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terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Nos Bastidores da Obsessão - Estudo

Examinando a Obsessão (Continuação)

Por Leonardo Paixão 



Da mesma forma que as enfermidades orgânicas se manifestam onde há carência, o campo obsessivo se desloca da mente para o departamento somático onde as imperfeições morais do pretérito deixaram marcas profundas no perispírito.

Tabagismo – O fumo, pelos danos que ocasiona ao organismo, é, por isso mesmo, perigo para o corpo e para a mente.

Hábito vicioso, facilita a interferência de mentes desencarnadas também viciadas, que se ligam em intercâmbio obsessivo simples a caminho de dolorosas desarmonias.

 

Para este estudo, façamos primeiro algumas breves observações, lembrando que, ao falarmos sobre cigarro, não estamos nos atendo apenas a uma forma e sim às várias formas de fumo como cigarros eletrônicos, cachimbos de fumo, narguilês, charutos, cigarros de palha, maconha, qualquer forma de utilização de fumo.

 

Breve História do Tabaco

A historiografia nos auxilia no entendimento de como surgem elementos como o tabaco na sociedade.

Vejamos o que resumidamente nos trazem pesquisas a respeito:

 

O hábito de fumar teve diversas significações ao longo da história. No processo de descoberta do continente americano o hábito seria um exotismo apreciado pelos curiosos europeus. Séculos mais tarde, as películas dos primeiros filmes norte-americanos colocavam um pomposo cigarrinho na boca de suas divas e galãs como sinal de seu estilo de vida sofisticado. Hoje em dia, é alvo de grandes disputas judiciais e campanhas que combatem o hábito extremamente nocivo à saúde.


No entanto, quais seriam os primeiros responsáveis por criar esse hábito que ainda atrai milhares de pessoas ao redor do mundo? De acordo com as pesquisas voltadas para o assunto, a descoberta do cigarro deve ser atribuída aos nativos que moravam no continente americano. Alguns indícios arqueológicos apontam que o consumo de cigarro já acontecia há mais de oito mil anos. Os astecas fumavam o tabaco enrolado em folhas de junco ou tubos de cana. Outros povos preferiam a velha, e ainda conhecida, casca do milho.

 

Em um vaso maia do século X, foram encontrados índicos arqueológicos com o desenho de um grupo de indígenas fumando um chumaço de folhas de tabaco enroladas a um tipo de barbante. Aproximadamente cinco séculos mais tarde, quando o navegador Cristóvão Colombo chegou à América, os europeus tomaram gosto pelos hábitos dos nativos encontrados na região das Bahamas. Na ocasião, o navegador Rodrigo de Xerxes experimentou o hábito indígena e, quando retornou à Europa, levou algumas folhas consigo.

Algumas décadas mais tarde, os europeus passaram a reinventar os modos de consumo do tabaco. Já no século XVI apareceram os primeiros charutos, que se restringiam a uma pequena parcela da população que tinha condições de pagar pela cara especiaria. Surpreendentemente, foi o próprio caráter excludente do charuto que abriu caminho para a criação do cigarro. Trabalhadores pobres de Sevilha picavam restos de charuto na rua e enrolavam em papel.

Criando esse “charuto alternativo” teríamos o estabelecimento dos primeiros cigarros de toda a História. Apesar da criatividade empregada e a funcionalidade do novo produto, passaram vários séculos para que o consumo de cigarro se tornasse bastante popular. Segundo algumas estimativas, no final do século XIX, o hábito de mascar tabaco era bem mais popular que o consumo do cigarro. Somente no final desse mesmo século, o cigarro foi popularizado quando James Bonsack criou a máquina de enrolar cigarros.

 

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), os soldados ganhavam carteiras de cigarro nas trincheiras de guerra. Atualmente, segundo algumas estimativas, cerca de um bilhão de pessoas fumam regularmente. A popularização do seu consumo acabou incitando vários problemas de saúde pública que hoje justificam a proibição por lei do uso do cigarro em lugares onde há grande circulação de pessoas.

https://www.historiadomundo.com.br/curiosidades/a-invecao-do-cigarro.htm

 

 

Tendo visto acima a breve história do tabaco e o quanto o seu uso recorrente no século XX, ocasionou diversos problemas de saúde pública, levando não só à proibição de se fumar em locais fechados, mas também a não se ter propagandas como se tinha no século XX, levando a se considerar que fumar era sinônimo de elegância e status social.

Antes de entrarmos na questão espiritual que tal hábito envolve, nunca será demais nos reportarmos ao que nos dizem especialistas em saúde a respeito.

Da obra de um médico e amigo que, inclusive realiza um belo trabalho de atendimento voluntário no Grupo Espírita Semeadores da Paz, Campos dos Goytacazes, RJ, trazemos as seguintes recomendações:

 

(...) Adote um estilo de vida saudável: Uma alimentação equilibrada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras, é fundamental para controlar a pressão arterial. Reduza o consumo de sal, alimentos processados, gorduras saturadas e açúcares adicionados. Além disso, pratique atividade física regularmente e evite o tabagismo e o consumo excessivo de álcool.

