Por Leonardo Paixão(*)
Artigo publicado também em: http://paespirita.blogspot.com.br/2016/10/guias-espirituais.html
“Que se deve entender por anjo de guarda ou anjo guardião?”
“O Espírito protetor, pertencente a uma ordem elevada”. (O Livro dos Espíritos, questão 490)
Defrontamo-nos assim que começamos os nossos estudos do Espiritismo com a expressão “Anjo da Guarda”, muitos companheiros e companheiras de nosso Movimento ainda mantém dúvidas, devido, claro, à falta de estudo das Obras Básicas, confundindo tal termo poético usado pelos Espíritos e por Allan Kardec com os conceitos advindos de outros credos religiosos.
Temos também lido artigos onde se colocam definições a respeito dos termos “anjo da guarda”, “mentor”, “guia”, “protetor”, o que consideramos equivocada tal posição, pois diante do que lemos a respeito em O Livro dos Espíritos (questões 489 a 514), fica lá muito claro que todos estes termos se referem a uma mesma classe de Espíritos, os Guias Espirituais ou Mentores Espirituais. É importante que elucidemos quem são e o objetivo dos Guias Espirituais, já que ouvimos certa feita de dirigente de Instituição Espírita que considerava que “Anjo da Guarda” era um anjo mesmo, criatura à parte da criação e que o Guia ou Mentor Espiritual fosse um Espírito subordinado ao “Anjo da Guarda”, quanta falta faz o estudo sistematizado da Doutrina Espírita! e, por falta deste, vemos muitos dirigentes despreparados doutrinariamente, verdadeiros iniciantes que por motivos vários, nem sempre louváveis, são colocados em encargos de altíssima responsabilidade e, por isso mesmo, não raro, desvirtuando os caminhos do Evangelho Redivivo nas Instituições que administram. Ter boa vontade ou ser um bom administrador não supre a falta do estudo doutrinário que nos orienta para a melhor forma de ação.
Em resposta a um leitor da Revista Eletrônica O Consolador (1) a respeito de “Anjos da Guarda”, “Mentores”, “Protetores” e suas supostas diferenças, o confrade Astolfo Olegário de Oliveira Filho faz um resumo da explicação de Kardec e dos Benfeitores Espirituais nas questões por nós citadas acima:
1. Cada anjo de guarda tem o seu protegido, pelo qual vela, como o pai pelo filho. Alegra-se, quando o vê no bom caminho; sofre, quando ele lhe despreza os conselhos.
2. Anjo de guarda ou anjo guardião é o mesmo que Espírito protetor, pertencente a uma ordem elevada.
3. Sua missão é como a de um pai com relação aos filhos: guiar seu protegido pela senda do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, levantar-lhe o ânimo nas provas da vida.
4. Cabe ao Espírito protetor o direito de escolher os seres aos quais irá proteger. Essa tarefa para alguns é um prazer; para outros, missão ou dever.
5. Diferentemente dos Espíritos familiares, o Espírito protetor, anjo de guarda, ou bom gênio, é o que tem por missão acompanhar o homem na vida e ajudá-lo a progredir. É sempre de natureza superior, com relação ao protegido.
6. O Espírito protetor não abandona seu protegido, mas pode afastar-se quando vê que seus conselhos são inúteis e que mais forte é, no seu protegido, a decisão de submeter-se à influência dos Espíritos inferiores.
7. Nem nos cárceres, nem nos hospitais, nem nos lugares de devassidão, nem na solidão, estamos separados do Espírito que nos protege.
8. O Espírito protetor pode influenciar-nos mesmo estando milhões de quilômetros distante de nós.
9. A ação dos Espíritos que nos querem bem é sempre regulada de maneira que não nos tolha o livre-arbítrio, porquanto, se não tivéssemos responsabilidade, não avançaríamos na senda que nos há de conduzir a Deus.
10. O Espírito protetor, que consegue trazer ao bom caminho o seu protegido, adquire um mérito que lhe é levado em conta, seja para seu progresso, seja para sua felicidade.
11. Uma vez no plano espiritual, reconheceremos o Espírito que foi na Terra o nosso protetor.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 18, item 11 assim está:
“Além do anjo guardião, que é sempre um Espírito superior, temos Espíritos protetores que, embora menos elevados, não são menos bons e magnânimos. Contamo-los entre amigos, ou parentes, ou até, entre pessoas que não conhecemos na existência atual. Eles nos assistem com seus conselhos e, não raro, intervindo nos atos da nossa vida”.
