Translate

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Déja vu (Conto Espírita)

Por Leonardo Paixão (*)

Ele estava muito bem. Tinha um bom emprego, uma bela casa e com esposa e filhos vivia em harmonia.

Jessé Tritão estava vivendo a sua vida na rotina de sempre, quando um dia deparou-se no trabalho - Tritão era consultor financeiro de uma grande empresa - com uma figura que lhe mexeu por dentro.

Chegara naquele dia de viagem Osório Maldonado e foi a empresa em que Jessé Tritão trabalhava com o objetivo de fazer consultoria sobre um novo negócio que queria abrir.

Foi direcionado pela recepcionista ao escritório de Tritão e este ao ver a Maldonado teve estranha sensação de arrepios por todo o corpo e de que aquele homem não era boa gente. Tritão ficou com pensamentos contínuos sobre esse fato e buscou respostas. Fez buscas na internet sobre o que significavam suas sensações. Busca vai, repostas vem, mas insatisfatórias, até porque as pesquisas científicas sobre os fenômenos de Déja vú, não eram conclusivas por não se as poder reproduzir em laboratório, devido aoa cientistas não saberem como isso fazer até então. 

Bem, como o déja vu é um fenômeno subjetvo e é parte da potencialidade do Espírito, um amigo a quem Jessé Tritão consultou explanando sobre o assunto, e este amigo sendo espírita, pegou O Livro dos Espíritos e leu as seguintes questões para Jessé:

"389. De onde provém a repulsa instintiva que se experimenta por certas pessoas, à primeira vista?

- Espíritos antipáticos que se advinham e se reconhecem, sem se falarem.

391. A antipatia entre duas pessoas nasce, em primeiro lugar, naquele que tem o Espírito pior ou melhor?

- Em um e em outro, mas as causas e os efeitos são diferentes. Um Espírito mau tem antipatia contra qualquer um que o possa julgar e desmascarar; vendo uma pessoa pela primeira vez, ele sabe que vai ser desaprovado. Seu afastamento se transforma em ódio, em ciúme, e lhe inspira o desejo de fazer o mal. O bom Espírito tem repulsa pelo mau, porque sabe que não será compreendido e que não partilham os mesmos sentimentos; mas, seguro de sua superioridade, não tem contra o outro nem ódio, nem ciúme, contentando-se em evitá-lo e lastimá-lo".

Alcebíades, o amigo de Tritão, espírita há muitos anos e dedicado estudioso da Doutrina dos Espíritos, perguntou-lhe:  "E então, Jessé Tritão, o que tais respostas te dizem?"

Tritão pensou e calado por instantes, falou a seguir: "Que talvez eu seja um Espírito que, apesar de não ser mau, possa precisar de alguma mudança, especialmente em relação a esse cliente, o Maldonado, porque quando o vejo sempre sinto uma vontade de o maltratar, no entanto, minha posição... e a educação dele com todos, desde os que trabalham na limpeza até os diretores é a mesma...Isso que mais me intriga nessa situação".

Jessé Tritão tendo percebido a lógica e a coerência nas repostas que leu junto ao amigo Alcebíades,  iniciou a leitura atenta de O Livro dos Espíritos e a cada resposta lida, luzes se faziam em sua mente a lhe clarearem os processos da vida. Até que ao ler sobre a reencarnação, aprofunda seu entendimento sobre as relações de simpatia e antipatia entre os Espíritos e passa a compreender que ele e Maldonado, muito provavelmente em uma existência passada foram inimigos e que hoje se reencontraram para que não mais viessem a repetir a inimizade do passado.

Passam-se os anos e é um dia especial na empresa,  ela está aniversariando 50 anos e há uma grande celebração tendo por convidados os funcionários e os melhores clientes e, Maldonado é um destes. Entre conversas alegres Jessé Tritão e Osório Maldonado se aproximam por circunstâncias próprias de eventos tais e Tritão decidi abrir seu coração a Maldonado sobre as suas impressões íntimas em relação a ele. Maldonado escuta atento e surpreende Jessé dizendo: "A impressão foi recíproca, mas como sou espírita e busco domar minhas más tendências, busquei especialmente com você manter uma atitude serena e de compreensão e, para isso, passei a vir ao seu escritório toda semana e, agora aqui estamos, nos abrindo não com sensação de inimizade, mas como irmãos que buscam reconciliação ".

E, assim, de um déja vu, a reconciliação entre duas almas se fez.


(*) Leonardo Paixão é trabalhador espírita no Grupo Espírita Semeadores da Paz, Campos dos Goytacazes, RJ. Grupo que fundou e dirige 


Nenhum comentário:

Postar um comentário