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quarta-feira, 19 de março de 2014

PRECE: SOMENTE UM ATO RELIGIOSO?
Por Leonardo Paixão, Campos, RJ – 11/03/2014

         “Quando se diz que um médico opera a cura de um doente, por meio de boas palavras, enuncia-se uma verdade absoluta, pois que um pensamento bondoso traz consigo fluidos reparadores que atuam sobre o físico, tanto0 quanto sobre o moral” (KARDEC, Allan. A Gênese. 37.ed. FEB, RJ: 1944. Cap. XIV – item 20. p. 287).

             Diante da incompreensão da lei dos fluidos, muitas pessoas ao lerem e ouvirem sobre a necessidade da oração, tem em seu íntimo um sorriso de indiferença ou de desdém. O Espiritismo que busca a razão de ser das coisas traz pelas pesquisas realizadas tanto com os Espíritos como pela Ciência, o seu parecer em relação ao ato de orar e seus efeitos.

          No item 20 do capítulo XIV – Qualidade dos Fluidos, do livro A Gênese, diz Allan Kardec:
         “O pensamento, [...], produz uma espécie de efeito físico que reage sobre o moral, fato este que só o Espiritismo podia tornar compreensível. O homem o sente instintivamente, visto que procura as reuniões homogêneas e simpáticas, onde sabe que pode haurir novas forças morais, podendo-se dizer que, em tais reuniões, ele recupera as perdas fluídicas que sofre todos os dias pela irradiação do pensamento, como recupera, por meio dos alimentos, as perdas do corpo material. É que, com efeito, o pensamento é uma emissão que ocasiona perda real de fluidos espirituais e, conseguintemente, de fluidos materiais, de maneira tal que o homem precisa retemperar-se com os eflúvios que recebe do exterior”.
            Vemos aí, o quanto o pensamento responde pelo nosso bem-estar espiritual e material. Confirmando e reforçando a assertiva de Kardec temos o seguinte fato:
         “Realizada pelo Laboratório de Imunologia Celular, da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, durante o período de 2000 a 2003, a pesquisa apresentou resultados positivos no aumento da estabilidade celular dos indivíduos que receberam a prece.
         A importância desses efeitos é ainda maior quando tomamos contato com a metodologia aplicada. Denominada duplo cego, o método não dava conhecimento aos participantes do projeto (inclusive os pesquisadores) sobre quem recebia a prece. Os alunos de medicina foram submetidos à avaliação clínica e psicológica e cederam uma foto 3x4 com avaliação clínica e psicológica e cederam uma foto 3x4 com seu primeiro nome. Apenas 26 tiveram as fotos entregues aos grupos de oração; os demais não receberam qualquer oração em seu benefício. No final, a constatação: as células de defesa dos alunos que não receberam prece permaneceram sem qualquer alteração.
         Carlos Eduardo Tosta, professor titular de Imunologia e coordenador do projeto, declarou: “Quando interpretamos os dados, observamos que a prece teve o papel de induzir equilíbrio e isso faz sentido, já que em medicina equilíbrio é sinônimo de saúde. A prece atua sobre indivíduos sadios, influenciando o sistema imunológico” (Revista Universo Espírita. n. 19. Ano 2 – 2005. Reportagem de Kátia Penteado: Efeitos da prece na saúde. p. 56).
            Além das pesquisas sobre o efeito da prece na saúde física, o Espiritismo amplia o campo de ação da prece ao exortar sobre a necessidade da oração para os nossos irmãos já fora do corpo físico. No livro Ressurreição e Vida, psicografia de D. Yvonne Pereira, o Espírito Léon Tolstoi relata:
         “Passados alguns minutos, no entanto, assaltou-me a sensação de estar rodeado de ouvintes atentos, os quais se sentavam pelos degraus da escada, ao pé de mim, sobre os canteiros de relva e os bancos mais próximos. Mas, como a insólita sensação nada alterasse na excelente disposição que me animava, prossegui na leitura, vagarosamente, avançando pela descrição das parábolas, das curas dos cegos, dos paralíticos, dos leprosos.
         Não obstante estivessem meus olhos baixados sobre as páginas do livro, eu observava que o número de ouvintes aumentava, que olhares atentos se fixavam em mim sequiosos das palavras que me caíam dos lábios, e que aqueles olhares resplandeciam esperanças, desejos de que a sedutora figura do Nazareno, com mais profundidade e clareza, lhes fosse apresentada através das próprias ações deste em torno dos sofredores. Então, eu folheava o livro, procurava trechos em que a palavra do Senhor fosse mais concludente e persuasiva e recitava os versículos, entusiasmando-me, também eu, pelos ensinamentos grandiosos que colhia, sem, todavia, me dar verdadeira explicação do que acontecia, sem prestar a devida atenção ao transcendente e belo fenômeno que se verificava, alheio ao fato, por assim dizer, embora percebendo através das funções da consciência, por me encontrar num estado intermediário (transe parcial), durante o qual o homem poderá viver apercebendo-se dos acontecimentos próprios dos dois mundos em que, na verdade, se agita – o terreno e o espiritual” (Ressurreição e Vida/ [ditado] pelo Espírito Léon Tolstoi; [psicografado por] Yvonne Pereira. 2. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2009. O Segredo da Felicidade. p. 237).    
      