(...)

Evite o tabagismo: Fumar danifica os vasos sanguíneos e aumenta o risco de hipertensão e doenças cardiovasculares. Se você fuma, procure ajuda para parar e evite a exposição ao fumo passivo. (MARCELO, Paulo. Saúde ativa para terceira idade: dicas e orientações. Rio de Janeiro, RJ: Autografia, 2023. Cap. 2 – Hipertensão: Monitoramento da pressão arterial e cuidados preventivos. pp. 19 e 20)

 

E atentemos às recomendações da Organização Mundial da Saúde:

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou nesta terça-feira (2) um conjunto de intervenções contra o tabagismo, incluindo apoio comportamental a ser oferecido por profissionais de saúde, intervenções digitais e tratamentos farmacológicos. Esta é a primeira vez que a entidade apresenta diretrizes para o tratamento contra o tabagismo.

A proposta, segundo a OMS, é ajudar mais de 750 milhões de usuários de tabaco que desejam abandonar o consumo de diversos derivados do tabaco, incluindo os tradicionais cigarros, narguilés, produtos de tabaco sem combustão, charutos, tabaco de enrolar e produtos de tabaco aquecido (HTP).

“Essas diretrizes representam um marco crucial na nossa batalha global contra esses produtos perigosos”, avaliou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. A estimativa da entidade é que mais de 60% dos 1,25 bilhões de usuários de tabaco em todo o mundo – mais de 750 milhões de pessoas – desejam parar de fumar, mas 70% não têm acesso a serviços eficazes.

Recomendações

De acordo com a OMS, a combinação de farmacoterapia com intervenções comportamentais aumenta significativamente as taxas de sucesso no abandono do tabagismo. “Países são incentivados a fornecer esses tratamentos sem custos ou com custos reduzidos para melhorar a acessibilidade, especialmente em nações de baixa e média renda”.

Dentre as diretrizes, a entidade recomenda o uso de vareniclina, medicamento que tem a função de diminuir o desejo intenso de fumar, além de aliviar crises de abstinência (sintomas mentais e físicos que ocorrem após a interrupção ou diminuição do consumo da nicotina).

Outra recomendação é a terapia de reposição de nicotina (TRN), que pode ser feita, segundo critério clínico, utilizando goma de mascar de nicotina, pastilha de nicotina ou adesivo transdérmico de nicotina.

As diretrizes incluem ainda medicamentos como bupropiona ou cloridrato de bupropiona (antidepressivo) e citisina (fármaco à base de plantas) no tratamento contra o tabagismo.

A OMS também recomenda intervenções comportamentais, incluindo aconselhamento breve com profissionais de saúde, com tempo médio de 30 segundos a três minutos, oferecido como rotina em ambientes de cuidados em saúde, além de apoio comportamental mais intensivo por meio de aconselhamento individual, em grupo ou por telefone.

Dentre as intervenções digitais sugeridas pela entidade estão mensagens de texto, aplicativos para smartphone e programas de internet a serem utilizados como “complementos ou ferramentas de autogestão”.

https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2024-07/oms-lanca-diretrizes-ineditas-para-tratamento-contra-o-tabagismo

 

Tendo explorado até aqui as questões ligadas à saúde do corpo físico e sem que venhamos fazer uma proposta cartesiana de dicotomizar corpo/Espírito, até porque somos seres integrais: Espírito, mente, corpo, e transitamos nas mais diversas esferas da vida (espiritual, social e física) avançando para a sublimação onde um dia estaremos plenos porque vivendo junto ao Criador, tratemos agora das questões da obsessão espiritual ligadas ao tabagismo.

Como, em geral, o processo obsessivo inicia-se de modo sutil, assim também, ocorre no caso do tabagismo. No decorrer do século XX, como vimos acima, haviam muitas propagandas de cigarros unindo elementos como carros do ano e belos homens e mulheres, além de filmes os mais diversos em que os protagonistas apareciam com seus cigarros como símbolo de elegância e de status social, o que levou considerável número de pessoas a aderirem a tal prática prejudicial às suas saúdes. Entre os jovens da época, a busca por aceitação no grupo popular da escola e para serem os “descolados”, propiciou que o consumo do cigarro aumentasse entre esse grupo social. Estudando o campo da obsessão, não nos é difícil perceber que a técnica usada pelos obsessores nesses casos é a de inspirar pensamentos tanto aos colegas quanto ao indivíduo em prova tais como: “Vamos, dê só uma tragada...só um tapa”; “Ah! Que é isso?! Uma vez só não há de me fazer mal, né?” “Aquela garota (ou aquele garoto) vai ficar mais próxima (o) de mim se eu estiver na mesma vibe dele (a)”. Pegando o cigarro e experimentando a primeira vez e vindo a sensação de aceitação de um grupo de colegas ou de uma (um) garota (o) da (o) qual se gosta, está estabelecido o laço espiritual que, mais adiante, levará a consequências terríveis, caso não se afaste a pessoa desse mau hábito.

