Examinando a Obsessão (Continuação)
"Na Terra, igualmente, é muito grande o número de encarnados que se converten, por irresponsabilidade e invigilância, em obsessores de outros encarnados, estabelecendo um consórcio de difícil erradicação e prolongada duração, quase sempre em forma de vampirismo inconsciente e pertinaz. São criaturas atormentadas, feridas nos seus anseios, invariavelmente inferiores que, fixando aqueles que elegem gratuitamente como desafetos, os perseguem em corpo astral, através dos processos de desdobramento inconsciente, prendendo, muitas vezes, nas malhas bem urdidas da sua rede de idiossincrasias, esses desassisados morais, que, então, se transformam em vítimas portadoras de enfermidades complicadas e de origem clínica ignorada..."
Comentário de Leonardo Paixão:
Para uma boa fixação desse tipo de obsessão, a de encarnado para encarnado, vamos nos valer das observações simples e diretas da irmã Suely Caldas Schubert em seu livro Obsessão/Desobsessão:
"Pessoas obsidiando pessoas existem em grande número. Estão entre nós. Caracteriza-se pela capacidade que têm de domínar mentalmente aqueles que elegem como vítimas.
Este domínio mascara-se com os nomes de ciúme, inveja, paixão, desejo de poder, orgulho, ódio, e é exercido, às vezes, de maneira tão sutil que o dominado se julga extremamente amado. Até mesmo perseguido.
Essas obsessões correm por conta de um amor que se torna tiranizante, possessivo, tolhendo e sufocando a liberdade do outro.
É, por exemplo, o marido que limita a liberdade da esposa, mantendo-a sob o jugo de sua vontade; é a mulher que tiraniza o companheiro, escravizando-o aos seus caprichos; são os pais que se julgam no direito de governar os filhos, cerceando-lhes toda e qualquer iniciativa; são aqueles que, em nome da amizade, influenciam o outro, mudando-lhe o modo de pensar, exercendo sempre a vontade mais forte, o domínio sobre a que se apresentar mais passiva.
São ainda as paixões escravizantes que, desequilibrando emocionalmente os seres, podem ocasionar dramas dolorosos, configurados em pactos de suicídio, assassínios, etc.
A dominação mental acontece não só no plano terreno, isto é, nas ocorrências do dia a dia, mas prossegue principalmente durante o sono físico, quando os seres assim comprometidos se defrontam em corpo astral, parcialmente libertos do corpo carnal dando curso em maior profundidade ao conúbio infeliz em que se permitiram enredar.
O mesmo sucede sob o império do ódio ou quaisquer outros sentimentos de ordem inferior.
Até mesmo dentro dos lares, na mesma família, onde se reencontram antigos desafetos, velhos companheiros do mal, comparsas de crimes nefandos, convocados pela Justiça Divina ao reajustamento. Entretanto, escravizados ao passado, deixam-se levar por antipatia e aversão recíprocas, que bem poucos conseguem superar de imediato.
Surgem daí muitas das rixas familiares, já que esses Espíritos, agora unidos pelos laços da consanguinidade, prosseguem imantados às paixões do pretérito, emitindo vibrações inferiores e obsidiando-se mutuamente.
São pais que recebem, como filhos, antigos obsessores. É o obsessor de ontem que acolhe nos braços, como rebento de sua carne, a vítima de antanho.
E esses seres se entrelaçam nos liames consanguíneos para que tenham a precisa ensancha de modificar os próprios sentimentos, vencendo aversões, rancores ou mágoas.
Reduzido, porém, ainda é o número dos que conseguem triunfar, conquistando o vero sentimento de fraternidade, tolerância e amor".
"Outros, ainda, afervorados a esta ou àquela iniquidade, fixam-se mentalmente, a desencarnados que efetivamente se identificam e fazem-se obsessores destes, amargurando-os e retendo-os às lembranças da vida física, em lamentável comunhão espiritual degradante..."
Comentário de Leonardo Paixão:
Neste trecho, o Espírito Manoel Philomeno de Miranda está a falar sobre a obsessão de desencarnado para desencarnado, especialmente no que toca ainda fundo ao desencarnado: as sensações da vida no corpo físico.
