Estudo do livro Nos Bastidores da Obsessão, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco.
Examinando a Obsessão (continuação)
Nem sempre, porém, os
resultados são imediatos. Para a maioria dos Espíritos, o tempo conforme se
conta na Terra, tem pouca significação. Demoram-se, obstinados, com tenacidade
incomparável nos propósitos a que se entregam anos a fio, sem que algo de
positivo se consiga fazer, prosseguindo a tarefa insana, em muitos casos, até
mesmo depois da morte... Isto porque do paciente depende a maioria dos
resultados nos tratamentos da obsessão... Iniciado o programa de recuperação,
deve este esforçar-se de imediato para a modificação radical do comportamento,
exercitando-se na prática das virtudes cristãs, e, principalmente,
moralizando-se. A moralização do enfermo deve ter caráter primário,
considerando-se que, através de uma renovação íntima bem encetada, ele
demonstra para o seu desafeto a eficiência das diretrizes que lhe oferecem como
normativa de felicidade.
Merece considerar,
neste particular, que o desgaste orgânico e psíquico do médium enfermo, mesmo
depois do afastamento do Espírito malévolo, ocasiona um refazimento mais
demorado, sendo necessária, às vezes, compreensivelmente, assistência médica
prolongada.
Comentário de Leonardo Paixão:
A compreensão de que não se
está a tratar com seres outros e sim, seres humanos, só que na condição de desencarnados,
isto é, não mais habitando um corpo material, porém, permanecendo com a sua
individualidade e personalidade, logo, com pensamento, memória, emoções,
sentimentos, tais quais os tinham na esfera física e permanecem tendo, é que
fará com que se perceba que os obsessores são seres humanos feridos em seus
valores mais íntimos e que, do mesmo modo, que nós, os encarnados podemos
carregar profundas mágoas a gerarem raiva e até mesmo ódios em nós, os
Espíritos desencarnados que sofreram decepções as mais diversas como traições,
acusações por crimes que não cometeram, abandonos quando mais precisavam de
ajuda, rejeição de pessoas próximas – parentes ou amigas -, que foram lesados
em seus patrimônios ou que até mesmo foram roubados e, tendo ciência da ação
criminosa ou ofensiva contra eles ou não no período em que estiveram
reencarnados, levam para o além as mágoas vivenciadas ou ao descobrirem toda a
trama realizada contra eles agora que estão na esfera espiritual, onde nada há
oculto, após a decepção vem a raiva e, é aí que se iniciam muitos processos
obsessivos que facilmente se instalam até pelo fato de, a maioria dos Espíritos
reencarnados na Terra, não terem uma convicção na vida além-túmulo quanto mais
conhecimentos sobre o processo obsessivo. Em assim sendo, há para o Espírito
desvestido agora de seu corpo físico, imensa possibilidade de acesso à mente do
encarnado sugestionando-lhe pensamentos e comportamentos desequilibrados que
podem e, não raro, chegam ao ponto de lhes tirar a sanidade mental.
O Espírito, conforme colocamos
acima, sendo um ser humano desencarnado e tendo as potencialidades próprias
como pensamento, memória, sentimentos, emoções, mantém as qualidades e defeitos
que mostrava ter na Terra, logo, voltando à vida espiritual retorna à liberdade
de ações que estavam antes tolhidas pela influência da matéria. Agora ele pode
percorrer o espaço com a velocidade do pensamento, barreiras físicas (paredes,
muros, a água, o fogo, ventanias) não são impedimentos para a sua movimentação,
assim como não há mais para o Espírito as necessidades fisiológicas como sede,
fome, sono – há aqueles casos em que por
um processo psicológico o Espírito acha que tem essas necessidades, são casos
de Espíritos muito ligados a esfera física e outros que são hipnotizados por
obsessores no Além – fica-se livre para agir o Espírito onde desejar se houver
para com ele sintonia, isto é, afinidades de gostos devido ao patamar moral em
que o encarnado se encontre.
