progresso. Assim, também, o ódio e todo o seu séquito de paixões decorrentes do egoísmo e do orgulho, reatam os que romperam os grilhões da carne àqueles que foram motivo das suas aflições e angústias, especialmente se se permitiram guardar as idéias e reações negativas equivalentes.

Sutilmente a princípio, em delicado processo de hipnose, a idéia obsidente penetra a mente do futuro hóspede que, desguardado das reservas morais necessárias à manutenção de superior padrão vibratório, começa a dar guarida ao pensamento infeliz, incorporando-o às próprias concepções e traumas que vêm do passado, através de cujo comportamento cede lugar à manifestação ingrata e dominadora da alienação obsessiva.

Vezes outras, através do processo da agressividade violenta, com que a indução obsessiva desorganiza os registros mentais da alma encarnada, produz-se o doloroso e lamentável domínio que se transforma em subjugação de longo curso".

Comentário de Leonardo Paixão:

A técnica dos Espíritos obsessores para incutir uma ideia na pessoa visada é a de sutil hipnose que começa com um pensamento até que este se torne ideia fixa, conseguido esse primeiro propósito a ação obsessiva se faz com o tempo mais tenaz. Em meu livro Novas Reflexões Doutrinárias, no capítulo Pequeno Estudo sobre Técnica da Obsessão faço os seguintes esclarecimentos de como se dá a contaminação da mente do obsessor na mente do encarnado:

1 – A contaminação se dá pela impressão de ideias fixas na mente do obsidiado através de imagens mentais;


2 – Pelo períspirito: mantendo o do encarnado em seu mesmo padrão vibratório, para isso, incentivando os pensamentos licenciosos que derivam das imagens mentais, atuando especialmente através do sono, quando o encarnado, desprendido do corpo físico, é atraído para regiões onde dará vazão aos seus apetites sensuais e, em geral, também lhe são impressas palavras a título de senha que, quando acordado, ao ouvi-las ou captar-lhes as imagens (pode ser o nome de alguém ou a imagem de uma pessoa ou um objeto) lhe aflorarão os desejos...
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'Noutras oportunidades, inspirando sentimentos nefastos, latentes ou não no paciente desavisado, os desencarnados em desdita nele instalam o seu baixo teor vibratório, logrando produzir variadas distonias psíquicas e emocionais, que o atormentam e desgovernam, graças à inditosa dependência em que passa a exaurir-se, a expensas da vontade escravizante do hóspede que o encarcera e aflige...

Pululam por toda parte os vinculados gravemente às Entidades perturbadoras do Mundo Espiritual inferior.

Obsidiados, desse modo, sim, somos quase todos nós, em demorado trânsito pelas faixas das fixações tormentosas do passado, donde vimos para as sintonias superiores que buscamos.

Muito maior, portanto, do que se supõe, é o número dos que padecem de obsessões, na Terra.

Lamentavelmente, esse grande flagelo espiritual que se abate sobre os homens, e não apenas sobre eles, já que existem problemas obsessivos de várias expressões, como os de um encarnado sobre outro, de um desencarnado sobre outro, de um encarnado sobre um desencarnado e, genericamente, deste sobre aquele, não tem merecido dos cientistas nem dos religiosos o cuidado, o estudo, o tratamento que exige.

Antes, vinculados a preconceitos injustificáveis, os cientistas e religiosos se entregavam à indiferença, quando não à perseguição sistemática aos portadores de obsessões, acreditando que, ao destruírem as vítimas de tão grave enfermidade, aniquilavam a ignorada causa do problema...

Aliás, ainda hoje, a situação. é idêntica, variando, apenas, na forma de encarar a questão".

Comentário de Leonardo Paixão:

Eeste último parágrafo "Aliás, ainda hoje, (...)" é confirmado em leituras como do livro O Exorcista do Vaticano, onde o Padre Gabriele Amorth coloca sobre as ações doa "demônios" (Espíritos obsessores), entretanto, apesar do estudo aprofundado sobre os efeitos, ainda se colocam as fórmulas de orações específicas e o uso de elementos da antiga magia por meios indispensáveis à cura, deixando de lado a questão mais importante e que traz real efeito sobre o Espírito obsessor a quem a ele fala: a autoridade moral. Ver a qiestão 477 do tópico Possessos em O Livro dos Espíritos. Precisamos também atentar para a questão 479 de O Livro dos Espíritos: "A prece é meio eficiente para a cura das obsessões? R. - A prece é em tudo um poderoso auxílio.  Mas, crede que nâo basta que alguém murmure algumas palavras, para que obtenha o que deseja. Deus assiste os que obram, não os que se limitam a pedir. É, pois, indispensável que o obsidiado faça, por sua parte, o que se torne necessário para destruir em si mesmo a causa da atração dos maus Espíritos ". (Grifei).

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'Mesmo as modernas Ciências, que se preocupam em conhecer profundamente a psique humana, colocam, a priori, os problemas obsessivos à margem, situando-os em posições muito simplistas, já que os seus pesquisadores se encontram atados a raciocínios e conclusões de fisiologistas e psicólogos do século passado, que se diziam livres de qualquer vinculação com a alma...

