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segunda-feira, 22 de abril de 2024

Nos Bastidores da Obsessão - Estudo

Estudo do livro Nos Bastidores da Obsessão, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco.


Examinando a Obsessão (continuação)

 

Diante dos esforços que se conjugam entre o assistente e o assistido, os Espíritos Superiores interessados no progresso da Humanidade oferecem, também, valiosos recursos que constituem elementos salutares e preciosos.

Sem tal amparo, toda incursão que se intente no ministério da desobsessão será improfícua, senão perigosa, pelos resultados negativos que apresenta.

Um espírito lidador, devidamente preparado para as experiências de socorro aos obsidiados, é dínamo potente que gera energia eletromagnética, que, aplicada mediante os passes, produz distonias e desajustes emocionais no hóspede indesejável, afastando-o de momento e facultando, assim, ao hospedeiro a libertação mental necessária para assepsiar-se moralmente, reeducando a vontade, meditando em oração, num verdadeiro programa evangélico bem disciplinado que, segura e lentamente, edifica uma cidadela moral de defesa em volta dele mesmo.

Por isso o Mestre, diante de determinados perseguidores desencarnados, afirmou: “contra esta casta de Espíritos só a oração e o jejum”, e, após atender às aflições de cada atormentado que O buscava, prescrevia, invariável e incisivo: “Não voltes a pecar para que algo pior não te aconteça”.

 

Comentário de Leonardo Paixão:

É comum haver a interrogação seguinte sobre a atuação dos Espíritos Superiores em casos de obsessão: Os Espíritos Superiores não poderiam evitar esses casos de obsessão, onde vemos até crianças lhes sofrendo as negativas e maldosas importunações?

Primeiro precisamos estar cientes e bem cientes de que estamos em um planeta de provas e expiações, onde predomina o mal e, por isso mesmo, os Espíritos aqui reencarnados, são em sua maioria, conforme a Escala Espírita (O Livro dos Espíritos. n. 100 e seguintes), da terceira ordem, isto é, “Predominância da matéria sobre o espirito. Propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhes são consequentes.

Tem a intuição de Deus, mas não o compreendem.

Nem todos são essencialmente maus. Em alguns há mais leviandade, irreflexão e malicia do que verdadeira maldade. Uns não fazem o bem nem o mal; mas, pelo simples fato de não fazerem o bem, já denotam a sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal e rejubilam quando uma ocasião se lhes depara de praticá-lo. A inteligência pode achar-se neles aliada a maldade ou a malícia; seja, porém, qual for o grau que tenham alcançado de desenvolvimento intelectual, suas ideias são pouco elevadas e mais ou menos abjetos seus sentimentos.

Restritos conhecimentos têm das coisas do mundo espirita e o pouco que sabem se confunde com as ideias e preconceitos da vida corporal. Não nos podem dar mais do que noções errôneas e incompletas; entretanto, nas suas comunicações, mesmo imperfeitas, o observador atento encontra a confirmação das grandes verdades ensinadas pelos Espíritos superiores.

Na linguagem de que usam se lhes revela o caráter. Todo Espirito que, em suas comunicações, trai um mau pensamento, pode ser classificado na terceira ordem. Conseguintemente, todo mau pensamento que nos é sugerido vem de um Espirito desta ordem. Eles veem a felicidade dos bons e esse espetáculo lhes constitui incessante tormento, porque os faz experimentar todas as angústias que a inveja e o ciúme podem causar.

Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corpórea e essa impressão é muitas vezes mais penosa do que a realidade. Sofrem, pois, verdadeiramente, pelos males de que padeceram em vida e pelos que ocasionam aos outros. E, como sofrem por longo tempo, julgam que sofrerão para sempre. Deus, para puni-los, quer que assim julguem”. (O Livro dos Espíritos. Escala Espírita. 101. Características Gerais. Terceira Ordem. Espíritos Imperfeitos)

 

Este não é um quadro muito animador do estado evolutivo dos espíritos reencarnados no planeta Terra, no entanto, pensando sobre os flagelos obsessivos que atormentam a humanidade, este quadro nos faz compreender do porquê a obsessão é tão presente no cotidiano dos seres humanos.

Segundo os Espíritos Superiores não estão desatentos a esses casos, porém, a intervenção humana pode ser útil a eles. Vejamos:

 

Em relação a ação dos Espíritos Superiores, vejamos, por oportuno, na Revista Espírita 1865, esta fala de Allan Kardec:

 

Os Espíritos, como se vê, não são nem inativos nem indiferentes com relação aos Espíritos sofredores, que é preciso conduzir ao bem; mas quando a intervenção dos homens pode ser útil, deixam-lhes a iniciativa e o mérito, sob a condição de secundá-los com seus conselhos e seus encorajamentos.

