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quinta-feira, 16 de maio de 2013

FENÔMENO ANÍMICO X FENÔMENO MEDIÚNICO
Por Leonardo Paixão

No campo das pesquisas espíritas temos que considerar dois tipos de fenômenos que se assemelham e, por isso mesmo, confundem muitos espiritistas não afeitos à pesquisa e que erroneamente os classificam num único tipo: o fenômeno mediúnico. Se atentassem para a história das pesquisas psíquicas compreenderiam que, sendo o ser humano um Espírito encarnado, ele possui faculdades próprias do Espírito que se manifestam em estado próprio, como o estado de "transe".As experiências de Charcot, Braid e Lombroso referentes à hipnose comprovaram que no estado hipnótico há insensibilidade nervosa e transposição dos sentidos, sobre isto, Lombroso cita a experiência que realizou com a jovem C. S., de 14 anos:
 
"De início, sonambulismo, durante o qual mostrava singular atividade nos labores domésticos, grande afetividade aos parentes, distinta disposição musical; mais tarde, apresentou mutação no caráter, audácia viril e imoral; mas, o fato mais estranho era que, enquanto perdia a visão dos olhos, via, com o mesmo grau de acuidade (o 7° na escala Jager), pela ponta do nariz e lóbulo esquerdo da orelha, lendo, assim, uma carta que então viera dos Correios, enquanto que eu lhe vendara os olhos, e pôde distinguir os números de um dinamômetro.
Curiosa era depois a nova mímica com que reagia aos estímulos levados aos que chamaremos órgãos ópticos transitórios e transpostos.
Avizinhando, por exemplo, um dedo à orelha ou ao nariz, ou fazendo menção de os tocar, ou ainda melhor, fazendo com uma lente incidir um raio de luz de lâmpada, mesmo à distância e por fração de minuto, ressentia-se vivamente e irritava-se.
- Quereis cegar-me? - gritava.
Depois, com instintiva mímica inteiramente nova, tão nova quanto o fenômeno, movia o antebraço a defender o lóbulo da orelha e a extremidade do nariz, e assim permanecia por alguns minutos" (LOMBROSO, César. Hipnotismo e Mediunidade. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. p. 70-71).

Tais fenômenos levaram a estudos sérios sobre a real causa destes fatos, se tinham plausível explicação fisiológica ou eram produtos da emancipação da alma. No caso do Hipnotismo, como o paciente "está nas mãos do operador" é difícil a explicação espiritualista, a não ser quando através deste processo há a intervenção inesperada de outra "força" (Espírito) totalmente alheia à vontade do operador.
Bem compreendidos,os fenômenos anímicos são uma evidência da independência e imortalidade da alma; a clarividência, a clariaudiência, a telepatia, os sonhos premonitórios, o transe sonambúlico natural ou provocado e o desdobramento astral ou projeção psíquica, são algumas faculdades que possuem em grau elevado determinadas criaturas, podendo em algumas tais faculdades serem desenvolvidas pelo exercício.
Allan Kardec estudou os fenômenos do magnetismo por 35 anos consecutivos e afirmou ser este uma excelente ferramenta para o estudo das potencialidades anímicas, já os fenômenos mediúnicos trazem a característica de evidenciar a sobrevivência do Ser após a morte, dando o Espírito através do médium provas de sua identidade, no caso de ser alguém conhecido ou, através da linguagem, caso seja personagem de há muito desencarnada.
Como vemos, no fenômeno anímico só há a manifestação do médium, a aparência de fenômeno mediúnico de que este se reveste confunde muitos dirigentes de reuniões mediúnicas, daí a necessidade do estudo e da pesquisa séria para que não haja confusão entre fenômenos psíquicos, tais os sonhos premonitórios, pressentimentos e outros com a real mediunidade ostensiva, própria de muitos médiuns que foram pesquisados no passado e, ainda hoje, raros de se encontrar, para que tal se dê se faz necessário agir com o rigor científico que caracterizou a obra de pesquisadores como Kardec, Denis, Delanne, Bozzano, Richet, Joseph Banks Rhine e outros. Somente com tal postura haverá de se fazer um trabalho sério e dignificante e, ao mesmo tempo, de consolo e amparo ao próximo, seja na cura das obsessões, seja pelas chamadas cartas consoladoras, seja pela simples aplicação de um passe reconfortante. Eis aí, como disse Newton Boechat, "a sabedoria que ama e o amor que sabe".


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