Repontam, é verdade, aqui e ali, esforços individuais, tentando formular respostas claras e objetivas às tormentosas interrogações da afligente quão severa problemática, logrando admitir a possibilidade da interferência da mente desencarnada sobre o deambulante do escafandro orgânico.

Terapêutica salutar, porém, para a magna questão, é a Doutrina Espírita. Não apenas como profilaxia, mas, ainda, como terapêutica eficiente, por assentar as suas lições e postulados nos sublimes ensinamentos de Jesus-Cristo, com toda a justiça cognominado “O Senhor dos Espíritos”, graças à sua ascendência, várias vezes demonstrada, ante as Entidades ignorantes, perturbadoras e obsessoras.

A Allan Kardec, o ínclito Codificador do Espiritismo, coube a tarefa de aprofundar sondas e bisturis no organismo e na etiologia das alienações por obsessão, projetando luz, meridiana sobre a intricada enfermidade da alma. Kardec não somente estudou a problemática obsessiva, como também ofereceu medidas profiláticas e terapêutica salutar, firmado na informação dos Espíritos Superiores, na vivência com os obsidiados, como pela observação profunda e meticulosa com que elaborou verdadeiros tratados de Higiene Mental, que são as obras do Pentateuco Espírita, esse incomparável monólito de luz, que inaugurou era nova para a Ciência, para a Filosofia, tornando-se o Espiritismo a Religião do homem integral, da criatura ansiosa por religação com o seu Criador.

Diante de qualquer expressão em que se apresentem as alienações por obsessão ou em que se manifestem suas sequelas, mergulhemos a mente e o coração no organismo da Doutrina Espírita, e, procurando auxiliar o paciente encarnado a desfazer-se do jugo constrangedor, não olvidemos o paciente desencarnado, igualmente infeliz, momentaneamente transformado em perseguidor ignorante, embora se dizendo consciente, mas sofrendo, de alguma forma, pungentes dores morais".

Comentário de Leonardo Paixão:

É preciso estudar, pesquisar sobre o assunto e vivenciar os antídotos quais a prece, a conduta moral enobrecida e, com o conhecimento sobre as técnicas obsessivas, realizar a desobsessão disciplinarmente em um grupo mediúnico sério e praticar no dia a dia o Evangelho do Cristo, assim, pregando pelo exemplo e moralizando o obsessor que observa as atitudes não só do obsedado, mas também de todos os elementos de uma equipe mediúnica para a qual foi direcionado para ser auxiliado.

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"Concitemos o encarnado à reformulação de idéias e hábitos, à oração e ao serviço, porquanto, através do exercício da caridade, conseguirá, sensibilizar o temporário algoz, que o libertará, ou granjeará títulos de enobrecimento, armando-se de amor e equilíbrio para prosseguir em paz, jornada a fora.

... E em qualquer circunstância procuremos em Jesus, Mestre e Guia de todos nós, o amparo e a proteção, entregando-nos a Ele através da prece e da ação edificante, porque somente por meio do amor o homem será salvo, já que o amor é a alma da caridade.

Obsessões e obsidiados são as grandes chagas morais dos tumultuados dias da atualidade. Todavia, a Doutrina Espírita, trazendo de volta a mensagem do Senhor, em espírito e verdade, é o portal de luz por onde todos transitaremos no rumo da felicidade real que nos aguarda, quando desejemos alcançá-la'.


(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco na noite de 13-11-1976, no Centro, Espírita “Caminho da Redenção”, em Salvador, Bahia
Mensagem inserida no livro Sementes de Vida Eterna, Espíritos Diversos, psicografia de Divaldo Pereira Franco).


segunda-feira, 26 de junho de 2023

Nos Bastidores da Obsessão- Estudo.

Estudo do livro Nos Bastidores da Obsessão, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco.

Prolegômenos

"Os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das potênciaa da natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados e que não encontram explicação racional senão no Espiritismo" (O Livro dos Espíritos  - Allan Kardec  - Introdução-28. ed. FEB-p. 23).

Comentário de Leonardo Paixão:

As ações dos Espíritos sobre o mundo moral se dão através da influência que exercem sobre os nossos pensamentos e sobre o mundo físico os Espíritos atuam nos mais diversos fenômenos da Natureza, tais como a evolução das espécies, as chuvas, os abalos sísmicos. Sobre esse assunto ver os livros A Caminho da Luz, Espírito Emmanuel, psicografia de Chico Xavier; Evolução em Dois Mundos, Espírito André Luiz, psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira; a questão 540 e seguintes de O Livro dos Espíritos. 

"Os modernos pesquisadores da mente encarnada, fascinados pelas experiências de labratório..."

Comentário de Leonardo Paixão:

Sendo esta obra do ano 1970, os modernos pesquisadores da mente encarnada eram os parapsicólogos, como Joseph  Banks Rhine nos EUA, sua esposa Louise Rhine, os pesquisadores da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS. Sobre aa pesquisas na antiga URSS, recomenda-se ler o livro Experiências Psíquicas por Trás da Cortina de Ferro, de Sheila Ostrander e Linn Schroeder.