O tempo já não tem para o
Espírito o mesmo valor quando encarnado, porque já não mais necessita de dormir
e nem de realizar as atividades próprias da vida na Terra como trabalhar, ir a
compromissos em família, enfim, ter uma organização de agenda. Por isso, os
Espíritos que desejam vingança, não é difícil que esperem os seus algozes
reencarnarem para então darem início, seja desde criança ou em idade mais
avançada à perturbação sobre o seu inimigo agora reencarnado.
Vejamos o que nos esclarece
Allan Kardec a esse respeito:
“(...) O Espírito mau espera
que o outro, a quem ele quer mal, esteja preso ao seu corpo e, assim, menos
livre, para mais facilmente o atormentar, ferir nos seus interesses, ou nas
suas mais caras afeições. Nesse fato reside a causa da maioria dos casos de obsessão,
sobretudo dos que apresentam certa gravidade, quais os de subjugação e
possessão. O obsidiado e o possesso são, pois, quase sempre vítimas de uma
vingança, cujo motivo se encontra em existência anterior, e à qual o que a
sofre deu lugar pelo seu proceder”. (KARDEC. Allan. O Evangelho segundo o
Espiritismo. Cap. X – Bem aventurados os que são misericordiosos, item 6)
E aqui surge uma pergunta
muito natural: Como o Espírito obsessor encontra/reconhece o seu inimigo
reencarnado? Como ele pode ter acesso a esse conhecimento? Atentemos nessas
colocações do Espírito Adolfo Bezerra de Menezes:
(...) Aterrorizado ante as
vinditas atrozes movidas pelos Espíritos de seus antigos amos de Lisboa, o Espírito
João-José preferiu ocultar-se numa encarnação de formas femininas, esperançado de
que, assim disfarçado, não pudesse ser reconhecido. Enganou-se, porém, visto
que sua própria organização psíquica atraiçoou-o, modelando traços fisionômicos
e anormalidades físicas idênticos aos que arrastara na época citada. Encontrou-se,
de outro modo, enredado em complexos físicos oriundos da mudança de sexo,
anormalidades sexuais e mentais fáceis de fornecerem, pista de reconhecimento a
um obsessor...’ (PEREIRA, Yvonne A. Dramas da Obsessão. Pelo Espírito
Adolfo Bezerra de Menezes. 4. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita
Brasileira, 2010. p. 156)
Para que não fiquemos somente
na literatura mediúnica, mas aprofundemos nossos estudos, já que o Espiritismo é
por definição do próprio Allan Kardec “uma ciência de observação e uma doutrina
filosófica” (O que é o Espiritismo. Preâmbulo), recorramos a relatos de
experiências científicas que nos trazem sobre uma possível descoberta do perispírito.
“Na respeitadíssima
Universidade de Kirov do Cazaquistão, em Alma-Ata, biologistas, bioquímicos e
biofísicos reuniram-se em torno de um imenso microscópio eletrônico. O
equipamento dos Kirlians fizera um longo trajeto. Agora estava preso àquele
sofisticado e intricado instrumento eletrônico. Olhando pelo ocular do microscópio
eletrônico, os cientistas viram na silenciosa descarga de alta frequência
alguma coisa outrora reservada apenas aos clarividentes. Viram o
"duplo" vivo de um organismo vivo em movimento.
Fizeram-se inúmeras
experiências com plantas, animais e seres humanos vivos utilizando o efeito
kirliano. Que era esse "duplo"? "Uma espécie de constelação
elementar, semelhante ao plasma, feita de elétrons e prótons ionizados, excitados,
e possivelmente de outras partículas", disseram eles. "Ao mesmo
tempo, porém, o corpo energético não é apenas formado de partículas. Não é um
sistema caótico. É, por si mesmo, todo um organismo unificado." Atua como unidade,
dizem eles e, como unidade, emite os próprios campos eletromagnéticos e à base
de campos biológicos.
