Estudo do livro Nos Bastidores da Obsessão, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco.
Examinando a Obsessão (continuação)
Diante dos esforços que
se conjugam entre o assistente e o assistido, os Espíritos Superiores
interessados no progresso da Humanidade oferecem, também, valiosos recursos que
constituem elementos salutares e preciosos.
Sem tal amparo, toda
incursão que se intente no ministério da desobsessão será improfícua, senão
perigosa, pelos resultados negativos que apresenta.
Um espírito lidador,
devidamente preparado para as experiências de socorro aos obsidiados, é dínamo
potente que gera energia eletromagnética, que, aplicada mediante os passes,
produz distonias e desajustes emocionais no hóspede indesejável, afastando-o de
momento e facultando, assim, ao hospedeiro a libertação mental necessária para
assepsiar-se moralmente, reeducando a vontade, meditando em oração, num
verdadeiro programa evangélico bem disciplinado que, segura e lentamente,
edifica uma cidadela moral de defesa em volta dele mesmo.
Por isso o Mestre,
diante de determinados perseguidores desencarnados, afirmou: “contra esta casta
de Espíritos só a oração e o jejum”, e, após atender às aflições de cada
atormentado que O buscava, prescrevia, invariável e incisivo: “Não voltes a
pecar para que algo pior não te aconteça”.
Comentário de Leonardo Paixão:
É comum haver a interrogação seguinte
sobre a atuação dos Espíritos Superiores em casos de obsessão: Os Espíritos
Superiores não poderiam evitar esses casos de obsessão, onde vemos até crianças
lhes sofrendo as negativas e maldosas importunações?
Primeiro precisamos estar
cientes e bem cientes de que estamos em um planeta de provas e expiações, onde
predomina o mal e, por isso mesmo, os Espíritos aqui reencarnados, são em sua
maioria, conforme a Escala Espírita (O Livro dos Espíritos. n. 100 e
seguintes), da terceira ordem, isto é, “Predominância da matéria sobre o
espirito. Propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões
que lhes são consequentes.
Tem a intuição de Deus, mas não
o compreendem.
Nem todos são essencialmente
maus. Em alguns há mais leviandade, irreflexão e malicia do que verdadeira
maldade. Uns não fazem o bem nem o mal; mas, pelo simples fato de não fazerem o
bem, já denotam a sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal
e rejubilam quando uma ocasião se lhes depara de praticá-lo. A inteligência
pode achar-se neles aliada a maldade ou a malícia; seja, porém, qual for o grau
que tenham alcançado de desenvolvimento intelectual, suas ideias são pouco
elevadas e mais ou menos abjetos seus sentimentos.
Restritos conhecimentos têm
das coisas do mundo espirita e o pouco que sabem se confunde com as ideias e
preconceitos da vida corporal. Não nos podem dar mais do que noções errôneas e incompletas;
entretanto, nas suas comunicações, mesmo imperfeitas, o observador atento
encontra a confirmação das grandes verdades ensinadas pelos Espíritos
superiores.
Na linguagem de que usam se
lhes revela o caráter. Todo Espirito que, em suas comunicações, trai um mau
pensamento, pode ser classificado na terceira ordem. Conseguintemente, todo mau
pensamento que nos é sugerido vem de um Espirito desta ordem. Eles veem a
felicidade dos bons e esse espetáculo lhes constitui incessante tormento,
porque os faz experimentar todas as angústias que a inveja e o ciúme podem
causar.
Conservam a lembrança e a percepção
dos sofrimentos da vida corpórea e essa impressão é muitas vezes mais penosa do
que a realidade. Sofrem, pois, verdadeiramente, pelos males de que padeceram em
vida e pelos que ocasionam aos outros. E, como sofrem por longo tempo, julgam
que sofrerão para sempre. Deus, para puni-los, quer que assim julguem”. (O
Livro dos Espíritos. Escala Espírita. 101. Características Gerais. Terceira
Ordem. Espíritos Imperfeitos)
Este não é um quadro muito
animador do estado evolutivo dos espíritos reencarnados no planeta Terra, no
entanto, pensando sobre os flagelos obsessivos que atormentam a humanidade, este
quadro nos faz compreender do porquê a obsessão é tão presente no cotidiano dos
seres humanos.
Segundo os Espíritos
Superiores não estão desatentos a esses casos, porém, a intervenção humana pode
ser útil a eles. Vejamos:
Em relação a ação dos
Espíritos Superiores, vejamos, por oportuno, na Revista Espírita 1865, esta
fala de Allan Kardec:
Os
Espíritos, como se vê, não são nem inativos nem indiferentes com relação aos
Espíritos sofredores, que é preciso conduzir ao bem; mas quando a
intervenção dos homens pode ser útil, deixam-lhes a iniciativa e o mérito, sob
a condição de secundá-los com seus conselhos e seus encorajamentos.