E a obsessão que leva à intensificação de uso de substâncias nocivas ao organismo não prejudica apenas ao próprio indivíduo, mas também às pessoas com quem convive, tanto assim é, que há um comportamento chamado de codependente para pessoas que convivem com pessoas com transtorno de tabagismo (CID F17) bem como para pessoas que convivem com pessoas com transtorno de uso de substâncias (CID F19). Consideramos que, muitos casos de saúde pública como é o tabagismo, são extensões da influência aterradora que Espíritos obsessores promovem entre os seres humanos, não à toa, Allan Kardec, em A Gênese, chamar ao processo obsessivo de um verdadeiro flagelo na humanidade.

O médico Nubor Orlando Facure, neurocirurgião, ex-professor titular da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), no seu livro O cérebro e a mente, diz que, entre as doenças espirituais compartilhadas, além da obsessão, está o vampirismo. O que seria isso? E qual a relação com o cigarro?

Diz o neurocirurgião: “O mundo espiritual é povoado por uma população numerosíssima de Espíritos. Contamos com eles como guias e protetores, mas, na maioria das vezes, nós atraímo-los pelos vícios e eles aprisionam-nos pelo prazer. Nesses desvios da conduta humana, a mente do responsável agrega em torno de si elementos fluídicos que, aos poucos, vão construindo miasmas psíquicos com extrema capacidade corrosiva do organismo que a hospeda. Nessa associação, há uma tremenda perda de energia por parte do responsável pelo vício, daí a expressão vampirismo ser muito adequada para definir essa parceria”.

Portanto, quem cultiva o hábito do fumo atrai companhias que fumam espiritualmente junto delas. Se você deseja a companhia dos bons e da saúde, evite os vícios, tanto os físicos (álcool, fumo etc.) como os morais.

 
Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é editor da Editora EME e especialista em dependência química pela USP-SP-GREA.

https://www.oconsolador.com.br/ano11/524/ca2.html

 

 

Até aqui falamos sobre o tabaco, mas, não podemos deixar de lembrar que logo no início, deixamos claro que essas considerações, notadamente as socio-espirituais, não se resumem apenas ao cigarro em si e falam sobre as várias formas de fumo possíveis, incluindo aí a cannabis (maconha). O Dr. Ronaldo Laranjeira (Psiquiatra), em seu perfil no instagram, tem alertado com informações as mais variadas, fundamentadas em sérias pesquisas, sobre os efeitos nocivos da canabis, especialmente entre os jovens. Em post realizado no dia 29 de novembro deste ano, traz o especialista um resumo do estudo sobre cannabis e transtorno bipolar (para citarmos só um de seus posts a respeito):

 

O estudo “Exposição precoce à cannabis e incidência de transtorno bipolar: resultados de um estudo de coorte de nascimentos de 22 anos no Brasil”, buscou investigar se o uso de cannabis na adolescência está relacionado com o desenvolvimento de transtorno bipolar na vida adulta, controlando por outros fatores como histórico familiar, socioeconômico e uso de outras drogas.

Foram analisados dados de uma coorte de nascimentos no Brasil, acompanhando os participantes desde o nascimento até os 22 anos. A exposição à cannabis foi avaliada aos 18 anos, e o diagnóstico de transtorno bipolar aos 22 anos. Foram controladas diversas variáveis, como status socioeconômico, abuso físico na infância e uso de cocaína.

Resultados:

O uso de cannabis na adolescência foi inicialmente associado a um maior risco de desenvolver transtorno bipolar na vida adulta.

Ao controlar por outras variáveis, incluindo o uso de cocaína, a associação entre cannabis e transtorno bipolares tornou menos evidente.

Quando o uso de cannabis e cocaína foi analisado em conjunto, o risco de desenvolver transtorno bipolar aumentou de maneira relevante, mesmo após o ajuste para outras variáveis.

O abuso físico na infância e o sexo também influenciaram a relação entre o uso de cannabis e o desenvolvimento do transtorno bipolar.

O estudo encontrou uma associação entre o uso de cannabis na adolescência e o desenvolvimento de transtorno bipolar, mas essa asssociação é influenciada por outros fatores, como o uso de cocaína. São necessárias mais pesquisas para esclarecer essa relação complexa.

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38378931

 

Recomendamos também este outro estudo: O uso de cannabis em jovens está associado à inflamação crônica - https://pubmed.ncbi.nlm.gov/39648682

 

Estas algumas das consequências do tabagismo e das mais variadas formas de fumo, devemos atentar, porém, que o ser humano não está isento de responsabilidade, porque a escolha está em suas mãos e já nos alertam os Espíritos Superiores a esse respeito:

 

459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?

“Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que de ordinário são eles que vos dirigem”. (O Livro dos Espíritos – Parte 2º - Cap. IX)

 

Não há aí interferência em nosso livre-arbítrio, porque tanto os bons quanto os maus Espíritos nos inspiram, mas a decisão de agir par o bem ou para o mal é nossa e caberá a nós arcarmos com as consequências de nossas escolhas