Em 1968, os Drs. V. Empuxem,
V. Grishchenko, N. Vorobev, N. Shouiski, N. Fedorova e F. Gibadulin anunciaram
o seu descobrimento: todas as coisas vivas - plantas, animais e seres humanos –
possuem não só um corpo físico, constituído de átomos e moléculas, mas também
um corpo energético equivalente, a que dão o nome de "Corpo do Plasma
Biológico". (75-60-198)
As implicações são tremendas:
Num trabalho científico
volumoso como um livro, publicado pela Universidade do Cazaquistão, "A
essência biológica do efeito de Kirlian", (Alma-Ata, 1968), eles descreveram
as pesquisas levadas a efeito com o "corpo energético" vivo.
"A bioluminescência
visível nas fotografias de Kirlian é causada pelo bioplasma e não pelo estado elétrico
do organismo", dizem eles. Um dos traços mais característicos desse corpo
energético colorido e vibrante, que existe em todas as coisas vivas, é "a
sua organização espacial específica". Possui forma. No interior do corpo
energético, afirmam os cientistas, os processos têm o seu próprio movimento
labiríntico, absolutamente diverso do padrão de energia no corpo físico. O
corpo bioplasmático também é polarizado.
"O plasma biológico do
corpo energético é específico de cada organismo, de cada tecido e,
possivelmente, de cada biomolécula", afiançam eles. "A especificidade
determina a forma do organismo."
Nos últimos anos, inúmeros
cientistas de muitos países têm pressuposto a existência de uma espécie de
matriz, uma espécie de padrão organizador invisível, inerente aos seres vivos.
Na União Soviética, por exemplo, o Dr. Alexandre Studitsky, do Instituto de
Morfologia Animal de Moscou, picou um tecido muscular em pedacinhos e enfiou-os
na ferida feita no corpo de um rato. A partir desses pedacinhos, o corpo
reconstituiu um músculo inteiramente novo, como se existisse um padrão
organizador”. (OSTRANDER, Sheila e SCHROEDER, Lynn. Experiências Psíquicas Além
da Cortina de Ferro. Editora Pensamento. p. 350-351)
Por essas pesquisas podemos
ver como a ciência tem tal qual o Espiritismo, revelado aspectos do ser que
transcendem a organização fisiológica. E, por que não afirmamos que “a ciência está
confirmando o Espiritismo”? Porque, pensamos ser essa uma afirmação que não se
coaduna com o que Allan Kardec expôs:
“Definamos primeiro o sentido
da palavra revelação. Revelar, do latim revelāre, cuja raiz, vēlum,
véu, significa literalmente sair de sob o véu — e, figuradamente,
descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida. em sua acepção
vulgar mais genérica, essa palavra se emprega a respeito de qualquer coisa
ignota que é divulgada, de qualquer ideia nova que nos põe ao corrente do que
não sabíamos.
Deste ponto de vista, todas as
ciências que nos fazem conhecer os mistérios da natureza são revelações e pode
dizer-se que há para a humanidade uma revelação incessante. A Astronomia
revelou o mundo astral, que não conhecíamos; a Geologia revelou a formação da
terra; a Química, a lei das afinidades; a Fisiologia, as funções do organismo
etc.; Copérnico, Galileu, Newton, Laplace, Lavoisier foram reveladores”. (KARDEC,
Allan. A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo. 53. ed.
Brasília: FEB, 2013. Cap. I – Caráter da Revelação Espírita. p. 17, item 2)
Com essas transcrições e a
nossa observação, podemos assim compreender a influência que o pensamento do
Espírito exerce sobre o seu corpo antes de reencarnar, desse modo, deixando
sejam sinais, manchas, traços fisionômicos, deficiências físicas, que venham a
colaborar para que o seu cobrador que se encontra no Mundo dos Espíritos se
recorde dele ao se lhe olhar a nova aparência. Além disso, há também o que
Kardec chamou de afinidade fluídica e que possibilita a influência maior de um
Espírito sobre um médium, lembrando que toda pessoa obsedada é médium, sendo
que atormentado.
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