EVIDÊNCIAS DA INDIVIDUALIDADE E INDEPENDÊNCIA DA ALMA APÓS A MORTE
Por Leonardo Paixão
Que
prova podemos ter da individualidade da alma após a morte?
-
Não tendes esta prova pelas comunicações que obtendes? Se não estiverdes cegos,
vereis; e se não estiverdes surdos, ouvireis; pois frequentemente uma voz vos
fala e vos revela a existência de um ser que está ao vosso redor.
(O Livro dos Espíritos, questão 152)
Após a conclusão da grandiosa obra da
Codificação Kardequiana uma nova ordem de fenômenos espíritas atraiu a atenção
dos sábios: as materializações de
Espíritos. As pesquisas realizadas no final do século XIX e início do
século XX por notáveis cientistas como Sir
William Crookes, Sir William F.
Barret, Sir Oliver Lodge, Cromwell
Varley, Paul Gibier, Ernesto Bozzano, Charles Richet e César Lombroso, para só
citar alguns, evidenciaram a realidade da vida após a morte. As
pesquisas modernas sobre Experiência de
Quase Morte (EQM) evidenciam também a persistência do Ser, notadamente quando
ocorre durante esta, a comunicação do enfermo com um seu parente já morto e
este lhe revela fatos ocorridos em sua vida desconhecidos do paciente e
comprovados depois, provando-lhe assim a sua identidade e independência. Para
maiores detalhes sobre as EQM’s indicamos ao leitor as obras Vida Depois da Vida, do Dr. Raymond
Moody Jr. e Morte, Estágio Final da
Evolução, da Dra. Elizabeth Kübler-Ross.
A Sociedade para Pesquisas Psíquicas, de
Londres, instituição centenária que contou em seu início com a participação de
sábios como Frederic Myers, Edmund Gurney e Frank Podmore, têm um estudo
recente (ano de 2009 – acessível no site da Instituição, em inglês) sobre os
fenômenos de Poltergeist, onde se
afirma a influência de mentes humanas extra-físicas agindo no meio físico.
Entretanto, apesar das conclusões a que chegaram diversos cientistas, os
incrédulos de plantão vieram à tona com as suas teorias que buscavam derrubar o
edifício da Eternidade. O psicólogo William James falou sobre a existência de um
“reservatório cósmico das memórias individuais”, ao qual os médiuns teriam
livre acesso, extraindo dele tudo o de que necessitam, mistificando os míseros
mortais. Hipótese milagrosa demais, pois faz da mente do médium um repositório
da Sabedoria Universal. Mais tarde, estudando atentamente os fenômenos,
notadamente com a médium Leonore Piper, e também os fenômenos religiosos, James
considerou “que a telepatia e a real comunicação de um espírito poderiam
explicar (...) experiências religiosas”. Outra hipótese, aventada pelo alemão
Von Hartmann, é a de que os médiuns se poriam em relação direta com Deus, o
Absoluto. O filósofo e professor alemão Friedrich Von Schiller argumentou
decisivamente em relação a estas hipóteses ao falar do caso Patience Worth*:
“(...) Se me ponderarem que
uma personalidade finita não pode
deixar de ser uma “seleção” do Absoluto, responderei que semelhante explicação
explica demais, visto que se, nesse sentido, Patience Worth não passa de uma
“seleção do Absoluto”, todos nós, então, somos, do mesmo modo, “seleções do
Absoluto”, o que equivale a dizer que, nos limites da argumentação exposta,
Patience Worth seria um “espírito” como todos os outros” (In: BOZZANO, Ernesto.
Xenoglossia. 4. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 1998)
Para concluir não poderíamos deixar de
citar a resposta do Mestre de Lyon no comentário que fez à questão 152 de O Livro dos Espíritos, numa notável
antecipação:
“(...) Se não houvesse, após
a morte, senão o que se chama o Grande Todo, absorvendo todas as
individualidades, esse todo seria homogêneo e então as comunicações recebidas
do mundo invisível seriam todas idênticas. Desde que encontramos seres bons e
maus, sábios e ignorantes, felizes e desgraçados, desde que há de todos os
caracteres: alegres e tristes, levianos e sérios, etc, é evidente que se trata
de seres distintos.
A individualização ainda se evidencia
quando esses seres provam a sua identidade através de sinais incontestáveis. De
detalhes pessoais relativos à vida terrena, e que podem ser constatados; ela não
pode ser posta em dúvida quando eles se manifestam por meio das aparições. A
individualidade da alma foi teoricamente ensinada como artigo de fé, mas o
Espiritismo o torna patente e de certa maneira material”.
*Patience
Worth é o nome do Espírito que se comunicava com a sra. John H. Curran e ditou
uma série de romances e poesias. O poema que mais causou sensação foi o de
título TELKA, escrito em língua anglo-saxônica do século XVII e combinado com
expressões dialetais da época. Suas primeiras obras foram ditadas em inglês
moderno, entretanto, ela decidiu a ditar algumas em língua inglesa e nos
dialetos do século XVII, afim de provar a sua independência espiritual em
relação à médium.
“Pelo
que toca ao poema TELKA – esclarece o Prof. Bozzano – adiantarei que, na época
em que foi transmitido, Patience Worth deixara de empregar o instrumento
mediúnico denominado OUIJA e ditava romances e poesias pela boca da médium, o
que significa que esta última, conquanto conservasse plena consciência de si
mesma, percebia uma voz subjetiva que lhe ia ditando palavra por palavra, de
modo que ela não fazia mais do que repetir, em voz alta, as que ouvia e que um
secretário ia escrevendo” (APUD: LOUREIRO, Carlos Bernardo. IN: As Mulheres
Médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 1996. p. 67).
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