Yvonne do Amaral Pereira, digna médium que nos deixou instrutivas obras seja pela psicografia seja pela inspiração, em nota a este trecho do Evangelho, em seu livro “Recordações da Mediunidade”, cap. 7 – Amigo Ignorado nos esclarece que o anjo guardião é: “Chefe da falange ou da legião espiritual a que pertencemos, Espírito de alta elevação moral e intelectual”.
Este esclarecimento de Yvonne Pereira se confirma diante dos fatos de que Emmanuel, guia espiritual de Chico Xavier o acompanha desde longas eras, assim como Joanna de Ângelis, guia espiritual de Divaldo Franco o acompanha desde muito, também o guia espiritual do médium Raul Teixeira, o Espírito Camilo, o acompanha há tempos tendo-lhe revelado que “nosso envolvimento mais profundo se deu nos tempos das arenas romanas e que, no século XII, com os labores do Iluminado de Assis, na Úmbria, assumimos compromissos graves que, por minha vez, não consegui cumprir” (2). E assim foi com a própria Yvonne Pereira que está ligada ao seu guia espiritual, o Espírito Charles por diversas existências e assim, conforme temos observado, se dá com a maioria dos médiuns.
Qual a função, o trabalho dos Guias, é apenas proteger os seus guiados, orientá-los ou vai mais além? Em nosso livro virtual “Dimensões Espirituais da Vida” (3), respondemos a isso de forma simples, fácil ao entendimento:
“O trabalho dos Guias
Os espíritos Guias são os que têm uma visão ampla da vida, são os chefes da falange espiritual da qual fazemos parte. Eles nos orientam para o Bem e para o nosso bem. O trabalho deles, ainda que possam nos auxiliar em algum sentido material, é o de nos mostrar o caminho a seguir para cumprirmos com o nosso avanço na caminhada evolutiva.
Guias verdadeiros não nos dirão em que número de loteria ou jogo de bicho marcar. Não. Guias verdadeiros nos auxiliarão à medida em que estivermos com os nossos canais abertos, ouvindo-os intuitivamente e agindo positivamente, culminando as nossas ações em bem para nós mesmos e para outros. Guias não são egoístas e suas intuições não favorecem tão-só o guiado, mas ensinam a ele o valor da fraternidade.
Resumindo: o trabalho dos Guias é o fazer avançar a espécie humana”. (Cap. V – O Auxílio da Luz).
E para os trabalhadores do setor mediúnica nas Instituições Espíritas, a salutar instrução do Espírito Yvonne Pereira:
“À ESPERA DOS GUIAS
Toda reunião de intercâmbio espiritual objetiva amparo, socorro, aprendizado e esclarecimento. Todavia, muitos grupos mediúnicos fascinam-se à espera de grandes orientadores da humanidade.
O intercâmbio com o Além não é uma caixa mágica, de onde salte a solução para todas as indagações humanas e de onde procedam as respostas para todos os problemas.
Mediunidade é sintonia e necessita de instrumento bem habilitado e moralmente renovado para ligar-se a esferas maiores.
Entretanto, os efetivos guias da humanidade não costumam condicionar os homens ou aprisioná-los com fenômenos; pelo contrário, gostam de incentivar o estudo e a liberdade de raciocínio. Solicitam, antes, a análise rigorosa de tudo quanto ditam, desenvolvendo, nos partícipes, a necessária parcela de contribuição, como demonstrou Allan Kardec.
Os verdadeiros amigos espirituais são discretos, sinceros, quase sempre orientam de modo geral e nunca, jamais impõem suas instruções.
Dessa feita, os grupos que estão insistentemente à espera de guias, preocupem-se em bem proceder, em exaltar a verdade, na prática silenciosa da benemerência, porque somente assim, agindo e vivendo os princípios do Evangelho, atrairão a presença dos bons Espíritos.” (Yvonne entre Nós/ pelo Espírito Yvonne do Amaral Pereira; [psicografado por] Emanuel Cristiano; apresentação de Therezinha Oliveira. Campinas, SP: Allan Kardec, 2006. pp. 26-27).
Notas:
(2) Correnteza de Luz. [psicografado por] J. Raul Teixeira; pelo Espírito Camilo. 4. ed. Niteroi, RJ: Fráter Livros Espíritas, 2011. p. 13.
(*) - Leonardo Paixão é trabalhador espírita em Campos dos Goytacazes, RJ, colaborando com amigos de Ideal no Grupo Espírita Semeadores da Paz.