"O psi é uma designação que dá elasticidade quase infinita aos recursos plásticos da mente, tais como conhecimento do passado (telepatia), ou acontecimentos que tiveram lugar anteriormente e se encontram gravados nas mentes de outras pessoas; conhecimento de ocorrências no mundo exterior (clarividência), sem o contato com impressões sensoriais e percepção do futuro (presciência)".

Comentário de Leonardo Paixão:

Estes fenômenos ocorrem com frequência nos trabalhos de desobsessão, de tratamento e de cirurgia espiritual no Grupo Espírita Semeadores da Paz, Campos dos Goytacazes, RJ,  que fundamos, dirgimos e onde exercemos nossos trabalhos mediúnicos.
Tais fenômenos tem sido confirmadoa por pessoas presentes nos respectivos trabalhos ou por pessoas que nos pediram ajuda com as quais entramos em contato depois. Os fenômenos de persciência ou premonitórios confirmam-se à medida que o tempo avança e, algumas vezes, quedas e acidentes e casos de prováveis cirurgias são evitados quando os encarnados alertados ficam vigilantes.

"Em princípio, os recursos valiosos da mente, nas experiências de transposição dos sentidos; fenômenos de profetismo e lucidez, demonstrações de insensibilidade táctil, nas alucinações, polarizações e despolarizações psíquicas, realizadas em epilépticos e histéricos hipnotizados, ensejavam conclusões apressadas que pareciam confirmar as características do psi".

Comentário de Leonardo Paixão:

Para um exemplo de um desses fenômenos vejamos:

As experiências de Charcot, Braid e Lombroso referentes à hipnose comprovaram que no estado hipnótico há insensibilidade nervosa e transposição dos sentidos, sobre isto, Lombroso cita a experiência que realizou com a jovem C. S., de 14 anos:
 
"De início, sonambulismo, durante o qual mostrava singular atividade nos labores domésticos, grande afetividade aos parentes, distinta disposição musical; mais tarde, apresentou mutação no caráter, audácia viril e imoral; mas, o fato mais estranho era que, enquanto perdia a visão dos olhos, via, com o mesmo grau de acuidade (o 7° na escala Jager), pela ponta do nariz e lóbulo esquerdo da orelha, lendo, assim, uma carta que então viera dos Correios, enquanto que eu lhe vendara os olhos, e pôde distinguir os números de um dinamômetro.
Curiosa era depois a nova mímica com que reagia aos estímulos levados aos que chamaremos órgãos ópticos transitórios e transpostos.
Avizinhando, por exemplo, um dedo à orelha ou ao nariz, ou fazendo menção de os tocar, ou ainda melhor, fazendo com uma lente incidir um raio de luz de lâmpada, mesmo à distância e por fração de minuto, ressentia-se vivamente e irritava-se.
- Quereis cegar-me? - gritava.
Depois, com instintiva mímica inteiramente nova, tão nova quanto o fenômeno, movia o antebraço a defender o lóbulo da orelha e a extremidade do nariz, e assim permanecia por alguns minutos" (LOMBROSO, César. Hipnotismo e Mediunidade. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. p. 70-71).

"Comprovou-se mui facilmente por meio da sugestão hipnológica, que se pode impressionar um percipiente a fim de que o mesmo assuma personificações parasitárias momentaneamente, representando vultos da História ou simples pessoas da plebe..."

Comentário de Leonardo Paixão:

Pierre Janet em seu livro O Automatismo Psicológico traz diversos exemplos desse fenômeno.

Em nossos estudos de Magnetismo e Hipnotismo, realizamos experiências em Curso de Magnetismo realizado em nosso Grupo no ano 2016, onde não somente fortes dores de cabeça foram tratadas bem como levamos uma das percipientes a estado de transe mais profundo e sugerimos que ela estava "possuída" por um demônio. A experiência revelou-se tão bem sucedida que quando eu pedi que pessoa particpante da experiência levasse até mim um copo com água comum e quando eu aspergi um pouco dessa água sobre a pessoa em estado de hipnose e disse que era água benta, tal pessoa sentiu seu corpo queimar e quando fiz com os dedos a forma de uma cruz e lhes coloquei na testa dizendo ser um crucifixo bento, a pessoa se contorcia como a sentir fortes dores. Depois levamos a percipiente R. a um estado de relaxamento profundo e ordenamos por sugestão que ela de nada se lembrasse e, ao ser despertada, até hoje ela afirma convicta que de nada se lembra dessa experiência.
O que pudemos concluir dessas experiências? Primeiro que o Magnetismo e o Hipnotismo não são fantasias, segundo que podem e devem ser usados como tratamento para diversos males do corpo e da mente e terceiro que a partir deles podemos ter a certeza dos fenômenos de sugestão e que tais fenômenos por si não explicam outros tantos fenômenos mediúnicos como as batidas que os Espíritos dão e fenômenos outros como o da psicografia que traz identidade do Espírito com detalhes conhecidos de quem teve contato em vida com o Espírito comunicante e até mesmo a igualdade de assinatura que o Espírito pode trazer como mais um apêndice de prova à sua identidade. Além de outros fenômenos. Sobre isso leia-se o livro O Além e a Sobrevivência do Ser, de Léon Denis.