Allan Kardec na Introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo, item IV - Tópico: Resumo da Doutrina de Sócrates e de Platão, n. IV transcreve:
"A alma impura, nesse estado, se encontra oprimida e se vê de novo arrastada para o mundo visível, pelo horror do que é invisível e imaterial. Erra, então, diz-se, em torno dos monumentos e dos túmulos, junto aos quais já se têm visto tenebrosos fantasmas, quais devem ser as imagens das almas que deixaram o corpo sem estarem ainda inteiramente puras, que ainda conservam alguma coisa da forma material, o que faz que a vista humana possa percebê-las. Não são as almas dos bons; são, porém, as dos maus, que se veem forçadas a vagar por esses lugares, onde arrastam consigo a pena da primeira vida que tiveram e onde continuam a vagar até que os apetites inerentes à forma material de que se revestiram as reconduzam a um corpo. Então, sem dúvida, retomam os mesmos costumes que durante a primeira vida constituíam objeto de suas predileções".
Esaa transcrição que Allan Kardec fez e que aqui reproduzimos, vem mostrar que, desde tempos antigos, se conhecia sobre o estado dos Espíritos após a morte do corpo físico, bem como que o Espírito impuro haveria de reencarnar e o que alcançou a pureza não tem mais necessidade de reencarnação. É o que nos dizem os Espíritos Superiores, conforme podemos atestar na leitura das obras de Allan Kardec.
Falamos até aqui do Espírito desencarnado ainda cheio de lembranças e desejos de sensações físicas, mas, como ocorre o processo obsessivo de desencarnado para desencarnado? Sabemos que a mente é o fator que promove tal sintonia, mas de que forma específica? Iremos nos valer novamente do livro Obsessão/Desobsessão, de Suely Caldas Schubert:
"Desencarnado para Desencarnado
Espíritos que obsidiam Espíritos. Desencarmados que dominam outros desencarnados, sâo expressões de um mesmo drama que se desenrola tanto na Terra quanto no Plano Espiritual inferior.
As humanidades se entrelaçam: a dos seres incorpóreos e a dos que retomaram a carne.
Situações que ocorrem na Crosta são, em grande parte, reflexos da odisseia que desenvolve no Espaço. E vice-versa.
Os homens são os mesmos: carregam os seus vícios e paixões, as suas conquistas e experiências onde quer que estejam.
Por isso há no Além-Tímulo obsessões entre Espíritos. Por idênticos motivos das que ocorrem na face da Terra.
Em quase todos os processos obsessivos desencadeados pelo que já desencarnou, junto ao que ainda está preso ao veículo físico, o obsessor cioso da cobrança costuma, em geral, aliciar outros Espíritos para secundá-lo em sua vingança. Tais "ajudantes" são invariavelmente inferiores e de inteligência menos desenvolvida que a de seus chefes. A sujeição mental a que se submetem tem suas origens no temor até em compromissos ou dívidas existentes entre eles, havendo casos em que o "chefe" os mantém sob hipnose - processo análogo, aliás, ao utilizado com as vítimas encarnadas.
O jugo dos obsessores só é possível em razão da desarmonia vibratória de suas presas, que só alcançarão a liberdade quando modificarem a própria direção mental. Certamente recebem, tanto quanto os obsessores,vibrações amorosas e equilibradas dos Benfeitores Espirituais, que lhes aguardam a renovação. Espíritos endividados e conpromissados entre si mesmos, através de associações tenebrosas, de idêntico padrão vibratório, se aglomeram em certas regiões do Espaço, obedecendo à sintonia e à lei de atração, formando hordas que erram sem destino ou se fixam temporariamente, em cidades, colônias, núcleos, enfim, de sombras e trevas.
Tais núcleos têm dirigentes, que se proclamam juízes, julgadores, chamando a si a tarefa de distribuir "justiça" aos Espíritos igualmente culpados e também devotados ao mal, ou endurecidos pela revolta e pela descrença. Na obra Libertação, de André Luiz, encontramos a descrição de uma dessas cidades e no livro Nos Bastidores da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, temos notícias de um desses núcleos trevosos.
Aí, nesses redutos das sombras, comete-se toda sorte de atrocidades e os Espíritos aferrados ao mal são julgados e condenados por outros ainda em piores condições. Torturas inimagináveis, crueldades, atos nefandos são praticados por esses seres que se afastaram deliberadamente do bem. Esses agentes do mal, todavia, não estão abandonados pela misericórdia do Senhor, e sempre que ofereçam condições propícias são balsamizados pelas luzes divinas a ensejar-lhes a transformação. Um dia retornarão ao aprisco, porque nenhuma das ovelhas se perderá..."
Como já vai longo esse estudo, continuaremos em próxima postagem.
Deus a todos abençoe!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário