"Só com tempo pra te contar. Tem tudo a ver com o que você citou acima sobre meus filhos ficarem sem minha presença. Matou a charada. Foi uma revelação (mediúnica através de médium que desconhecíamos à época, a sra. A. P.) que já tive e que tem tudo a ver com minha encarnação atual e com o que você falou" (importante ressaltar que as vidas vivenciadas pela sra. F. nenhuma foi a que lhe foi revelada, o fato de havermos percebido pela pesquisa das narrativas e conversa posterior o bloqueio nela citado e a sua palavra de que "tem tudo a ver' com a revelação tida anos antes nos leva a pensar em evidências, até pelo fato que tal revelação a auxiliou a resolver conflitos no seio familiar).
Revelações mediúnicas a respeito de vidas passadas vindas por sensitivos (médiuns) outros que não a própria pessoa, necessitam ser muito bem averiguadas para que não nos deixemos impressionar e assim nos deixamos mistificar. Sim, é verdade, algumas pessoas têm a faculdade de perceber psiquicamente eventos do passado, elas acessam o que está arquivado no Fluido Universal ou Registros Akhásicos dos orientais. Transcrevamos um trecho do capítulo 7 - As Experiências de renovações da memória" - da obra "A Reencarnação", do pesquisador e espiritista Gabriel Delanne:
"É lógico, pois, prosseguir a regressão da memória até além dos limites da vida atual de um paciente, por meio da ação magnética. Assim fizeram os espiritistas e os sábios de que falei neste capítulo. Sem dúvida, os resultados não são sempre satisfatórios, de vez que nem todos os pacientes se acham aptos a fazer renascer o passado. Isto se deve a causas múltiplas, e a principal resulta, ao que parece, do que se poderia chamar densidade espiritual, isto é, imperfeição relativa desse corpo fluídico, cujas vibrações não podem achar a intensidade necessária para ressuscitar o passado, de maneira suficiente, mesmo com o estímulo artificial do magnetismo. Acontece por vezes, entretanto, que, durante o estado de sono ordinário, a alma, exteriorizada temporariamente do corpo, encontra momentaneamente condições favoráveis para que o renascimento do passado possa produzir-se.
Pode suceder que essa renovação seja acidental, como em relâmpagos, no estado normal. Assiste-se, então, a uma revivescência de imagens antigas que dão àquele que as experimenta a impressão de que já viu cidades ou paisagens, ainda que nunca lá fosse".
Cabe aqui também colocarmos estas advertências de Yvonne Pereira, escritora e médium respeitada e que passou por regressão espontânea de memória tanto quanto a teve ativada por seus Guias Espirituais:
"(...) Cumpre, porém, advertir que, nestas páginas, tratamos de recordações diretas que o indivíduo possa ter de suas migrações terrestres do pretérito e não de revelações transmitidas por possíveis médiuns. Baseando-nos nos próprios códigos do Espiritismo, com eles acreditamos que tais revelações, com exceções raríssimas, são sempre duvidosas e nenhum de nós deverá dar a elas grande apreço, porque os mistificadores do Invisível frequentemente se divertem à custa de espíritas curiosos e invigilantes, servindo-se de tais revelações, ao passo que, por sua vez, o médium poderá deixar influenciar-se pelas excitações da própria imaginação e dizer, como sendo da parte de um instrutor espiritual, o que a sua própria mente criou, pois tudo isso é possível e até previsto pelas instruções da ciência espírita e pela prática da mesma. O que sentirmos dentro de nós, o que a nossa própria consciência nos revela, as visões que, voluntariamente, nossos Guias Espirituais nos proporcionarem durante o sono provocado por eles próprios, o que recordamos, enfim, até à angústia, à saudade, ao desespero, à convicção real e não fantasiosa, e o que a nossa própria vida confirma; ou o que recordamos até ao benefício da consolação, da emoção balsamizante, da esperança no futuro e mesmo da alegria santa do nosso espírito, isso sim, poderemos aceitar como testemunhos da verdade vivida em outras etapas reencarnatórias" (PEREIRA, Yvonne do Amaral. Recordações da Mediunidade. Capítulo 3 - Reminiscências de Vidas Passadas. 6. edição. Brasília, DF: Federação Espírita Brasileira, 1989. pp. 43-44).
Antes de nos estendermos em mais estudo e citações, passemos ao relato do segundo caso de regressão por nós realizado. Aqui transcreverei a gravação (como já posto em nota, autorizada pela cliente que, mesmo nos disse que podíamos por-lhe o primeiro nome, mas, preferimos manter apenas a inicial).
Feita a indução hipnótica na sra. R. inicio o processo de regressão.
"Como você está se sentindo?"
"Bem".
"Relaxada, não é?"
"Agora vamos começar o processo. Tudo bem?"
"Hãhã" (expressão de concordância).
"Assim que eu contar do 5 ao 1, você vai estar com cinco anos de idade" (faço a contagem pausadamente).
"Cinco anos de idade você tem agora. Como que você se sente? Tá feliz?"
"Tô".
"E nesta felicidade você está vendo o que?"
"Estou brincando, de boneca".
"A boneca tem nome?"
"Tem. Maria Eduarda".
"Agora que você está bem relaxada tranquila, vamos voltar mais ainda no tempo, voltar mais ainda no tempo, mais ainda no tempo..."
(Sugiro, mas, há longa pausa e a sra. R. diz não ver nada. Algumas pessoas tem mais dificuldade para acessar sua memória).
Pergunto se ela percebe alguma coisa e digo que as memórias são dela e que eu sou só um condutor, um auxiliar. Há novamente, longa pausa sem resposta. Até que ela começa a falar:
"Me sinto feliz. Não vejo nada. Apenas me sinto feliz".
Peço para ela identificar esse ambiente que a deixa tão feliz, mas, ela não consegue ir além. Então digo que ela se direcione para vida em que há algo que a incomode. Algo que possa representar a solução de alguma questão atual.
Choro muito intenso. Digo para ela chorar. Pergunto porque ela chora. É uma angústia profunda.
"Tenho vontade de ir embora".
"Está perdida? Se sente sozinha?"
"Sim".
"Sabe por que está sozinha?"
"Não".
"Sozinha você não está. Há sempre pessoas ao nosso redor" (aqui usamos da intuição por termos percebido que o local descrito era uma região extrafísica).
"Está escuro?"
"Sim" (o choro angustiado continua).
"Há vegetações no local? Árvores?"
"Há pessoas vestidas com roupas claras e você se tranquiliza porque sabe que agora é um momento de socorro. É um momento em que você é retirada e não está mais sozinha. E depois deste momento, o que você sente?" (Diz da vontade de deitar e de agradecer aos que a socorreram).
Sugiro que após deitar e relaxar, ela se levanta e está em um campo. Que aprendeu várias coisas e que agora precisa por em prática as lições e que para isso ela precisa atravessar os portais que dão acesso à matéria e vamos ao momento de uma outra vida.
"Sinto muito amor" (ela se vê criança junto aos seus pais).
Peço para ela avançar no tempo e que vá para a idade juvenil.
"O que esta jovem está sentindo?"
"Estou triste".
"Por que? Há perda na família, há alguém doente ou outro problema?"
(Ela se mostra aflita e pergunto sobre o motivo real da aflição).
"Preciso fazer uma escolha".
"Qual escolha você deve realizar?"
(Neste meio tempo, peço que eu possa conversar com esta memória dela. Ela diz se chamar Luisa e ser da Espanha. Pergunto em qual local e ela diz que é de um vilarejo. Continua a sessão em conversa com a personalidade Luisa.)
"Qual a escolha você tinha de fazer?"
"Me casar".
"Era a pessoa que você queria casar?"
"Não".
"O que você fez?"
"Fugi"
"Fugiu com quem amava?"
"Sim"
"O que te levou a tomar essa decisão corajosa?" "Quem era essa pessoa?" "Seus pais gostavam dessa pessoa?"
"Minha mãe sim. Meu pai não".
(Ela diz que seu pai não parava em casa. Pergunto se ele viajava a negócios ou para guerra ou a serviço de algum superior).
"Ele era muito bravo" (usava espada, um provável militar).
(Ela não gostava de quando o pai estava em casa).
Pergunto em que século se está. Ela diz ser início do século XIX).
"Depois que você foge como fica a vida?"
"Saudade da minha mãe".
"Não pode mais vê-la, não é?"
"Não" (choro muito sentido).
Sugiro para ela avançar no tempo onde está próximo o momento da morte.
"Como você se sente?" "Quantos anos você tem?"
"Cinquenta e sete".
"Vamos buscar o momento de sua morte. O que você sente, o que acontece com seu corpo?"
"Eu não me mexo".
"Vamos para o momento em que você morre e desperta?"
Sente que há pessoas por perto.
Pergunto sobre o marido, se ele está junto a essas pessoas e ela diz que ele não está lá, continua na Terra.
"Pergunto o que ela sente com a memória do mundo espiritual. Ela diz sentir paz. Pergunto sobre aprendizado. "O que você aprendeu?"
"Faltou obediência a meu pai".
"Valeu a pena não obedecer a seu pai para viver um grande amor?"
"Valeu, mas..."
"A separação de sua mãe..."
Digo a ela que ficou o aprendizado da coragem, mas faltou o aprendizado da renúncia, pois se tivesse obedecido ao seu pai, não teria angústia da falta da mãe. Digo que a cada vivência aprendemos algo, que ela aprendeu a seguir os caminhos do coração e deu o aprendizado ao pai de que não se tem o controle de tudo. Que ela vai ter de retornar a aprender a renunciar. Tudo isso é possível aprender e muitas coisas podem ser modificadas e que, apesar de muitas vivências a vida é uma só e as experiências são momentos para nosso aprendizado. Com a sra. R. tranquila, faço o processo de retorno à vida atual. Encerra-se a sessão.
Após a sessão, R. diz-nos sobre sua família atual e como há semelhanças com o que ela percebeu na regressão. Em criança, sem qualquer motivo, ela tinha pavor do pai e não gostava de quando seu pai ficava em casa. Isso foi diminuindo à medida que ela foi crescendo. Seu pai, pelo contrário, muito a amava. Seu irmão amava ao pai e este o desprezava, com o tempo tal coisa foi desaparecendo. Temos aqui um grupo familiar de volta onde as relações se repetem, em que a filha continua filha e os pais continuam pais. Talvez o irmão tenha sido o amado com quem ela fugiu, isso devido a hostilidade do pai em relação ao filho, estamos no campo da suposição. A mãe dela que estava aguardando, ao ouvir a gravação em que a filha está em momento de choro, diz que não é invenção, este é um choro real da filha, que ela está realmente vivendo alguma coisa e mais, que intuiu ser ela a mãe que ajudou a filha a fugir com o amado e que hoje faria a mesma coisa. A sra. R. diz que entende agora o bloqueio que tem de não querer sair de peto da mãe, de não mudar de cidade, mas, agora, sairia, por saber que pode ver a mãe, que não indo a lugar distante, ela sim, mudaria de cidade por motivos profissionais dela ou do futuro esposo. É bem interessante notarmos mudanças de comportamento, pensamentos, desaparecimento de sintomas em caso de fobias, após sessões de regressão de memória. Se uma fantasia ou fantasias do inconsciente podem promover tal coisa é algo a se pensar, pois imaginação e fantasias não promovem efeitos curativos conforme afirma o Dr. Weiss em seu livro "Muitas Vidas, Muitos Mestres". E aqui cabe uma observação importante, a sra. R. foi de início a um plano extrafísico (região espiritual) e como é evangélica a sua concepção de vida após a morte é completamente diferente da concepção de uma pessoa reencarnacionista. Seria tudo isso uma fantasia? Há diversos outros casos narrados em obras diversas, de pesquisadores diversos com Hellen Wambach, Brian Weiss, Lívio Túlio Picherle, Hermínio Miranda, Ian Stevenson, Hernani Guimarães Andrade, estariam todos estes autores habituados com o rigor científico, equivocados, enganados pelas fantasias do inconsciente de seus pesquisados?
Este artigo já vai longo e é hora de o encerrar e, para isso o fazemos com mais uma citação do livro Recordações da Mediunidade, de Yvonne Pereira, cap. 3 - Reminiscências de Vidas Passadas:
"(..) a observação de sábios investigadores das propriedades e forças da personalidade e a prática dos fenômenos espíritas, dão-nos a conhecer substanciosos exemplos de que nem sempre o véu do esquecimento é totalmente distendido sobre a nossa memória normal, apagando as recordações de vidas anteriores, pois a verdade é que de quando em vez surgem indivíduos idôneos apresentando lembranças de suas existências passadas, muitas delas verificadas exatas por investigações criteriosas, e a maioria dos casos, senão a totalidade deles, revelando tanta lógica e firmeza nas narrativas, que impossível seria descrer-se deles sem demostrar desprezo pela honestidade do próximo. De outro lado, o fenômeno de recordação de vidas passadas parece mais raro do que em verdade é, uma vez que podemos ter estranhas reminiscências sem saber que elas sejam o passado espiritual a se manifestar timidamente às nossas faculdades, aliás, a maioria das pessoas que as recordam, ignorando os fatos espíritas, sofrem a sua pressão sem saberem, realmente o que com elas se passa". p. 34.
A Terapia de Vidas Passadas é um campo para pesquisas, que tenhamos cada vez mais homens e mulheres que se aprofundem nas pesquisas para assim auxiliar a humanidade a caminhar mais um passo na evolução.
Notas:
(1) - A Terapia de Vidas Passadas não é reconhecida como prática psicoterapêutica pelos Conselhos de Medicina e Psicologia, ficando então no campo das Terapias Alternativas.
(3) Os relatos foram autorizados pelas clientes.
(*) Leonardo Paixão é trabalhador espírita em Campos dos Goytacazes, RJ, colaborando com um grupo de amigos do Ideal no Grupo Espírita Semeadores da Paz.
No campo profissional é Terapeuta Holístico. Tem formação em Teologia e Normal Superior. No momento estuda Psicanálise.
É Magnetizador experiente, tendo sido instrutor no curso de Magnetismo por ele promovido no Grupo Espírita Semeadores da Paz no início deste ano.
Leitor assíduo de pesquisadores como Hermínio Miranda, Jacob Melo, Carlos Bernardo Loureiro, Ian Stevenson, Brian Weiss, Carl Gustav Jung.