"Enquanto tais fenômenos se demoram sem explicação definitiva, a sobrevivência do Espírito após a morte do corpo não encontra aceitação pelas academias; distúrbios mentais de vária ordem aprisionam multidões em cárceres estreitos e sombrios, povoados pelos fantasmas da loucura, reduzindo o homem à condição primitiva do passado..."

Comentário de Leonardo Paixão:

Hoje temos a Reforma Psiquiátrica a não levar o ser humano a tal condição degradante. Para um estudo histórico sobre os avanços das medidas em relação às pessoas com graves distúrbios mentais, recomenda-se ler o livro História da Loucura, de Michel Foucault, onde se terá uma alta gama de informações desde a Idade Média até o século XX. E assim, poderemos apreciar os avanços no campo da Saúde Mental.

"Tratadistas estudiosos dos problemas psicossociológicos do presente atribuem grande parte dos distúrbios mentais à tensão das horas em que se vive, elevando, cada dia, o número dos desarranjados psiquicamente e aturdidos da emoção".

 Comentário de Leonardo Paixão:

Ainda hoje - 2023 -, os fatores sociais, em especial a busca da felicidade permanente, o uso intensivo das redes sociais, provocando isolamento e dependência de tela, além da tensão do cotidiano, são colocados por psiquiatras, psicólogos, psicanalistas, filósofos, sociólogos, antropólogos, por causas dos variados trantornos mentais.

"Naturalmente que, além desses, afirmam os de procedência  fisiológica, da hereditariedade, de vírus e germens, as sequelas ds epilepsia, da tuberculose, das febres reumáticas, da sífilis, os traumatismos e choques que se encarregam de contribuir larga e amplamente para a loucura. Fatores outros predisponentes a que também se referem nâo podem ser relegados a planos secundário. Todavia, além desses, que dão origem a psicoses e neuroses lamentáveis, outros há que somente podem ser explicados pela Doutrina Espírita, no capítulo das obsessões estudadas carinhosamente por Allan Kardec".

Comentário de Leonardo Paixão:

Sobre causas outras para os transtornos mentais, é de muito valor lermos ou relermos a obra A Loucura sob Novo Prisma, de Adolfo Bezerra de Menezes, onde ele tratará magistralmente a tese de que há loucura sem lesão cerebral, tendo por causa a influência de um ou mais Espíritos obsessores.

"Foi nesse período que Allan Kardec, convidado à liça da cultura e da informação, empunhando o bisturi da investigação, clareou, com uma Filosofia Científica, o Espiritismo, calcada em fatos devidamente comprovados, os escaninhos do obscurantismo, oferecendo uma terapêutica segura para as alienações torturantes, repetindo as experiências de Jesus Cristo junto aos endemoninhados e enfermos de toda ordem".

Comentário de Leonardo Paixão:

Os resultados que se obtém nas reuniões de desobsessão e de tratamento magnético-espiritual nos Grupos Espíritas em relação às pessoas obsedadas por Espíritos, vem nos mostrar o acerto de Kardec.

domingo, 18 de junho de 2023

Nos Bastidores da Obsessão - Estudo

Estudo do livro Nos Bastidores da Obsessão, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco.

Exórdio - Continuação


"Diversos companheiros encarnados e nós participávamos, em desdobramento parcial pelo sono, das atvidades da desobsessão e das incursões no mundo espiritual sob o comando de abnegados mentores que nos sustentavam e conduziam, adestrando-noa nas realidades da vida extracorpórea".


Comentário de Leonardo Paixão:

As atividades de desobsessão continuam a ser exercidas no Mundo dos Espíritos, diversos são os relatos em livros sobre e orientação dos Guias Espirituais que dirigem os trabalhos de desobsessão para que todos da equipe mediúnica orem antes de deitar para dormir com o desejo sincero de ser instrumento para auxílio aos trabalhos que se desdobram no Além.


"(...) Como se tornassem cada vez mais complexas as tarefas em curso, a bondade dos amigos espirituais procedeu a conveniente censura das lembranças de modo a que a nossa vida material não fosse afetada pelas recordações de tais realizações".

Comentário de Leonardo Paixão:

Impressões muito vívidaa de ocorrências no Mundo dos Espíritos, podem promover desarmonia na vida de vigília, daí este cuidado dos Benfeitores.

Desequilíbrios por contante lembrança das imagens vistas nos cenários de Além Túmulos, levando a pensar constante sobre e despreocupação da vida de Espírito reencarnado; extrema preocupação com possíveis ataques espirituais; e até mesmo um proposital desleixo com a vida de trabalho na Terra, por considerar erroneamente que, a vida espiritual somente é que importa, desconsiderando que a reencarnação é uma fase da vida do Espírito.

"(...) Longe de ser um tratado sobre obsessão e desobsessão, é um ligeiro estudo-prático, através de uma família anatematizada pelas perturbações de Além-Túmulo".

