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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Nos Bastidores da Obsessão - Estudo

Estudo do livro Nos Bastidores da Obsessão, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco.


Examinando a Obsessão (continuação)


Nem sempre, porém, os resultados são imediatos. Para a maioria dos Espíritos, o tempo conforme se conta na Terra, tem pouca significação. Demoram-se, obstinados, com tenacidade incomparável nos propósitos a que se entregam anos a fio, sem que algo de positivo se consiga fazer, prosseguindo a tarefa insana, em muitos casos, até mesmo depois da morte... Isto porque do paciente depende a maioria dos resultados nos tratamentos da obsessão... Iniciado o programa de recuperação, deve este esforçar-se de imediato para a modificação radical do comportamento, exercitando-se na prática das virtudes cristãs, e, principalmente, moralizando-se. A moralização do enfermo deve ter caráter primário, considerando-se que, através de uma renovação íntima bem encetada, ele demonstra para o seu desafeto a eficiência das diretrizes que lhe oferecem como normativa de felicidade.

Merece considerar, neste particular, que o desgaste orgânico e psíquico do médium enfermo, mesmo depois do afastamento do Espírito malévolo, ocasiona um refazimento mais demorado, sendo necessária, às vezes, compreensivelmente, assistência médica prolongada.

 

Comentário de Leonardo Paixão:

 

A compreensão de que não se está a tratar com seres outros e sim, seres humanos, só que na condição de desencarnados, isto é, não mais habitando um corpo material, porém, permanecendo com a sua individualidade e personalidade, logo, com pensamento, memória, emoções, sentimentos, tais quais os tinham na esfera física e permanecem tendo, é que fará com que se perceba que os obsessores são seres humanos feridos em seus valores mais íntimos e que, do mesmo modo, que nós, os encarnados podemos carregar profundas mágoas a gerarem raiva e até mesmo ódios em nós, os Espíritos desencarnados que sofreram decepções as mais diversas como traições, acusações por crimes que não cometeram, abandonos quando mais precisavam de ajuda, rejeição de pessoas próximas – parentes ou amigas -, que foram lesados em seus patrimônios ou que até mesmo foram roubados e, tendo ciência da ação criminosa ou ofensiva contra eles ou não no período em que estiveram reencarnados, levam para o além as mágoas vivenciadas ou ao descobrirem toda a trama realizada contra eles agora que estão na esfera espiritual, onde nada há oculto, após a decepção vem a raiva e, é aí que se iniciam muitos processos obsessivos que facilmente se instalam até pelo fato de, a maioria dos Espíritos reencarnados na Terra, não terem uma convicção na vida além-túmulo quanto mais conhecimentos sobre o processo obsessivo. Em assim sendo, há para o Espírito desvestido agora de seu corpo físico, imensa possibilidade de acesso à mente do encarnado sugestionando-lhe pensamentos e comportamentos desequilibrados que podem e, não raro, chegam ao ponto de lhes tirar a sanidade mental.

O Espírito, conforme colocamos acima, sendo um ser humano desencarnado e tendo as potencialidades próprias como pensamento, memória, sentimentos, emoções, mantém as qualidades e defeitos que mostrava ter na Terra, logo, voltando à vida espiritual retorna à liberdade de ações que estavam antes tolhidas pela influência da matéria. Agora ele pode percorrer o espaço com a velocidade do pensamento, barreiras físicas (paredes, muros, a água, o fogo, ventanias) não são impedimentos para a sua movimentação, assim como não há mais para o Espírito as necessidades fisiológicas como sede, fome, sono – há  aqueles casos em que por um processo psicológico o Espírito acha que tem essas necessidades, são casos de Espíritos muito ligados a esfera física e outros que são hipnotizados por obsessores no Além – fica-se livre para agir o Espírito onde desejar se houver para com ele sintonia, isto é, afinidades de gostos devido ao patamar moral em que o encarnado se encontre.

O tempo já não tem para o Espírito o mesmo valor quando encarnado, porque já não mais necessita de dormir e nem de realizar as atividades próprias da vida na Terra como trabalhar, ir a compromissos em família, enfim, ter uma organização de agenda. Por isso, os Espíritos que desejam vingança, não é difícil que esperem os seus algozes reencarnarem para então darem início, seja desde criança ou em idade mais avançada à perturbação sobre o seu inimigo agora reencarnado.

Vejamos o que nos esclarece Allan Kardec a esse respeito:

 

“(...) O Espírito mau espera que o outro, a quem ele quer mal, esteja preso ao seu corpo e, assim, menos livre, para mais facilmente o atormentar, ferir nos seus interesses, ou nas suas mais caras afeições. Nesse fato reside a causa da maioria dos casos de obsessão, sobretudo dos que apresentam certa gravidade, quais os de subjugação e possessão. O obsidiado e o possesso são, pois, quase sempre vítimas de uma vingança, cujo motivo se encontra em existência anterior, e à qual o que a sofre deu lugar pelo seu proceder”. (KARDEC. Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. X – Bem aventurados os que são misericordiosos, item 6)

 

E aqui surge uma pergunta muito natural: Como o Espírito obsessor encontra/reconhece o seu inimigo reencarnado? Como ele pode ter acesso a esse conhecimento? Atentemos nessas colocações do Espírito Adolfo Bezerra de Menezes:

(...) Aterrorizado ante as vinditas atrozes movidas pelos Espíritos de seus antigos amos de Lisboa, o Espírito João-José preferiu ocultar-se numa encarnação de formas femininas, esperançado de que, assim disfarçado, não pudesse ser reconhecido. Enganou-se, porém, visto que sua própria organização psíquica atraiçoou-o, modelando traços fisionômicos e anormalidades físicas idênticos aos que arrastara na época citada. Encontrou-se, de outro modo, enredado em complexos físicos oriundos da mudança de sexo, anormalidades sexuais e mentais fáceis de fornecerem, pista de reconhecimento a um obsessor...’ (PEREIRA, Yvonne A. Dramas da Obsessão. Pelo Espírito Adolfo Bezerra de Menezes. 4. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. p. 156)

 

Para que não fiquemos somente na literatura mediúnica, mas aprofundemos nossos estudos, já que o Espiritismo é por definição do próprio Allan Kardec “uma ciência de observação e uma doutrina filosófica” (O que é o Espiritismo. Preâmbulo), recorramos a relatos de experiências científicas que nos trazem sobre uma possível descoberta do perispírito.

“Na respeitadíssima Universidade de Kirov do Cazaquistão, em Alma-Ata, biologistas, bioquímicos e biofísicos reuniram-se em torno de um imenso microscópio eletrônico. O equipamento dos Kirlians fizera um longo trajeto. Agora estava preso àquele sofisticado e intricado instrumento eletrônico. Olhando pelo ocular do microscópio eletrônico, os cientistas viram na silenciosa descarga de alta frequência alguma coisa outrora reservada apenas aos clarividentes. Viram o "duplo" vivo de um organismo vivo em movimento.

Fizeram-se inúmeras experiências com plantas, animais e seres humanos vivos utilizando o efeito kirliano. Que era esse "duplo"? "Uma espécie de constelação elementar, semelhante ao plasma, feita de elétrons e prótons ionizados, excitados, e possivelmente de outras partículas", disseram eles. "Ao mesmo tempo, porém, o corpo energético não é apenas formado de partículas. Não é um sistema caótico. É, por si mesmo, todo um organismo unificado." Atua como unidade, dizem eles e, como unidade, emite os próprios campos eletromagnéticos e à base de campos biológicos.

Em 1968, os Drs. V. Empuxem, V. Grishchenko, N. Vorobev, N. Shouiski, N. Fedorova e F. Gibadulin anunciaram o seu descobrimento: todas as coisas vivas - plantas, animais e seres humanos – possuem não só um corpo físico, constituído de átomos e moléculas, mas também um corpo energético equivalente, a que dão o nome de "Corpo do Plasma Biológico". (75-60-198)

As implicações são tremendas:

Num trabalho científico volumoso como um livro, publicado pela Universidade do Cazaquistão, "A essência biológica do efeito de Kirlian", (Alma-Ata, 1968), eles descreveram as pesquisas levadas a efeito com o "corpo energético" vivo.

"A bioluminescência visível nas fotografias de Kirlian é causada pelo bioplasma e não pelo estado elétrico do organismo", dizem eles. Um dos traços mais característicos desse corpo energético colorido e vibrante, que existe em todas as coisas vivas, é "a sua organização espacial específica". Possui forma. No interior do corpo energético, afirmam os cientistas, os processos têm o seu próprio movimento labiríntico, absolutamente diverso do padrão de energia no corpo físico. O corpo bioplasmático também é polarizado.

"O plasma biológico do corpo energético é específico de cada organismo, de cada tecido e, possivelmente, de cada biomolécula", afiançam eles. "A especificidade determina a forma do organismo."

Nos últimos anos, inúmeros cientistas de muitos países têm pressuposto a existência de uma espécie de matriz, uma espécie de padrão organizador invisível, inerente aos seres vivos. Na União Soviética, por exemplo, o Dr. Alexandre Studitsky, do Instituto de Morfologia Animal de Moscou, picou um tecido muscular em pedacinhos e enfiou-os na ferida feita no corpo de um rato. A partir desses pedacinhos, o corpo reconstituiu um músculo inteiramente novo, como se existisse um padrão organizador”. (OSTRANDER, Sheila e SCHROEDER, Lynn. Experiências Psíquicas Além da Cortina de Ferro. Editora Pensamento. p. 350-351)

 

Por essas pesquisas podemos ver como a ciência tem tal qual o Espiritismo, revelado aspectos do ser que transcendem a organização fisiológica. E, por que não afirmamos que “a ciência está confirmando o Espiritismo”? Porque, pensamos ser essa uma afirmação que não se coaduna com o que Allan Kardec expôs:   

“Definamos primeiro o sentido da palavra revelação. Revelar, do latim revelāre, cuja raiz, vēlum, véu, significa literalmente sair de sob o véu — e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida. em sua acepção vulgar mais genérica, essa palavra se emprega a respeito de qualquer coisa ignota que é divulgada, de qualquer ideia nova que nos põe ao corrente do que não sabíamos.

Deste ponto de vista, todas as ciências que nos fazem conhecer os mistérios da natureza são revelações e pode dizer-se que há para a humanidade uma revelação incessante. A Astronomia revelou o mundo astral, que não conhecíamos; a Geologia revelou a formação da terra; a Química, a lei das afinidades; a Fisiologia, as funções do organismo etc.; Copérnico, Galileu, Newton, Laplace, Lavoisier foram reveladores”. (KARDEC, Allan. A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo. 53. ed. Brasília: FEB, 2013. Cap. I – Caráter da Revelação Espírita. p. 17, item 2)

Com essas transcrições e a nossa observação, podemos assim compreender a influência que o pensamento do Espírito exerce sobre o seu corpo antes de reencarnar, desse modo, deixando sejam sinais, manchas, traços fisionômicos, deficiências físicas, que venham a colaborar para que o seu cobrador que se encontra no Mundo dos Espíritos se recorde dele ao se lhe olhar a nova aparência. Além disso, há também o que Kardec chamou de afinidade fluídica e que possibilita a influência maior de um Espírito sobre um médium, lembrando que toda pessoa obsedada é médium, sendo que atormentado.

 

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