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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Um fofoqueiro no centro...

Por Wellington Balbo
31/07/2013
Realizava palestra em determinada cidade do interior de um estado brasileiro qualquer, quando após a apresentação um senhor me procura e narra sua experiência.

“Moço, corria o ano de 1977 e eu labutava num centro espírita aqui da cidade. Nesta casa tínhamos um companheiro complicado, sujeito do vinagre, azedo, sua boca era um veneno só. Falava mal de todos, disseminava a fofoca, enfim, homem terrível de conviver. Mas eis que a vida não manda avisar quando a senhora da foice virá buscar e num certo dia recebemos a notícia do desencarne daquele indivíduo. Ataque cardíaco, fulminante! Enfim, estávamos livres dele!

Bom... o tempo passou e eu me esqueci completamente daquela pessoa desagradável, até que no ano de 1997, numa reunião mediúnica, eu tenho vidência e vi um homem sorridente vindo em minha direção. Ele estava bem, como se fosse uma entidade bem resolvida com seus traumas. Por Deus! Identifiquei a presença daquele fofoqueiro. Era ele. Mas como? Como alguém tão malvado poderia apresentar-se bem no mundo dos Espíritos? Até que o mentor da reunião disse-me: Amigo, admira-se de nosso irmão? Pois bem, e eu me admiro de você... Não percebeu que já se passaram 20 anos? Pelo visto, ele caminhou e você ficou estagnado, a julgar os outros, esquecendo-se de que com o tempo, seja aqui ou no além todos crescemos!”

Jesus! Como ficamos presos ao que passou. Não sem motivo Deus estabeleceu como condição reencarnatória o esquecimento temporário. Claro, é preciso desvencilhar-se do passado e de todos os passados, tanto o nosso quanto o dos outros.

Passado apenas para agregar experiência, jamais servir como elemento de condenação. Cada um de nós arca com as conseqüências de seus atos passados que repercutem, não raro, de forma dolorosa no presente. Portanto, o que não precisamos é de julgamentos, sentenças, vibrações contrárias, haja vista que responderemos pelos nossos atos.

Todavia, o mais interessante é nossa visão limitada, de rótulos, que estigmatiza este ou aquele pelos seus equívocos do passado.

Sem perceber, sem refletir, condenamos o outro às trevas quando fechamos o caminho para a luz.

Explico-me: O sujeito errou demais e tenta recomeçar, vai na igreja, no centro ou sei lá, e vamos nós: “Você viu o fulano? Fez um monte de besteira na vida e hoje vai ao centro”. Isso é cruel de nossa parte. As pessoas têm o direito de recomeçar suas vidas, de levantar a poeira e dar a volta por cima.

O que devemos fazer? Simples, orar por elas, orar para que prossigam firmes em seus propósitos. Não podemos ser nós os fiscais da vida alheia, aqueles que tentam impedir o outro de recomeçar. Que bom, que bom poder reconhecer os erros e procurar uma religião, enfim, mudar de vida.

Deus possibilita-nos todas as chances do mundo. Ninguém está deserdado ao erro, ao equívoco, ao vício.

Irmã Rosália, em O Evangelho segundo o Espiritismo deixa a mensagem de que não incomodar com as faltas alheias é caridade moral.

É bem por ai. Caridade moral. Com a mesma ênfase que atendemos o pobre, o necessitado do pão material precisamos atender aquele que necessita do pão do espírito, ou seja, da compreensão, do carinho, da porta aberta para recolocar as coisas no lugar e seguir adiante. Nada de colocar o outro num balaio, estigmatizar. Quem nesta vida não erra?

Se ainda não conseguimos esquecer nossos erros desta existência, que ao menos não lembremos os dos outros para que eles possam recomeçar; recomeçar a busca pela felicidade... afinal, todos temos o direito de prosseguir, e se não queremos nós prosseguir, que ao menos não impeçamos os outros de “ajeitar” novos caminhos rumo ao progresso.

Pensemos nisto!
 
Dentro desta mesma proposta eis o que escreveu o Guia Espiritual Alberto pelo médium Leonardo Paixão:
 
NÃO JULGUEIS
“Com a mesma medida com que medirdes sereis medido, e se lhe acrescentará” – Jesus (Marcos, 4: 24)
 
            Nas ocorrências da vida a todo o momento nos vemos a agir com olhares indiscretos para a vida alheia, medindo atitudes e atos outros.
            O Senhor nos alerta para o fato de que ao medir, ao julgar ao outro, o outro também nos medirá e, como Ele estava a pregar a Boa Nova, advertiu: “e lhe será acrescentado”. Isto quer dizer que, diante da consciência que temos do dever de se exercitar as palavras do Evangelho, o juízo que se fará de nós será muito mais duro do que o que fazemos do outro.
            Ninguém tem o direito de julgar a quem quer seja, pois, nos estudos do comportamento humano, os observadores notam que cada um reage diversamente a esta ou aquela situação, independente de sua educação religiosa, isto se dá devido ao caráter do Espírito encarnado. Portanto, o não julgar é imperativo a todos e não só aos conhecedores das palavras do Senhor.
            Em vossa civilização ocidental – a não ser tribos, raras, totalmente isoladas da sociedade -, não se poderá alegar desconhecimento da Lei de Amor pregada pelo Senhor e Mestre.
            A vossa educação é educação cristã e as vossas crianças participaram quando foi o tempo de aprendizado em catequeses diversas, logo, nada os eximirá da responsabilidade ante o que em Mateus 7:12 vai anotado: “Fazei aos outros o que quereis que os outros vos façam, esta é a Lei e os profetas”.
            Poderá parecer muito duro tal coisa, mas quem pode, ainda com a consciência em aprendizado neste orbe de provas e expiações, ensinar a Deus – a Lei Máxima – de como Ele deve agir para com aqueles que, aos nossos olhos e, somente aos nossos olhos, são ignorantes das Leis da Vida?
            Como seres reencarnacionistas seria verdadeiramente ocioso pensarmos de modo diverso.
            Que possamos olhar cada vez mais para nós mesmos e fazer com que o “sim, sim, não, não”, do Evangelho do Senhor seja realizado em nós. Assim fazendo, deixaremos o vício de sermos patrulheiros de alheias ocorrências para sermos vigilantes, sentinelas vinte e quatro horas de nós mesmos.
            Trabalhemos por evangelizarmo-nos e lucraremos.
            Alberto, guia do médium
(Página recebida em reunião íntima do GE Semeadores da Paz no dia 14/06/2014 pelo médium Leonardo Paixão).

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