Comentário de Leonardo Paixão:

É muito importante nosso acesso às informações que nos traz o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pois temos assim o estudo de um Espírito que, encarnado trabalhou com desobsessão e desencarnado traz o seu olhar ampliado com informações que, quando encarnado não tinha acesso tal como nós não temos, e através daa obras de Benfeitores como Miranda podemos aprofundar os mecanismos da obsessão e da desobsessão.

É interessante observarmos o seguinte relato:

Contou Divaldo na comemoração dos 130 anos de Manoel Miranda, em palestra proferida na FEEB - Sede Histórica:

Estava orando e agradecendo a Deus, quando entraram duas entidades venerandas, ambas de cabelos brancos. A primeira me era conhecida, e falou: Divaldo eu sou José Florentino de Sena, mas todos me conhecem por José Petitinga, nome que adotei depois do incidente de que fui objeto na cidade onde morei.

Nós somos velhos conhecidos, e quero lhe apresentar um querido companheiro - Manoel Miranda que é trabalhador da nossa causa e continua trabalhando lá, na nossa casa...

Manoel Miranda acercou-se-me e disse: "chame-me apenas de Miranda que é o que mais gosto. Nós temos um longo trabalho pela frente e vamos pedir a Deus que abençoe os nossos esforços"...

Em 1968, Miranda comunicou-se afirmando:

Desde que desencarnei, eu venho me dedicando há 30 anos ao estudo da obsessão. Disse-me ainda: "... havia um paciente que frequentava nossas reuniões mediúnicas, que era obsidiado; eu lidei com essas entidades anos a fio sem conseguir penetrar no âmago. Desencarnei, o meu paciente já havia morrido, e eu me impus o dever de procurá-lo... e ele continuava obsidiado.

E eu fui estudar a psicogênese da reencarnação. Faz 30 anos que, como qualquer universitário, estudo as leis de causa e efeito. Não fui homem de cultura, mas fui homem de bom senso e dedicado à lei da caridade. Então eu gostaria de mandar para a Terra as informações a respeito da reencarnação e das obsessões... Pedi permissão à Veneranda Joanna para escrever por seu intermédio...".

Divaldo esclareceu que não seria ele, o Miranda, o autor real do livro, mas uma espécie de narrador das experiências que outros realizariam... E foi desta forma psicografado o livro Nos Bastidores da Obsessão.

Quando Divaldo concluiu o livro, esteve com a médium Yvonne Pereira e narrou todo o processo da psicografia da obra, dizendo que pretendia oferecê-la à Federação Espírita Brasileira (FEB), pelo significado profundo do seu conteúdo. Então Yvonne lhe disse: "Se esse livro fosse meu, eu colocaria como título Nos Bastidores da Obsessão, acrescentando ser pertinente se tomar conhecimento do que acontece atrás da cortina".

Divaldo levou a sugestão a Miranda, que acolheu a ideia, e o livro foi encaminhado à FEB, que o publicou.

Em encontro com Chico Xavier, Divaldo foi informado de que o trabalho de Miranda é um desdobramento das obras do Espírito André Luiz, no aspecto da obsessão. (Grifei).


Fontes consultadas: 

- FRANCO, Divaldo/MIRANDA, Manoel Philomeno de (Espírito). A Prática Mediúnica Espírita. 1. ed. FEB: Brasília, DF, 2022. Organizadoras: Marta Antunes Moura e Carmem L. P. Silveira.

- Vídeo da palestra por Divaldo Franco, na comemoração dos 130 anoa de Manoel Miranda na Sede Histórica da FEEB, 2006.





sexta-feira, 16 de junho de 2023

Criações Fluídicas

Por Leonardo Paixão (*)


"A teoria das criações fluídicas e, por conseguinte, da fotografia do pensamento, é uma conquista do moderno Espiritismo e pode, doravante, considerar-se como firmada em princípio, ressalvadas as aplicações de minúcias que hão de resultar da observação. Este fenômeno é incontestavelmente a origem das visões fantásticas e desempenha grande papel em certos sonhos" (KARDEC. Allan. Obras Póstumas. 26. edição. Federação Espírita Brasileira, Brasília, DF, 1944. p. 116 - tradução de Guillon Ribeiro).


As criações fluídicas não sâo vistaa apenas pelos encarnados em estado de vigília (os clarividentes), nos sonhos elas são muito comuns e, como o Espírito está desprendido do corpo físico, ele recobra suas faculdades espirituais e pode ler, por assim dizer, as imagens que no Mundo Espiritual os Espíritos através de seus pensamentos produzem, imagens estas que podem lhe ser úteis como avisos preciosos e revelações. Aqui a causa dos chamados sonhos premonitórios ou pré-cognitivos (conhecimento antecipado dos fatos e dos chamados sonhos retrocognitivos (conhecimento de eventos passados - vidas passadas ou de fatos ocorridos com outrem e que não sabíamos).


Temos no Velho Testamento um exemplo claro de imagens fluídicas em sonhos e que representaram o aspecto da psiprecognitiva (visão psíquica de fatos a acontecer). Eis o relato do capítulo 41, versículos 17 a 32 do livro Gênesis:


"17 Então, disse Faraó a José: Eis que em meu sonho estava eu em pé na praia do rio.