Portanto, os Espíritos
Superiores não estão indiferentes e inativos, trabalham a favor dos Espíritos
sofredores tentando conduzi-los ao caminho do bem. Deixando a nós, encarnados,
uma participação nesse nobre trabalho. (NETO, Paulo. Obsessão, processo de
cura de casos graves. Belo Horizonte, MG: Edição do autor, 2020. Conclusão)
Agora iremos tentar adentrar no
processo de como “Um Espírito lidador, devidamente preparado para as
experiências de socorro aos obsidiados, é dínamo potente que gera energia
eletromagnética, que, aplicada mediante os passes, produz distonias e desajustes
emocionais no hóspede indesejável, afastando-o de momento...”.
Estudando as técnicas de
desobsessão nos deparamos com um texto do escritor e pesquisador Carlos Bernardo
Loureiro, “Uma Inusitada Técnica de Desobsessão”, em que descreve experiências
do Dr. Carl Wickland nesse campo e que estão descritas também em livro que o Dr.
Wickland deixou a respeito – Trinta anos entre os Mortos. Leiamos a parte
inicial do texto de Bernardo:
A
revista alemã Zeitschruffuer Metapsysche Forshung, do ano de 1932,
veicula uma matéria de autoria do Dr. Carl A. Wickland, psiquiatra
norte-americano autor do livro Thirty Years Among the Dead (Trinta
Anos entre os Mortos), trabalho muito citado como um clássico da literatura
psíquica, editado em 1924 e reeditado, na década de 1970, pela Spiritualist
Press de Londres.
Na citada revista alemã, o Dr. Wickland relata um caso intrigante de obsessão,
em que uma menina (que apresentava uma aparência senil) via-se pertinazmente
assediada por uma velha senhora desencarnada em 1870. “Para nós – elucida o Dr.
Wickland, no preâmbulo do artigo – já não existe mais a pergunta: haverá
realmente uma continuação da vida do Espírito depois da morte? O que devemos
fazer para despertar a Humanidade do seu sono de letargia e convencê-la de que
a vida além-túmulo é um fato. Mais ainda: que a alma dos desencarnados muitas
vezes intervêm nos acontecimentos de nossa vida corpórea.”
Eis os trâmites do caso referido: O médico Dr. S. levou para uma sessão de cura
(desobsessão) no National Psychical Institut, dirigido pelo Dr.
Carl Wickland, uma menina de 12 nos, cujo sofrimento tivera resistido a
todos os tratamentos regulares da ciência oficial.
Havia três anos que essa jovem era inválida, tendo perdido por completo o
domínio sobre os seus membros. Às vezes, passava vários dias em surdez e
absoluto mutismo, do qual ninguém conseguia demovê-la, e apresentava a
aparência de uma velha... O Dr. Wickland, ao constatar que se tratava de um
singular processo obsessivo, empreendeu, em vão, todos os meios persuasivos
para conseguir manifestação do Espírito. Recorreu, então, ao método extremo – choques
elétricos na paciente, “forçando” o afastamento do obsessor, que se
“incorporou” na médium, sua esposa, a Sra. Wickland. (grifo nosso)
Seguem-se as perguntas e respostas, como acontece em sessões espíritas de
doutrinação. O Espírito, após demorado trabalho de persuasão, admite a
realidade da vida espiritual e conta sua história. Fizera parte de uma seita
religiosa, onde prevaleciam a superstição e um profundo fanatismo religioso.
Arrepende-se e pede ao Dr. Wickland que dissesse à menina que nunca mais iria
perturbá-la. Em seguida, despede-se dizendo que ia embora com esta gente
(Espíritos) que se achava ao seu redor...
Daí em diante, a menina (Jennie Brown) começou a transmudar a sua feição
física; ressurge na plenitude e no frescor de seus 12 anos, transbordando de
alegria.
(...)
O
trabalho do Dr. Carl Wickland — embora utilizasse o estranho método do choque
elétrico (uso da eletricidade estática) para “deslocar” o Espírito obsessor — é
notável. Os resultados que obteve, no campo de desobsessão, foram
surpreendentes, livrando um sem-número de pacientes da tristíssima clausura em
manicômios e sanatórios psiquiátricos, onde iriam, inevitavelmente, se
encharcar de barbitúricos. (http://www.telma.org.br/artigos/uma-inusitada-tecnica-de-desobsessao)
Trouxemos essa breve citação
do texto de Carlos Bernardo Loureiro para que observemos que, desde a esfera física
o uso de eletrochoque para deslocar Espíritos obsessores foi usado e temos na
literatura espírita observações a respeito. O articulista Leonardo Marmo
Moreira nos traz a seguinte contribuição:
Na (...)
obra de Manoel Philomeno de Miranda, pela mediunidade de Divaldo Franco,
“Loucura e Obsessão”, há um interessante estudo sobre a correlação entre
Eletrochoque e Choque Anímico, o qual foi desenvolvido pelo Doutor Bezerra de
Menezes. De fato, no Capítulo 11, intitulado “Técnicas de Libertação”, o
admirável médico, juntamente com sua equipe espiritual, explica a Manoel P.
