Por Leonardo Paixão (*)
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http://orebate-jorgehessen.blogspot.com.br/2016/06/direito-pesquisa.html
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Como ocorre nas Ciências, sejam Naturais, Exatas ou Humanas, assim também ocorre na Ciência psíquica ou Transcendental: a imaginação sonhadora não deve ser parte das pesquisas realizadas, tanto quanto não confiarmos de maneira absoluta no que os seres de Outro Mundo ditam aos médiuns. Há imensa necessidade, neste caso, do uso da mais acurada razão e do bom senso, pois tal como nós humanos, os Espíritos descrevem o Mundo Espiritual de acordo com o seu grau evolutivo e o seu ponto de vista e ponto de vista, sabemos bem, pode ser apenas a vista de um ponto. Quantos pontos faltarão para informes claros e corretos? O Mundo Invisível contêm diversas categorias de Espíritos e não é porque um Espírito dita uma obra que temos que concordar com o que ele diz, Kardec em sua sabedoria afirmou: "Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares" (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Introdução, item II).
Desta afirmação do Mestre depreende-se, como está claro, que tal concordância universal refere-se às revelações que os Espíritos transmitem, no entanto, o que vemos em muitos espíritas é o repetirem frases ditas por Espírito X ou Y, dando-se uma confiança demasiada no que falam os Espíritos, onde aí o caráter racional da doutrina Espírita? Não estamos a desmerecer os valiosos ensinos dos Espíritos, mas é preciso que se compreenda que o progresso da Ciência Espírita não se faz só pelas revelações que os Espíritos dão, sim também pela pesquisa séria efetuada por nós, os encarnados, e exemplos não nos faltam, graças à pesquisa de Hernani Guimarães Andrade, Carlos Bernardo Loureiro, Jorge Andréa, Herculano Pires, Bezerra de Menezes, Deolindo Amorim e muitos outros, alcançamos maiores conhecimentos sobre reencarnação, mediunidade, premonição, evolução, criminologia, pedagogia, etc. O trabalho não é somente dos Espíritos, se assim pensarmos estaremos há um passo da mistificação, pois teremos excluído o raciocínio que leva à análise crítica das informações transmitidas.
Se aos Espíritos Superiores cabe a nossa instrução em assuntos transcendentes, a nós cabe o colaborarmos com eles para o desenvolvimento destes, vejamos o que diz Kardec no tópico 50 do I Capítulo do livro A Gênese:
"A terceira revelação, vinda numa época de emancipação e madureza intelectual, em que a inteligência, já desenvolvida, não se resigna a representar papel passivo; em que o homem nada aceita às cegas, mas quer ver aonde o conduzem, quer saber o porquê e o como de cada coisa - tinha ela que ser ao mesmo tempo o produto de um ensino e o fruto de um trabalho, da pesquisa e do livre exame. Os Espíritos não ensinam senão justamente o que é mister para guia-lo no caminho da verdade, mas abstém-se de revelar o que o homem pode descobrir por si mesmo, deixando-lhe o cuidado de discutir, verificar e submeter tudo ao cadinho da razão, deixando mesmo, muitas vezes, que adquira experiência à sua custa. Fornecem-lhe o princípio, os materiais; cabe-lhe a ele aproveitá-los e pô-los em obra".
Aí estão as palavras claras do Mestre, o bom senso encarnado, no dizer de Camille Flammarion, nelas vemos que não bastará apenas aguardarmos por revelações retumbantes do Além-Túmulo, se assim fosse, não haveria necessidade do imenso trabalho que teve Allan Kardec para por em ordem as instruções dos Espíritos e em perceber que no Mundo Invisível tanto quanto na sociedade humana, há Espíritos de diversas gradações de saber, desde os mais ignorantes aos mais adiantados, para tal fato Kardec chamou a atenção no tópico 15, do I Capítulo de A Gênese:
"Passa-se no mundo dos Espíritos um fato singular, de que seguramente ninguém houvera suspeitado: o de haver Espíritos que se não consideram mortos. Pois bem, os Espíritos Superiores, que conhecem perfeitamente este fato, não vieram dizer antecipadamente: Há Espíritos que julgam viver ainda a vida terrestre, que conservam seus gostos, costumes e instintos". Provocaram a manifestação de Espíritos incertos quanto ao seu estado, ou afirmando ainda serem deste mundo, julgando-se aplicados às suas ocupações ordinárias, deduziu-se a regra a multiplicidade dos fatos análogos demonstrou que o caso não era excepcional, que constituía uma das fases da vida espírita; pode-se então estudar todas as variedades e as causas de tão singular ilusão, reconhecer que tal situação é sobretudo própria de Espíritos pouco adiantados moralmente e peculiar a certos gêneros de morte; que é temporária, podendo, todavia, durar semanas, meses e anos. Foi assim que a teoria nasceu da observação. O mesmo se deu com relação a todos os outros princípios da doutrina".
De tudo o que até aqui foi dito, devemos observar que o estudo, o recolhimento, e a seriedade, jamais serão recomendações excessivas, como diz Allan Kardec, o Espiritismo é a Ciência do Infinito e interessa a todas as questões de metafísica e de ordem social (cf. Introdução de O Livro dos Espíritos), é um campo vastíssimo e há aqueles que se especializam em determinadas áreas. Uns pesquisam e estudam o Magnetismo, outros as técnicas de obsessão e prática de desobsessão, há os que dentro da sua área de formação acadêmica estudam temas da Medicina, da Psicologia, da Psiquiatria, da Pedagogia, da filosofia, da Química, da Biologia, da História, da Geografia, etc...à luz do Espiritismo, trazendo os resultados de suas pesquisas em artigos, livros, seminários, congressos, para o esclarecimento de outros com o objetivo de, tal como fez o Nobre Mestre Lionês com a Revista Espírita, "sondar a opinião dos homens e dos Espíritos sobre alguns princípios, antes de os admitir como partes constitutivas da doutrina", referimo-nos é óbvio às pesquisas dignas de tal nome, pois muitos há que obtendo certos resultados e apoiados na opinião de um só Espírito, proclamam aqueles como verdades absolutas.
Que o Movimento Espírita e os adeptos da Doutrina, que podem ou não estar envolvidos com o Movimento, não tentem cercear a liberdade de pensamento - em nosso país conquistada a tão pouco tempo -, e não se fique a achar que nada mais há que acrescentar por muitos serem os livros quer mediúnicos ou não que temos para longo tempo de estudo. É certo que há material suficiente, mas também é certo que deste material inúmeras coisas necessitam de desdobramentos outros, o que se fará quando nos decidirmos a pesquisar. Este o caráter progressivo da Doutrina.
(*) Leonardo Paixão é trabalhador espírita em Campos dos Goytacazes, RJ, colaborando com um grupo de amigos de ideal no Grupo Espírita Semeadores da Paz.
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