18 E eis que subiam do rio sete vacaa gordas de carne e formosas à vista e pastavam no prado.

19 E eis que outras sete vacas subiam após estas, muito feias à vista e magras de carne; não tendo visto outras tais quanto à fealdade, em toda terra do Egito.

20 E as vacas magras e feias comiam as primeiras sete vacas gordas;

21 e entravam em suas entranhas, mas não se conhecia que houvessem entrado em suas entranhas,  porque o seu aspecto era feio como no princípio. Então acordei.

22 Depois, vi em meu sonho, e eis que de um mesmo pé subiam sete espigas cheias e boas.

23 E eis que sete espigas secas, miúdas e queimadas do vento oriental brotavam após elas.

24 E as sete espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. E eu disse-o aos magos, mas ninguém houve que mo interpretasse.

25 Então, disse José a Faraó: O sonho de Faraó é um só; o que Deus há de fazer, notificou-o a Faraó.

26 As sete vacas formosas são sete anos; as sete espigas formosas também são sete anos; o sonho é um só.

27 E as sete vacas magras e feias à vista, que subiam depois delas, são sete anos, como as sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental, serão sete anos de fome.

28 Esta é a palavra que tenho dito a Faraó; o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó.

29 E eis que vem sete anos, e haverá grande fartura em toda a terra do Egito.

30 E,  depois deles, levantar-se-ão sete anos de fome, e toda aquela fartura será esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a terra;

31 e não será conhecida a abundância na terra, por causa daquela fome que haverá depois, porquanto será gravíssima.

32 E o sonho foi duplicado duas vezes a Faraó é porque esta coisa é determinada de Deus, e Deus se apressa a fazê-la".


As imagens fluídicas neste caso foram as vacas e as espigas.

Homens destemidos como o Dr. Joseph Banks Rhine dedicaram-se a estes estudos. Rhine declarou corajosamente: "Nada em toda a história do pensamento humano - heliocentrismo, evolução, relatividade - foi mais verdadeiramente revolucionário ou radicalmente contraditório para o pensamento contemporâneo do que os resultados da investigação da psiprecognitiva" (APUD: LOUREIRO, Carlos Bernardo. IN: Das Profecias à Premonição: passado, presente e futuro se fundem para constituir a eternidade. Rio de Janeiro: FEB, 1999).


Ainda hoje os sonhos premonitórios ou retrocognitivos desafiam os cultores das explicações biologizantes para fenômenos que ultrapassam o sensório humano conhecido e tão bem estudado. Ter a coragem de seguir nas pesquisas deles, é estar a auxiliar o progresso da Humanidade.


(*) Leonardo Paixão é trabalhador espírita. Fundador e Presidente do Grupo Espírita Semeadores da Paz em Campos dos Goytacazes, RJ  .

Como escritor e pesquisador espírita tem dois livros publicados pela editora EVOC: Reflexões Doutrinárias e Novas Reflexões Doutrinárias e artigos outros publicados no jornal online O Rebate, na Revista Reformador, da FEB, no grupo Espiritismo com Kardec (ECK) no facebook e neste blog.

sábado, 10 de junho de 2023

Nos Bastidores da Obsessão - Estudo

 Exórdio (Continuação).

"(...) A partir da publicação de O livro dos médiuns, em janeiro de 1861, em Paris, todo um conjunto de regras, com um notável esquema das faculdades mediúnicas, foi apresentado, a par de seguro estudo do Espírito, nas suas diversas facetas, culminando com o exame das manifestações espíritas, organização de sociedades e palestras dos Espíritos elevados, que traçaram rotas de segurança para os que ingressarem na investigação racional dos fenômenos medianímicos. A bússola para o sadio exercício da mediunidade foi apresentada com rigoroso equilíbrio, através da obra magistral".


Comentário de Leonardo Paixão; 

Esse trecho traz a lembrança de uma mensagem que nosso Guia Espiritual, Alberto nos deixou anos atrás e reproduziremos aqui:


 Páginas de Luz

Há 150 anos, após exaustivas pesquisas, Allan Kardec dava a lume O Livro dos Médiuns (1), um trabalho de fôlego a reunir os mais diferentes tipos de fenômenos e as mais diversificadas formas de mediunidade.   

Inteligência incomum, o Nobre Lionês observa que a mediunidade está dividida em duas grandes classificações: efeitos físicos e efeitos inteligentes. A sua observação irá ratificada por outros sábios que investigarão os fenômenos da psique humana. Na Metapsíquica, Ciência fundada pelo prêmio Nobel de Fisiologia, o Dr. Charles Richet, este classifica os fenômenos metapsíquicos em objetivos e subjetivos; os doutores Thouless e Wiesmer, designaram os fenômenos de Psi-Kapa (físicos) e Psi-Gama (mentais); Ernesto Bozzano, o sábio metapsiquista italiano, que escreveu proficuamente sobre os fenômenos paranormais, usou do método utilizado por Kardec e de maior segurança: o Controle Universal do Ensino dos Espíritos.

