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sábado, 2 de março de 2013


EVIDÊNCIAS DA INDIVIDUALIDADE E INDEPENDÊNCIA DA ALMA APÓS A MORTE
 
Por Leonardo Paixão

        Que prova podemos ter da individualidade da alma após a morte?

            - Não tendes esta prova pelas comunicações que obtendes? Se não estiverdes cegos, vereis; e se não estiverdes surdos, ouvireis; pois frequentemente uma voz vos fala e vos revela a existência de um ser que está ao vosso redor.

(O Livro dos Espíritos, questão 152)

        Após a conclusão da grandiosa obra da Codificação Kardequiana uma nova ordem de fenômenos espíritas atraiu a atenção dos sábios: as materializações de Espíritos. As pesquisas realizadas no final do século XIX e início do século XX por notáveis cientistas como Sir William Crookes, Sir William F. Barret, Sir Oliver Lodge, Cromwell Varley, Paul Gibier, Ernesto Bozzano, Charles Richet e César Lombroso, para só citar alguns, evidenciaram a realidade da vida após a morte. As pesquisas modernas sobre Experiência de Quase Morte (EQM) evidenciam também a persistência do Ser, notadamente quando ocorre durante esta, a comunicação do enfermo com um seu parente já morto e este lhe revela fatos ocorridos em sua vida desconhecidos do paciente e comprovados depois, provando-lhe assim a sua identidade e independência. Para maiores detalhes sobre as EQM’s indicamos ao leitor as obras Vida Depois da Vida, do Dr. Raymond Moody Jr. e Morte, Estágio Final da Evolução, da Dra. Elizabeth Kübler-Ross.

        A Sociedade para Pesquisas Psíquicas, de Londres, instituição centenária que contou em seu início com a participação de sábios como Frederic Myers, Edmund Gurney e Frank Podmore, têm um estudo recente (ano de 2009 – acessível no site da Instituição, em inglês) sobre os fenômenos de Poltergeist, onde se afirma a influência de mentes humanas extra-físicas agindo no meio físico. Entretanto, apesar das conclusões a que chegaram diversos cientistas, os incrédulos de plantão vieram à tona com as suas teorias que buscavam derrubar o edifício da Eternidade. O psicólogo William James falou sobre a existência de um “reservatório cósmico das memórias individuais”, ao qual os médiuns teriam livre acesso, extraindo dele tudo o de que necessitam, mistificando os míseros mortais. Hipótese milagrosa demais, pois faz da mente do médium um repositório da Sabedoria Universal. Mais tarde, estudando atentamente os fenômenos, notadamente com a médium Leonore Piper, e também os fenômenos religiosos, James considerou “que a telepatia e a real comunicação de um espírito poderiam explicar (...) experiências religiosas”. Outra hipótese, aventada pelo alemão Von Hartmann, é a de que os médiuns se poriam em relação direta com Deus, o Absoluto. O filósofo e professor alemão Friedrich Von Schiller argumentou decisivamente em relação a estas hipóteses ao falar do caso Patience Worth*:

      “(...) Se me ponderarem que uma personalidade finita não pode deixar de ser uma “seleção” do Absoluto, responderei que semelhante explicação explica demais, visto que se, nesse sentido, Patience Worth não passa de uma “seleção do Absoluto”, todos nós, então, somos, do mesmo modo, “seleções do Absoluto”, o que equivale a dizer que, nos limites da argumentação exposta, Patience Worth seria um “espírito” como todos os outros” (In: BOZZANO, Ernesto. Xenoglossia. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998)

        Para concluir não poderíamos deixar de citar a resposta do Mestre de Lyon no comentário que fez à questão 152 de O Livro dos Espíritos, numa notável antecipação:

      “(...) Se não houvesse, após a morte, senão o que se chama o Grande Todo, absorvendo todas as individualidades, esse todo seria homogêneo e então as comunicações recebidas do mundo invisível seriam todas idênticas. Desde que encontramos seres bons e maus, sábios e ignorantes, felizes e desgraçados, desde que há de todos os caracteres: alegres e tristes, levianos e sérios, etc, é evidente que se trata de seres distintos.

         A individualização ainda se evidencia quando esses seres provam a sua identidade através de sinais incontestáveis. De detalhes pessoais relativos à vida terrena, e que podem ser constatados; ela não pode ser posta em dúvida quando eles se manifestam por meio das aparições. A individualidade da alma foi teoricamente ensinada como artigo de fé, mas o Espiritismo o torna patente e de certa maneira material”.

 

*Patience Worth é o nome do Espírito que se comunicava com a sra. John H. Curran e ditou uma série de romances e poesias. O poema que mais causou sensação foi o de título TELKA, escrito em língua anglo-saxônica do século XVII e combinado com expressões dialetais da época. Suas primeiras obras foram ditadas em inglês moderno, entretanto, ela decidiu a ditar algumas em língua inglesa e nos dialetos do século XVII, afim de provar a sua independência espiritual em relação à médium.

“Pelo que toca ao poema TELKA – esclarece o Prof. Bozzano – adiantarei que, na época em que foi transmitido, Patience Worth deixara de empregar o instrumento mediúnico denominado OUIJA e ditava romances e poesias pela boca da médium, o que significa que esta última, conquanto conservasse plena consciência de si mesma, percebia uma voz subjetiva que lhe ia ditando palavra por palavra, de modo que ela não fazia mais do que repetir, em voz alta, as que ouvia e que um secretário ia escrevendo” (APUD: LOUREIRO, Carlos Bernardo. IN: As Mulheres Médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 1996. p. 67).

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