Miranda que o chamado “Choque Anímico” seria semelhante ao “Choque Elétrico”
(também conhecido como “Eletrochoque”), o qual foi amplamente utilizado como
psicoterapia no passado e ainda hoje é empregado em alguns tipos de tratamento
psiquiátrico.
(...)
Segundo
Doutor Bezerra de Menezes, o Eletrochoque desacoplaria o obsessor do obsidiado,
ou seja, geraria uma desvinculação perispiritual entre o Espírito desencarnado,
no caso o vampirizador, e o Espírito encarnado, o qual, nesta situação,
trata-se do ser vampirizado. Portanto, haveria uma separação brusca dos
respectivos corpos espirituais, interrompendo drástica, porém paliativamente, a
simbiose perispírito-a-perispírito. Ressalta-se que tais casos constituem, de
fato, processos obsessivos propriamente ditos, e não apenas leves influências
espirituais negativas, sendo que a maioria destas situações de parasitose
espiritual pode ser classificada como fascinação ou subjugação, em concordância
com a Codificação Kardequiana. Do ponto de vista do corpo material, o
Eletrochoque equilibraria quimicamente as sinapses nervosas, gerando um status
mais saudável de distribuição de neurotransmissores, o que, juntamente com o
afastamento do obsessor, responderia pela melhora temporária dos sintomas.
Assim, por um determinado intervalo de tempo, o paciente adquiriria uma calma
profunda ou até mesmo um quadro de prostração.
(...)
Por
outro lado, o processo obsessivo pode ser eliminado ou minimizado pela mudança
de atitude do obsidiado, se o mesmo modificar sua conduta moral, de maneira que
a eventual ascendência do Espírito perturbador seja atenuada. Realmente, do
ponto de vista do obsidiado, a ocorrência do “Choque Anímico” com o seu
respectivo obsessor também seria uma oportunidade valiosa de autocura, uma vez
que o obsessor poderia dar uma “trégua” em seu processo de simbiose espiritual
durante certo tempo. Isto permitiria uma reforma moral por parte do Espírito
encarnado, fomentando o início de um mecanismo preliminar de “imunização
espiritual” do encarnado em relação ao desencarnado, em função da sua mudança
de faixa vibratória para melhora do habitante da crosta terrestre.
Algo
semelhante ao Eletrochoque provavelmente também ocorreria, pelo menos
parcialmente, no tratamento de passes aplicados a encarnados obsidiados. A
vibração dos passistas (encarnados e desencarnados) – juntamente com o esforço
do recebedor dos passes – geraria uma espécie de “choque fluídico” no Espírito
desencarnado, o qual, mesmo que em menor intensidade, pode ser altamente
eficiente.
Todavia,
é bom que se destaque que, por mais eficaz que o tratamento seja, a médio e
longo prazos a cura definitiva somente ocorrerá a partir de uma melhoria
comportamental geral por parte do obsidiado. Isso fica evidente, por exemplo,
na obra “Missionários da Luz” (André Luiz/Chico Xavier). Nesta obra, no
capítulo 19 intitulado “Passes”, o autor espiritual narra um “caso de décima
vez”, que consiste em uma situação em que um mesmo indivíduo retorna ao centro
espírita para o tratamento de passes, após receber e desperdiçar as
intervenções fluídicas completas por dez (10) vezes consecutivas. O orientador
espiritual do trabalho de passes recomenda então que o paciente receba uma
limpeza psíquica mínima, pois, somente sofrendo as consequências de sua
intemperança espiritual, poderia despertar para uma mudança espiritual mais
efetiva.
(...)
A
analogia entre Eletrochoque e Choque Anímico para uma compreensão do fenômeno
da obsessão e de alguns procedimentos de tratamento desobsessivo, elaborada
pelo Doutor Bezerra de Menezes (“Loucura e Obsessão”), são informações
interessantes para o nosso estudo mais amplo abrangendo relevantes tópicos
espíritas, tais como propriedades do Perispírito, as interações e comunicações
espirituais e mediúnicas, o poder de cura e autocura, as interações
fluídico-ectoplásmicas, a ação das chamadas “barreiras magnéticas”, a interação
espírito-perispírito-corpo físico, entre outros. (MOREIRA, Leonardo Marmo. Eletrochoque,
Choque Anímico e Desobsessão. Revista Eletrônica O Consolador. Crônicas e
Artigos. Ano 5 - N° 229 - 2 de outubro de 2011)
Apesar dos textos acima transcritos,
o Miranda usa o termo “energia eletromagnética”, o que vem a ser diferente de
eletrochoque. Para buscarmos uma compreensão melhor da diferença entre o uso de
eletrochoque feita, conforme pudemos ver no texto de Carlos Bernardo Loureiro
sobre os métodos do Dr. Carl Wickland, vamos trazer aqui sobre diferenças e
semelhanças entre Eletroconvulsoterapia (ECT) e Estimulação Magnética Transcraniana
(EMT).
EMT e
ECT: técnicas de neuromodulação
Os
transtornos mentais resistentes ao tratamento trazem grande sofrimento
ao paciente, tanto pela condição clínica, como pela falta de esperança por não
verem resposta suficiente nos medicamentos usados. Felizmente, outras formas de
terapias podem ser indicadas a esses indivíduos, como a Neuromodulação.
A
neuromodulação é o ato de reorganizar as transmissões de informações do sistema
nervoso. Dentre as técnicas de neuromodulação, estão a Eletroconvulsoterapia
(ECT) e a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT).
ECT e EMT:
diferenças e semelhanças
Os
dois procedimentos:
·
são considerados não invasivos;
·
possuem eficácia bem estabelecida para certos
transtornos mentais;
·
são aprovados por diversos órgãos reguladores;
·
são disponíveis clinicamente.
Na ECT,
eletrodos são colocados sobre o couro cabeludo do(a) paciente e, por meio de
uma corrente elétrica entre eles, uma convulsão controlada é induzida no
cérebro.
Já a EMT
utiliza-se de bobinas que produzem um campo eletromagnético em uma
região do cérebro, autogerando uma corrente elétrica que estimula aquela
região.
Pelo
estado convulsivo, a ECT necessita de anestesia e relaxantes musculares para
evitar danos físicos e cognitivos (essa técnica possui um pouco mais de efeitos
colaterais), e a EMT não precisa de anestesia, e os efeitos colaterais
geralmente são mais leves e menos frequentes a cada nova sessão.
Entretanto, mesmo sem precisar de anestesia na EMT e com o paciente acordado,
as duas devem ser cuidadosamente monitoradas por uma equipe médica.
(RECCO, Kelen Chancellier Cechinel. Estimulação Magnética Transcraniana (EMT)
ou Eletroconvulsoterapia (ECT)? - https://www.injq.com.br/single-post/estimulacao-magnetica-transcraniana-emt-ou-eletroconvulsoterapia-ect)
Podemos perceber que a
Estimulação Magnética Transcraniana é menos agressiva, se assim podemos nos
exprimir. Logo, os Espíritos lidadores no campo da desobsessão, possuindo
capacidade mental muito mais crescida do que a dos encarnados se utilizarão de
técnicas que não venham a promover maiores desordens ao organismo do enfermo
(obsedado), para tanto, tal como realizam os magnetizadores a modificação das
propriedades da água com a força do pensamento a manipular os fluidos, do mesmo
modo os Espíritos Bons o fazem na aplicação de passes nos obsedados.
Os desajustes emocionais que
observamos nos Espíritos obsessores que se manifestam nas reuniões de
desobsessão no Grupo Espírita Semeadores da Paz, Campos dos Goytacazes, RJ, são:
- Agitação, frustração e mau humor em níveis
exagerados (os médiuns precisam de os controlar para que não batam na mesa de
forma violenta ou agridam dirigente e doutrinadores com tapas e/ou mordidas,
gargalhadas estridentes também são controladas);
- Sensação de sobrecarga, como se estivesse perdendo
o controle;
- Falta de vontade de estar com Espíritos desencarnados
de seus familiares e amigos;
- Dificuldade em relaxar e sossegar a mente;
- Sensação de solidão, baixa autoestima.
Muitos ao incorporarem nos
médiuns reclamam logo de início do porque foram retirados de onde estavam e que
aquele lugar não é para eles. Aqui podemos supor que os Espíritos lidadores no
campo da desobsessão aplicaram passes com recursos de eletromagnetismo (e até
mesmo do eletrochoque, já que há Espíritos obsessores que, por vezes, reclamam
de que estão a se lhes dar choques) que os desacoplaram dos obsedados e, então,
seus desajustes emocionais vem à tona.
Esperamos ter contribuído mais
uma vez para o aprofundamento no estudo de casos de obsessão e as técnicas de
desobsessão.
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