O Livro dos Médiuns ou Guia dos Evocadores, não é livro para enfeitar prateleiras ou ser aberto apenas em estudos especializados. Não, ele é fonte segura de orientação a todos os que desejam experimentar o contato com o Invisível. Nele as diretrizes para as reuniões saudáveis e para o aprendizado dos mistérios de além-túmulo.     

Nenhum tratado de Metapsíquica ou de Parapsicologia que se lhe tenha superado, mesmo a propagada Transcomunicação Instrumental (TCI) encontra respostas em suas páginas de luz.

Animismo, Obsessão, casas mal-Assombradas, Poltergeist, Refutação aos Sistemas e modos outros de encarar o Espiritismo, está tudo lá com uma argumentação sólida baseada na razão e nos fatos.

Ler, reler, estudar e meditar este tratado de Fenomenologia Parapsíquica, é dever de todo espírita consciente da necessidade do estudo e de sua colaboração com a Vida Maior para o bom andamento do Consolador no seio do mundo.

A Allan Kardec o nosso respeito e a nossa veneração.

Kardec ontem, Kardec, hoje.

Alberto, guia do médium

Nota do médium: (1) - Essa memsagem foi recebida no dia 28/07/2011. O Livro dos Médiuns foi lançado em 15 de Janeiro de 1861, portanto em 2011 foram celebrados os seus 150 anos.


"(...) De Kardec aos nossos dias, todavia, quantas edificantes realizações e preciosos estudos em torno dos médiuns, da mediunidade, das obsessões e das desobsessões têm sido apresentadas! Este capítulo dos problemas psíquicos  - a obsessão - tem merecido dos cristãos novos o mais acendrado interesse".


Comentário de Leonardo Paixão:

Após Kardec, vieram Gabriel Delanne, Cammille Flammarion, Léon Denis, Etnesto Bozzano, Carl Wickland, Alfred Erny, etc.

No Brasil, temos as seguintes obras de pesquisadores encarnados:

- A Loucura sob novo prisma, de Adolfo Bezerra de Menezes;

- Novos Rumos à Medicina, 2 volumes, de Inácio Ferreira;

- A Psiquiatria em Face da Reencarnação, de Inácio Ferreira;

- A Obsessão, o passe, a doutrinação, de José Herculano Pires;

- Vampirismo, de José Herculano Pires;

- Diálogo com as Sombras, de Hermínio Miranda;

- Coleção Histórias que os Espíritos contaram, de Hermínio Miranda;

- A Obsessão e seus Mistérios, de Carlos Bernardo Loureiro; 

- Obsessão/Desobsessão, de Suely Caldas Schubert;

- A Obsessão e suas Máscaras, de Marlene Nobre.


Citei estes poucos livros, para termos uma ideia sobre o quanto o assunto vem sendo desenvolvido. Sem falarmos nas extensas obras mediúnicas de Chico Xavier - notadamente as obras de Emmanuel e André Luiz -, de Divaldo Pereira Franco - notadamente as obras da Série Psicológica Joanna de Ângelis e as de Manoel Philomeno de Miranda, e as obras vindas por Yvonne do Amaral Pereira.

Material não nos falta para estudarmos, precisamos deixar de lado, tantas vezes, nossa preguiça mental.


"Sinal dos tempos a que se referem os escritos evangélicos prenuncia essa dor generalizada, a Era do Espírito Imortal".


Comentário de Leonardo Paixão:

Ver oo cap. XVIII - São chegados os tempos, do livo A Gênese, de Allan Kardec.

O desequilíbrio gerado pelo processo obsessivo em indivíduos de todo o mundo, vem chamar a atenção dos estudiosos das Ciências Psicológicas, especialmente, quando, cessada a obsessão, a pessoa retoma o seu estado normal. E, a mudança moral do sujeito, promove mudança no estado social. Obviamente que tal modificação na sociedade só pode ser apreciada a partir de uma proliferação de indivíduos com novos valores, pois individualmente, a observação de um novo comportamento fica restrita aos núcleos em que aquele indivíduo circula.


'(...) Os altos índices da criminalidade de todos os matizes e as calamidades sociais espalhadas na Terra são, todavia, alguns fatores predisponentes e preponderantes para as obsessões..."


Comentário de Leonardo Paixão:

As vítimas de hoje a depender de seu estado espiritual, poderão ser os obsessores de amanhã, isto é, quando os que a elas fizeram mal, estiverem reencarnados ou já nesta reencarnação, como temos visto ocorrer em nossas sessões de desobsessão. Na Revista Espírita, ano 1859, mês de Novembro, Allan Kardec nos traz interessante relato. Leiamos: 

Um dos nossos correspondentes, homem de grande saber e portador de títulos científicos oficiais, o que não o impede de cometer a fraqueza de acreditar que temos uma alma e que essa alma sobrevive ao corpo, que depois da morte fica errante no espaço e ainda pode comunicar-se com os vivos, tanto mais quanto ele próprio é um bom médium e mantém conversas com os seres de além-túmulo, dirige-nos a seguinte carta:

 

“Senhor,

“Talvez julgueis acertado agasalhar na vossa interessante revista o fato seguinte:

“Há algum tempo eu era jurado. O tribunal devia julgar um moço, apenas saído da adolescência, acusado de ter assassinado uma senhora idosa em circunstâncias horríveis. O acusado confessava e contava os detalhes do crime com uma impassibilidade e um cinismo que faziam fremir a assembleia.

“Entretanto é fácil prever, em virtude da sua idade, da sua absoluta falta de educação e dados os estímulos recebidos em família, que fossem apresentadas em seu favor circunstâncias atenuantes, tanto mais que ele fora levado pela cólera, agindo contra uma provocação por injúrias.

“Eu quis consultar a vítima a respeito do grau de sua culpabilidade. Chamei-a, durante uma sessão, por uma evocação mental. Ela me fez saber que estava presente e eu pus minha mão às suas ordens. Eis a conversação que tivemos ─ eu, mentalmente, ela pela escrita:

“─ O que a senhora pensa de seu assassino?

“─ Não serei eu quem o acusará.

“─ Por quê?

“─ Porque ele foi levado ao crime por um homem que me fez a corte há cinquenta anos e que, nada tendo conseguido de mim, jurou vingar-se. Conservou, após a sua morte, o desejo de vingança e aproveitou as disposições do acusado para lhe inspirar o desejo de matar-me.

“─ Como sabe disso?

“─ Porque ele mesmo me disse, quando cheguei a este mundo que hoje habito.

“─ Compreendo sua reserva diante dos estímulos que o seu assassino não repeliu como deveria e poderia. Mas a senhora não pensa que a inspiração criminosa, à qual ele voluntariamente obedeceu, não teria sobre ele o mesmo poder, se não houvesse nutrido ou entretido, durante muito tempo, sentimentos de inveja, de ódio e de vingança contra a senhora e a sua família?

“─ Com certeza. Sem isso ele teria sido mais capaz de resistir. Eis por que digo que aquele que quis vingar-se aproveitou as disposições desse moço. O senhor compreende que ele não se teria dirigido a alguém que se dispusesse a resistir.

“─ Ele goza com a sua vingança?

“─ Não, pois vê que isso lhe custará caro. Além disso, em lugar de me fazer mal, ele me prestou um serviço, fazendo-me entrar mais cedo no mundo dos Espíritos, onde sou mais feliz. Foi, pois, uma ação má sem proveito para ele.

“Circunstâncias atenuantes foram admitidas pelo júri, baseadas nos motivos acima indicados, e a pena de morte foi descartada.

“A respeito do que acabo de contar, deve fazer-se uma observação moral de grande importância. É necessário concluir, com efeito, que o homem deve vigiar os seus menores pensamentos malévolos e até mesmo os seus maus sentimentos, por mais fugidios que pareçam, pois eles podem atrair para si Espíritos maus e corrompidos, e expô-lo, fraco e desarmado, às suas inspirações culposas. É uma porta que ele abre ao mal, sem compreender o perigo. Foi, pois, com um profundo conhecimento do homem e do mundo espiritual que Jesus Cristo disse: ‘Todo aquele que olhar para uma mulher para cobiçá-la, já em seu coração adulterou com ela.’ (Mat. 5:28).

“Tenho a honra, etc

SIMON M...”


"A Doutrina Espírita, porém, possui os antídotos, as terapias especiais para tão calomitoso mal".


Comentário de Leonardo Paixão: 

No prefácio ao livro A Obsessão: instalação e cura, organizado por Adilton Pugliese adverte Manoel Philomeno de Miranda:

"A leviandade tem-se apresentado com teorias fascinantes e inócuas, prometendo curas miraculosas e outros resultados imediatos, como se estivesse diante de uma patologia simples, ao tempo em que se tratasse com fenômenos  cujas causas imediatas pudessem ser removidas a passes de mágica ou de fabuloso poder. Esquecida que o enfrentamento obsessivo tem geratriz anterior e assenta as suas raizes em fatores emocionais muito profundos, não pode ser combatida senão através de cuidadosa terapia espiritual, na qual ambos os litigantes se resolvam pelo amor, pelo olvido ao mal e construção do bem, renovando-se e iluminando-se com o conhecimento da realidade que dimana de Jesus-Cristo, o Psicoterapeuta excelente, que libertou inúmeros enfermos de todos os tipos que dEle se acercaram e se resolveram por mudar o panorama íntimo, adquirindo saúde moral.

A psicoterapia desobsessiva exige cuidados especiais e somente pessoas credenciadas pela conduta espiritual e pelo conhecimento do Espiritismo, que estejam habituadas ao intercâmbio mediúnico, particularmente com os Espíritos mentirosos, embusteiros, obsessores, que são portadores de incontáveis habilidades na arte de iludir e malsinar".

Terminamos essa parte de nosso estudo alertando:

No Espiritismo encontramos o estudo racional sobre obsessões e os meios de as curar, sem misticismos tolos e fórmulas vazias 


Deus a todos abençoe!!