 

Portanto, os Espíritos Superiores não estão indiferentes e inativos, trabalham a favor dos Espíritos sofredores tentando conduzi-los ao caminho do bem. Deixando a nós, encarnados, uma participação nesse nobre trabalho. (NETO, Paulo. Obsessão, processo de cura de casos graves. Belo Horizonte, MG: Edição do autor, 2020. Conclusão)

 

Agora iremos tentar adentrar no processo de como “Um Espírito lidador, devidamente preparado para as experiências de socorro aos obsidiados, é dínamo potente que gera energia eletromagnética, que, aplicada mediante os passes, produz distonias e desajustes emocionais no hóspede indesejável, afastando-o de momento...”.

Estudando as técnicas de desobsessão nos deparamos com um texto do escritor e pesquisador Carlos Bernardo Loureiro, “Uma Inusitada Técnica de Desobsessão”, em que descreve experiências do Dr. Carl Wickland nesse campo e que estão descritas também em livro que o Dr. Wickland deixou a respeito – Trinta anos entre os Mortos. Leiamos a parte inicial do texto de Bernardo:

A revista alemã Zeitschruffuer Metapsysche Forshung, do ano de 1932, veicula uma matéria de autoria do Dr. Carl A. Wickland, psiquiatra norte-americano autor do livro Thirty Years Among the Dead (Trinta Anos entre os Mortos), trabalho muito citado como um clássico da literatura psíquica, editado em 1924 e reeditado, na década de 1970, pela Spiritualist Press de Londres.

Na citada revista alemã, o Dr. Wickland relata um caso intrigante de obsessão, em que uma menina (que apresentava uma aparência senil) via-se pertinazmente assediada por uma velha senhora desencarnada em 1870. “Para nós – elucida o Dr. Wickland, no preâmbulo do artigo – já não existe mais a pergunta: haverá realmente uma continuação da vida do Espírito depois da morte? O que devemos fazer para despertar a Humanidade do seu sono de letargia e convencê-la de que a vida além-túmulo é um fato. Mais ainda: que a alma dos desencarnados muitas vezes intervêm nos acontecimentos de nossa vida         corpórea.” 

Eis os trâmites do caso referido: O médico Dr. S. levou para uma sessão de cura (desobsessão) no National Psychical Institut, dirigido pelo Dr. Carl Wickland, uma menina de 12 nos, cujo sofrimento tivera resistido a   todos os   tratamentos regulares da ciência oficial. Havia três anos que essa jovem era inválida, tendo perdido por completo o domínio sobre os seus membros. Às vezes, passava vários dias em surdez e absoluto mutismo, do qual ninguém conseguia demovê-la, e apresentava a aparência de uma velha... O Dr. Wickland, ao constatar que se tratava de um singular processo obsessivo, empreendeu, em vão, todos os meios persuasivos para conseguir manifestação do Espírito. Recorreu, então, ao método extremo – choques elétricos na paciente, “forçando” o afastamento do obsessor, que se “incorporou” na médium, sua esposa, a Sra. Wickland. (grifo       nosso)

Seguem-se as perguntas e respostas, como acontece em sessões espíritas de doutrinação. O Espírito, após demorado trabalho de persuasão, admite a realidade da vida espiritual e conta sua história. Fizera parte de uma seita religiosa, onde prevaleciam a superstição e um profundo fanatismo religioso. Arrepende-se e pede ao Dr. Wickland que dissesse à menina que nunca mais iria perturbá-la. Em seguida, despede-se dizendo que ia embora com esta gente (Espíritos)         que      se       achava ao        seu       redor...

Daí em diante, a menina (Jennie Brown) começou a transmudar a sua feição física; ressurge na plenitude e no frescor de seus 12 anos, transbordando de alegria.

(...)

