O
APÓSTOLO DA PALAVRA VIVA
Por Leonardo Paixão
Campos dos Goytacazes, RJ
Todos
os Apóstolos foram divulgadores da Palavra Viva do Cristo, muitos dos que
auxiliariam aqueles na tarefa de propagação do Evangelho, devido à sua
dedicação incansável, bem mereceram também serem chamados de Apóstolos. Entre
estes está Filipe, um judeu “cheio do
Espírito e de sabedoria” (Atos, 6: 3), que falava grego; um dos sete homens
escolhidos para ajudar no programa de distribuição de alimentos da igreja,
tarefa hoje continuada por diversos segmentos cristãos, notadamente as Casas
Espíritas, em que uma das tarefas é auxiliar aqueles a que a sociedade chama de
excluídos.
A
tarefa de Filipe, que era diácono, foi muito além da administração do programa
alimentar. Ele se tornou um evangelista, e diferente da maioria dos
evangelistas, Filipe obedeceu à ordem de Jesus de levar a Boa Nova a todas as
pessoas. O veremos a pregar em Samaria, região central de Israel.
Os
samaritanos eram considerados mestiços pelos judeus “puros” do Reino do Sul,
porque aqueles eram os filhos dos judeus com estrangeiros, resultado do domínio
babilônico, onde o rei assírio levou muitos cativos e em Samaria ele deixou
apenas as pessoas pobres e os estrangeiros e foram com estes que os judeus se
casaram, desta união nasceram os “mestiços”. A divisão não ficou só pela
“raça”, mas também na religião. Os judeus “puros” renegavam os samaritanos como
hereges, tal como os católicos fizeram aos protestantes; os samaritanos
menosprezavam o Templo de Jerusalém, cultuando Deus no seu Templo no monte
Garizim. Filipe com o seu verbo eloquente e pelas curas de enfermidades e
obsessões que em nome de Jesus fazia, fez com que a mensagem que o Senhor falou
à Samaritana se tornasse uma realidade: “a hora vem, e agora é em que os
verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai
procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que os
adorem o adorem em espírito e verdade” (João, 4: 23-24). Filipe conseguiu deste
modo irmanar aqueles que viviam separados e que o entendimento do Evangelho do
Cristo passou a unir.
Os
feitos de Filipe chamaram a atenção da comunidade cristã de Jerusalém e os
Apóstolos Pedro e João foram à Samaria para verificar a veracidade dos fatos
narrados, “havia sempre rigorosa
vigilância entre os fatos e as ações dos discípulos por aqueles que fossem
portadores de maior autoridade” (1). Tudo foi confirmado e “tendo eles,
pois, testificado e falado a palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém e, em
muitas aldeias dos samaritanos, anunciaram o Evangelho” (Atos, 8: 25).
Filipe
era além de excelente médium curador, também médium auditivo, é o que
depreendemos do cap. 8, v. 26 do livro de Atos: “Um anjo do Senhor falou a
Filipe dizendo: “Levanta-te e vai para o sul, pelo caminho que desce de
Jerusalém para Gaza, que está deserto”. Nesta viagem Filipe foi o instrumento
para a conversão ao Cristianismo do mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes,
era ele o superintendente de todos os tesouros do reino e tinha ido a Jerusalém
para adoração (Atos, 8: 27).
Após
Filipe haver batizado o superintendente da rainha Candace, “o Espírito do
Senhor se apoderou de Filipe, e não o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou
o seu caminho. Filipe foi encontrado em Azoto e, atravessando [a região],
evangelizava todas as cidades até chegar a Cesaréia” (Atos, 8: 39-40). Sobre a
seriedade e a responsabilidade de Filipe ante o seu Espírito Guia, diz Yvonne
A. Pereira: “Para todos os lugares a que
se dirigisse a serviço do Senhor fazia-o obedecendo sempre às instruções do
“Espírito”, tal como acontece aos médiuns atuais investidos de graves
responsabilidades perante os serviços do Consolador” (1).
Na
viagem de retorno à Jerusalém, o Apóstolo Paulo hospedou-se na casa de Filipe
em Cesaréia; Lucas registra (Atos, 21: 8-9) o fato de Filipe ter quatro filhas
virgens que profetizavam, isto é, eram médiuns falantes ou, como hoje se chama
médiuns de incorporação, fato que deixa claro que a mediunidade não é para
privilegiados, pois todos somos servos e servas de Deus (ver Joel, 2: 28-29;
Atos, 2, 2: 1-18). Foi em casa de Filipe que o profeta (médium) Ágabo, da
Judeia, previu a prisão de Paulo em Jerusalém (Atos, 21: 10-11).
Filipe,
o evangelista, que pelos seus feitos merece o nome de Apóstolo, foi o precursor
de Paulo na divulgação do Evangelho entre as gentes.
Nota:
(1) – PEREIRA, Yvonne A. Cânticos do Coração. 1ª edição. Rio
de Janeiro: CELD, p.33.
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