            Em nota ao trecho citado acima diz:
         “Fenômeno comum aos médiuns, quando concentrados nas leituras doutrinárias. Eles se tornam, então, como que explicadores, ou doutrinadores, de entidades invisíveis sedentas de consolo e justiça, as quais se abeiram deles em tais ocasiões, conduzidas pelos protetores espirituais, e aproveitam dos ensinamentos consultados. Dessa forma, um médium bastante desenvolvido e bem assistido poderá encaminhar muitas almas sofredoras para o progresso, e frequentemente o faz” (Idem, ibidem).

            Colocado isto temos na prece recurso para a saúde física, o restabelecimento moral, doutrinação de desencarnados tanto os que se encontram em estado de perturbação quanto os que deliberadamente buscam prejudicara este ou aquele encarnado.
            Uma pergunta que fica é: qual a maneira de orar? A oração é para louvar, pedir e agradecer, conforme nos ensinam os Benfeitores Espirituais (O Livro dos Espíritos, questão 659). O que importa no ato de orar é o sentimento, daí a preferência pelas preces espontâneas, pois nas preces lidas ou decoradas muitas vezes o coração não toma parte por se constituir um ato mecânico, além de dar ensejo ao que nos chama atenção o Benfeitor Camilo: “Orar com sobriedade, sem encenações ou impostações prejudiciais, que apenas desajustam o clima psíquico do ambiente, sem qualquer utilidade” (Correnteza de Luz: obra psicografada por José Raul Teixeira/ ditado pelo Espírito Camilo. Niterói, RJ: Fráter Livros Espíritos, 1999. p. 114).

            O mesmo Benfeitor Espiritual pelo mesmo médium alerta em outra obra:

         “Tens orado ou tens-te limitado a encenações teatrais que, se sensibilizam os que te ouvem, não conseguem repercutir nas telas do Invisível?
         Muitas vezes deparamos situações em que os humanos asseveram estar orando e nada conseguindo com suas preces. Vale a pena uma pausa avaliadora a fim de verificares se o que vai chamado de oração não passa de compulsão verbal, sem reflexão, sem suavidade, sem que esteja confirmada pela prece da vivência digna e fiel às eternas Leis de Deus” (Revelações da Luz. [psicografado por] José Raul Teixeira/ ditado pelo Espírito Camilo. Rio de Janeiro: Fráter Livros Espíritas, 1994. p. 135).

             A prece deve ser um ato de sobriedade e serenidade, recolhimento é palavra-chave neste ato. Se pudéssemos observar as formas de pensamento que se exteriorizam da mente de uma pessoa concentrada em oração, ficaríamos admirados das claridades daí advindas. Recomendamos para este estudo as obras Pensamento e Vontade, do eminente psiquista Ernesto Bozzano e Formas de Pensamento, dos teósofos C.W. Leadbeater e Annie Besant.
            Fica concluído que a prece não é um simples ato religioso, mas um excelente auxílio à Medicina terrena e para os nossos Espíritos em trânsito de experiências.
            “...Orar sempre e nunca desfalecer” (Lucas: 18:1)



            

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