O trabalho do Dr. Carl Wickland — embora utilizasse o estranho método do choque elétrico (uso da eletricidade estática) para “deslocar” o Espírito obsessor — é notável. Os resultados que obteve, no campo de desobsessão, foram surpreendentes, livrando um sem-número de pacientes da tristíssima clausura em manicômios e sanatórios psiquiátricos, onde iriam, inevitavelmente, se encharcar de barbitúricos. (http://www.telma.org.br/artigos/uma-inusitada-tecnica-de-desobsessao)

 

Trouxemos essa breve citação do texto de Carlos Bernardo Loureiro para que observemos que, desde a esfera física o uso de eletrochoque para deslocar Espíritos obsessores foi usado e temos na literatura espírita observações a respeito. O articulista Leonardo Marmo Moreira nos traz a seguinte contribuição:

 

Na (...) obra de Manoel Philomeno de Miranda, pela mediunidade de Divaldo Franco, “Loucura e Obsessão”, há um interessante estudo sobre a correlação entre Eletrochoque e Choque Anímico, o qual foi desenvolvido pelo Doutor Bezerra de Menezes. De fato, no Capítulo 11, intitulado “Técnicas de Libertação”, o admirável médico, juntamente com sua equipe espiritual, explica a Manoel P. Miranda que o chamado “Choque Anímico” seria semelhante ao “Choque Elétrico” (também conhecido como “Eletrochoque”), o qual foi amplamente utilizado como psicoterapia no passado e ainda hoje é empregado em alguns tipos de tratamento psiquiátrico.

(...)

 

Segundo Doutor Bezerra de Menezes, o Eletrochoque desacoplaria o obsessor do obsidiado, ou seja, geraria uma desvinculação perispiritual entre o Espírito desencarnado, no caso o vampirizador, e o Espírito encarnado, o qual, nesta situação, trata-se do ser vampirizado. Portanto, haveria uma separação brusca dos respectivos corpos espirituais, interrompendo drástica, porém paliativamente, a simbiose perispírito-a-perispírito. Ressalta-se que tais casos constituem, de fato, processos obsessivos propriamente ditos, e não apenas leves influências espirituais negativas, sendo que a maioria destas situações de parasitose espiritual pode ser classificada como fascinação ou subjugação, em concordância com a Codificação Kardequiana. Do ponto de vista do corpo material, o Eletrochoque equilibraria quimicamente as sinapses nervosas, gerando um status mais saudável de distribuição de neurotransmissores, o que, juntamente com o afastamento do obsessor, responderia pela melhora temporária dos sintomas. Assim, por um determinado intervalo de tempo, o paciente adquiriria uma calma profunda ou até mesmo um quadro de prostração.

(...)

Por outro lado, o processo obsessivo pode ser eliminado ou minimizado pela mudança de atitude do obsidiado, se o mesmo modificar sua conduta moral, de maneira que a eventual ascendência do Espírito perturbador seja atenuada. Realmente, do ponto de vista do obsidiado, a ocorrência do “Choque Anímico” com o seu respectivo obsessor também seria uma oportunidade valiosa de autocura, uma vez que o obsessor poderia dar uma “trégua” em seu processo de simbiose espiritual durante certo tempo. Isto permitiria uma reforma moral por parte do Espírito encarnado, fomentando o início de um mecanismo preliminar de “imunização espiritual” do encarnado em relação ao desencarnado, em função da sua mudança de faixa vibratória para melhora do habitante da crosta terrestre.

Algo semelhante ao Eletrochoque provavelmente também ocorreria, pelo menos parcialmente, no tratamento de passes aplicados a encarnados obsidiados. A vibração dos passistas (encarnados e desencarnados) – juntamente com o esforço do recebedor dos passes – geraria uma espécie de “choque fluídico” no Espírito desencarnado, o qual, mesmo que em menor intensidade, pode ser altamente eficiente.

Todavia, é bom que se destaque que, por mais eficaz que o tratamento seja, a médio e longo prazos a cura definitiva somente ocorrerá a partir de uma melhoria comportamental geral por parte do obsidiado. Isso fica evidente, por exemplo, na obra “Missionários da Luz” (André Luiz/Chico Xavier). Nesta obra, no capítulo 19 intitulado “Passes”, o autor espiritual narra um “caso de décima vez”, que consiste em uma situação em que um mesmo indivíduo retorna ao centro espírita para o tratamento de passes, após receber e desperdiçar as intervenções fluídicas completas por dez (10) vezes consecutivas. O orientador espiritual do trabalho de passes recomenda então que o paciente receba uma limpeza psíquica mínima, pois, somente sofrendo as consequências de sua intemperança espiritual, poderia despertar para uma mudança espiritual mais efetiva. 

(...)

A analogia entre Eletrochoque e Choque Anímico para uma compreensão do fenômeno da obsessão e de alguns procedimentos de tratamento desobsessivo, elaborada pelo Doutor Bezerra de Menezes (“Loucura e Obsessão”), são informações interessantes para o nosso estudo mais amplo abrangendo relevantes tópicos espíritas, tais como propriedades do Perispírito, as interações e comunicações espirituais e mediúnicas, o poder de cura e autocura, as interações fluídico-ectoplásmicas, a ação das chamadas “barreiras magnéticas”, a interação espírito-perispírito-corpo físico, entre outros. (MOREIRA, Leonardo Marmo. Eletrochoque, Choque Anímico e Desobsessão. Revista Eletrônica O Consolador. Crônicas e Artigos. Ano 5 - N° 229 - 2 de outubro de 2011)

 

Apesar dos textos acima transcritos, o Miranda usa o termo “energia eletromagnética”, o que vem a ser diferente de eletrochoque. Para buscarmos uma compreensão melhor da diferença entre o uso de eletrochoque feita, conforme pudemos ver no texto de Carlos Bernardo Loureiro sobre os métodos do Dr. Carl Wickland, vamos trazer aqui sobre diferenças e semelhanças entre Eletroconvulsoterapia (ECT) e Estimulação Magnética Transcraniana (EMT).

 

EMT e ECT: técnicas de neuromodulação

Os transtornos mentais resistentes ao tratamento trazem grande sofrimento ao paciente, tanto pela condição clínica, como pela falta de esperança por não verem resposta suficiente nos medicamentos usados. Felizmente, outras formas de terapias podem ser indicadas a esses indivíduos, como a Neuromodulação.

A neuromodulação é o ato de reorganizar as transmissões de informações do sistema nervoso. Dentre as técnicas de neuromodulação, estão a Eletroconvulsoterapia (ECT) e a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT).

                              ECT e EMT: diferenças e semelhanças

Os dois procedimentos:

·         são considerados não invasivos;

·         possuem eficácia bem estabelecida para certos transtornos mentais;

·         são aprovados por diversos órgãos reguladores;

·         são disponíveis clinicamente.



Na ECT, eletrodos são colocados sobre o couro cabeludo do(a) paciente e, por meio de uma corrente elétrica entre eles, uma convulsão controlada é induzida no cérebro.

Já a EMT utiliza-se de bobinas que produzem um campo eletromagnético em uma região do cérebro, autogerando uma corrente elétrica que estimula aquela região.

Pelo estado convulsivo, a ECT necessita de anestesia e relaxantes musculares para evitar danos físicos e cognitivos (essa técnica possui um pouco mais de efeitos colaterais), e a EMT não precisa de anestesia, e os efeitos colaterais geralmente são mais leves e menos frequentes a cada nova sessão.


Entretanto, mesmo sem precisar de anestesia na EMT e com o paciente acordado, as duas devem ser cuidadosamente monitoradas por uma equipe médica. (RECCO, Kelen Chancellier Cechinel. Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) ou Eletroconvulsoterapia (ECT)? - https://www.injq.com.br/single-post/estimulacao-magnetica-transcraniana-emt-ou-eletroconvulsoterapia-ect)

 

Podemos perceber que a Estimulação Magnética Transcraniana é menos agressiva, se assim podemos nos exprimir. Logo, os Espíritos lidadores no campo da desobsessão, possuindo capacidade mental muito mais crescida do que a dos encarnados se utilizarão de técnicas que não venham a promover maiores desordens ao organismo do enfermo (obsedado), para tanto, tal como realizam os magnetizadores a modificação das propriedades da água com a força do pensamento a manipular os fluidos, do mesmo modo os Espíritos Bons o fazem na aplicação de passes nos obsedados.

Os desajustes emocionais que observamos nos Espíritos obsessores que se manifestam nas reuniões de desobsessão no Grupo Espírita Semeadores da Paz, Campos dos Goytacazes, RJ, são:

 - Agitação, frustração e mau humor em níveis exagerados (os médiuns precisam de os controlar para que não batam na mesa de forma violenta ou agridam dirigente e doutrinadores com tapas e/ou mordidas, gargalhadas estridentes também são controladas);

 - Sensação de sobrecarga, como se estivesse perdendo o controle;

 - Falta de vontade de estar com Espíritos desencarnados de seus familiares e amigos;

 - Dificuldade em relaxar e sossegar a mente;

 - Sensação de solidão, baixa autoestima.

 

Muitos ao incorporarem nos médiuns reclamam logo de início do porque foram retirados de onde estavam e que aquele lugar não é para eles. Aqui podemos supor que os Espíritos lidadores no campo da desobsessão aplicaram passes com recursos de eletromagnetismo (e até mesmo do eletrochoque, já que há Espíritos obsessores que, por vezes, reclamam de que estão a se lhes dar choques) que os desacoplaram dos obsedados e, então, seus desajustes emocionais vem à tona.

Esperamos ter contribuído mais uma vez para o aprofundamento no estudo de casos de obsessão e as técnicas de desobsessão.

 



 

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